Nelson Motta
Livro sobre cineasta divide opiniões a respeito de veracidade de informações
Glauber rocha entrou para a história como o diretor que inventou uma maneira de se fazer filmes no Brasil. Coube a ele a tarefa de chamar a atenção para a importância da dramaturgia, dos temas, dos argumentos que privilegiassem os personagens do povo e suas contradições. Com o esgotamento
dos polos cinematográficos de São Paulo e Rio de Janeiro na década de 60, representados pela Vera Cruz e Atlântida respectivamente, Glauber deixou de lado os aparatos da “máquina de fazer sonhos”, e passou a filmar em locações com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, o lema do Cinema Novo. O nascimento deste vulcão criativo, libertário e falastrão, que virou mito e ajudou a moldar a cultura brasileira, é o tema do livro de Nelson Motta, que fez um recorte dessa trajetória, desde o nascimento até os 25 anos, quando Glauber se consagrou no Festival de Cannes com o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Motta baseou-se em entrevistas com a mãe de Glauber e com os amigos de primeira hora, como João Ubaldo Ribeiro, Calazans Neto, Orlando Senna, Helena Ignez, entre outros, e acabou contestado por personagens citados e não ouvidos. Além disso, os reclamantes apontam no livro erros factuais, trocas de nomes de personagens e argumentam que a edição deveria ser recolhida. As críticas são válidas, mas não se pode negar o mérito da pesquisa.
Fonte: Objetiva