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Negócio de Família

Allen e Louis Ginsberg; edição de Michael Schumacher

ANDRÉ RODRIGUES Publicado em 09/03/2012, às 14h31 - Atualizado às 14h33

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Cartas trocadas entre o poeta e o pai dele revelam os bastidores da geração beat

Nem faz tanto tempo assim, a poesia fermentava multidões. O norte-americano Allen Ginsberg (1926-1997) foi um dos responsáveis por colocar – pelo menos por um período – o poeta novamente na praça, discutindo amor, revolução e política. Autor de Uivo e Outros Poemas (1956), ele fez parte da geração beat, que reuniu escritores em torno de um novo modo de fazer literatura – experimental, contra o conformismo, livre, tentando acompanhar o fluxo do pensamento. Filho do professor e poeta lírico Louis Ginsberg (1895-1976), Allen – juntamente com Jack Kerouac, William Burroughs e outros – influenciou o pensamento da contracultura norte-americana nos anos 50 e 60. Editadas em livro pelo pesquisador Michael Schumacher (também autor de Dharma Lion, biografia de Allen), as cartas trocadas entre pai e filho fornecem um abrangente panorama de quatro décadas (de 1944 a 1976) da história política e cultural dos Estados Unidos e revelam as angústias de um artista crucial para o século 20. Negócio de Família também traz esclarecedores prefácios e notas – do próprio Schumacher – e missivas de grande sinceridade e respeito mútuo, com Allen contando, mesmo indiretamente, sobre sua homossexualidade, escancarando as experiências que teve com LSD (“fiquei deitado, ouvindo música e entrei numa espécie de estado de transe”) e recebendo conselhos do pai (“tente não se embebedar”). Mesmo com discordâncias em todos os níveis, os dois poetas tinham uma profunda amizade e uma missão em comum: nas palavras de Louis, ambos almejavam “extrair uma conscientização maior, um entendimento mais profundo e um prazer mais abundante do esplêndido fenômeno da vida”.

Fonte: Peixoto Neto