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Rum: Diário de um Jornalista Bêbado

Hunter S. Thompson

ANDRÉ RODRIGUES Publicado em 09/09/2011, às 11h30 - Atualizado às 11h55

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Rum: Diário de um Jornalista Bêbado
Rum: Diário de um Jornalista Bêbado

Ficção de “mestre gonzo” é uma jornada ao coração das trevas de Porto Rico

O jornalista e escritor Hunter S. Thompson (1937-2005) passou a vida tentando nos explicar o fracasso do tal “sonho americano”. Para nosso azar, ele desistiu da empreitada ao se matar com um tiro nos cornos. Porém, teve a generosidade de deixar um tesouro inestimável como legado. Suas reportagens e livros formam hoje o que de melhor a literatura norte-americana de não ficção produziu na segunda metade do século passado – em especial Medo e Delírio em Las Vegas, clássico do jornalismo gonzo, em que autor e objeto se misturam de maneira psicodélica. Este Rum..., porém, pertence à categoria de ficção. Escrito nos anos 60, mas publicado apenas em 1998, parte das reminiscências de Hunter Thompson quando ele trabalhou no Caribe. Conta – em primeira pessoa – a história de Paul Kemp, um sujeito na faixa dos 30 anos que, no final da década de 50, vai trabalhar no San Juan Daily News, em Porto Rico, um jornaleco à beira da falência que atrai “todos tipos de cancros venéreos em forma humana”. Enquanto se encharca de rum e suor, realiza entrevistas com emissários do imperialismo ianque, tenta buscar alguma paz de espírito ao nadar pelado e mergulha fundo no carnaval da ilha de São Tomás. A ação incessante revela um texto lotado de violência e personagens que cospem ofensas em diálogos curtos. As descrições de Porto Rico são vívidas e assustadoras, como se estivéssemos lendo as dicas de algum guia turístico do inferno. Sem nenhum idílio, Rum... é um relato acachapante e sarcástico sobre a perda de ilusões.

Fonte: L&PM Pocket