Chuck Klosterman
Ensaísta norte-americano atualiza clássico da ficção científica
Os textos de Chuck Klosterman versam sobre cultura geral, abordando filmes, música, viagens, esportes e todo o tipo de material que possa render textos instigantes. Com um olhar arguto e provocativo, publica em sites e revistas. Este é o segundo romance dele. Toda vez que um autor experiente e bem-sucedido nos ensaios pessoais pisa no terreno da ficção, a expectativa é grande. Como ele vai manter o pique e engenhosidade de um artigo de não ficção ao longo de quase 300 páginas “totalmente inventadas”? Partindo de uma releitura da história do homem invisível (são citados filmes e a obra de H.G. Wells), Klosterman quase chega lá. Há dois narradores: a terapeuta Victoria Vick e seu paciente “Y_”, um suposto cientista que consegue ficar invisível após vestir uma complexa roupa e usar um creme especial. O livro traz comentários e transcrições das sessões entre “Y_” – que usa o traje para bisbilhotar as pessoas – e Vick. Com um tema repisado pelo mundo pop e poucos personagens, Klosterman consegue proezas. Ele discute voyeurismo, internet, solidão e as músicas dos Beatles com muita desenvoltura e graça. Apesar de certa lenga-lenga na parte final, a narrativa é bem arquitetada e traz algumas reflexões pertinentes para um mundo onde todos tentam ser visíveis, mas parecem jamais se revelarem.
Fonte: Bertrand Brasil