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O Sol na Cabeça

Geovani Martins

Mauricio Duarte Publicado em 19/04/2018, às 01h30 - Atualizado às 01h31

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Geovani Martins - O Sol na Cabeça - Chico Cerchiaro/Divulgação
Geovani Martins - O Sol na Cabeça - Chico Cerchiaro/Divulgação

O Sol na Cabeça é vítima do próprio hype. Após a editora investir em uma campanha de marketing agressiva e incomum para um autor estreante, é inevitável sentir aquele gosto de expectativa frustrada. É um bom livro, mas passa longe de ser a epifania que querem nos fazer acreditar. Não é a “renovação” da literatura brasileira, tampouco aponta caminhos inéditos. Para ficar no mesmo universo, basta lembrar autores como Paulo Lins e João Antônio, cujos trabalhos se situam à frente em termos de qualidade. Apostas editoriais à parte, são 13 narrativas que giram em torno do universo de Geovani Martins: as comunidades do Rio de Janeiro. O convívio do cidadão emparedado entre a polícia e o tráfico, a relação de proximidade com as drogas e o inevitável estranhamento de viver em uma cidade tão desigual – os contos são permeados pelo olhar de medo/culpa da classe média. O autor mostra habilidade para contar boas histórias em seu ambiente, que desperta particular atenção por causa do momento delicado pelo qual passa a cidade. Vale ser lido, mas cuidado com o canto da sereia.

Fonte: Companhia das Letras