Moby
Vinda de um artista da música, essa autobiografia tem um diferencial: Moby não contratou um escritor. Ele mesmo colocou tudo no papel. E o resultado é sincero, autodepreciativo, muitas vezes engraçado e outras triste e reflexivo. A história central já é um tanto curiosa: um rapaz franzino, abstêmio e cristão que sonha em ser DJ na noite suja e intensamente drogada de Nova York no final dos anos 1980/início dos 1990. É fácil sentir-se próximo do autor, desde os tempos em que ele vivia em uma fábrica abandonada (sem banheiro próprio) até um momento de glória no festival Lollapalooza (quando, depois de se apresentar nu, foi cumprimentado por Perry Farrell com um aperto no pênis). Essa afinidade não nasce por causa de suas desventuras ou de seu fracasso seguido de sucesso seguido de fracasso. Moby pontua as lembranças com contemplações mundanas, singelas e naturais para uma pessoa “comum”, mas distantes da pose que muitos mantêm diante do show business. O livro acaba quando o músico está trabalhando em Play, que o transformaria em um mega-astro em 1999, e só o que queremos é continuar sabendo mais sobre esse cara – um cara legal, que fez músicas muitíssimo legais e que escreve de um jeito tão legal quanto.
Fonte: Intrínseca