Camila Hungria e Renata D’elia
Livro resgata a vida e a arte dos beatniks brasileiros a partir de seus depoimentos
Este livro é um importante registro de um período em que um grupo de “malditos” vagava pelas ruas e esquinas de São Paulo na década de 60. Roberto Piva, Claudio Willer, Roberto Bicelli e Antonio Fernando de Franceschi podem ser considerados os beatniks brasileiros. Para o grupo fortemente influenciado pelo surrealismo, assim como para seus pares norte-americanos, não havia distinção entre poesia e vida – para ser poeta, era preciso viver como um. Isso significava na maioria das vezes exceder os limites do que a sociedade considerava aceitável. Transgressores por natureza, a sua zona de atuação era o espaço urbano e todas as suas possibilidades. Nela, organizavam shows de rock, feiras de literatura ou viajavam de ácido nos locais mais remotos da metrópole. O livro é centrado em Piva, o mais notório entre eles, mas não tem uma narrativa propriamente dita. É composto por declarações dos principais agentes do movimento, além de personagens periféricos, mas que se envolveram com aquele ambiente. O trabalho cuidadoso de pesquisa das autoras dá um sentido cronológico aos depoimentos. Ainda há uma seção com uma seleção de poemas de cada autor.
Fonte: Azougue