Fernando Morais
Autor narra a história real de espiões cubanos infiltrados nos Estados Unidos
A figura do jornalista Fernando Morais, com sua barba espessa e um charuto sempre aceso na mão, causa arrepios entre aqueles que se dedicam a enterrar o comunismo. Alinhado com pensamentos da esquerda e autor tanto de biografias (Olga, Chatô, O Mago) como de livros de reportagem (Corações Sujos), ele virou best-seller na década de 70, principalmente quando publicou A Ilha, em que relatava como era viver na Cuba idealizada por Fidel Castro e seus revolucionários. Portanto, soa natural observar que muitos não acreditem na imparcialidade deste livro jornalístico que traz a história de 14 agentes – 12 homens e duas mulheres – infiltrados nos Estados Unidos pelo governo cubano na década de 90. Esses espiões formavam a Rede Vespa, responsável por monitorar e sabotar diversas organizações anticastristas que tinham sede em Miami. Com o colapso da ex-União Soviética, Cuba teve que se abrir para o turismo e assim tentar cobrir o rombo causado pelo fim da ajuda dos falidos russos. Foi a senha para que exilados cubanos na Flórida e outros inimigos da ilha caribenha aterrorizassem ainda mais Havana e arredores, colocando bombas em hotéis, disparando rajadas de metralhadoras em praias e jogando panfletos pedindo para a população se rebelar contra o governo. Morais juntou fotos, documentos e fez diversas entrevistas para montar um painel das relações (ou a falta delas) diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Além de ser uma boa incursão nas redes de espionagem dos dois países, o livro consegue com competência contar o drama da diáspora cubana e o cotidiano violento e mafioso de alguns anticastristas. Por fim, mesmo elegendo fiéis defensores de Fidel como seus mocinhos, Morais também abre espaço para muitos personagens picharem o comandante barbudo.
Fonte: Companhia das Letras