Dirigido por Eugênio Puppo
Cinco anos de trabalho, entre a pesquisa e a finalização, resultaram em um dos documentários mais contundentes sobre justiça (ou a falta dela) no Brasil. De acordo com depoimentos de presos, ex-presos, delegados, advogados e professores de direito, o judiciário brasileiro tem seus problemas amplificados
por outras instâncias, como a segurança pública e o sistema penitenciário. Idealizado por Eugênio Puppo e pela advogada Marina Dias, o longa mostra a bomba-relógio que é essa trinca de sistemas que não se conversam e explica o surgimento de facções criminosas e até mesmo a predileção por um estereótipo na hora de prender e julgar uma pessoa como culpada por um crime. Sem Pena explicita, ainda, o ciclo interminável que é o aumento da violência, proporcional ao aumento da população carcerária – terceira maior do mundo. Enquanto um artista plástico revela que foi preso por engano e, mesmo assim, cumpriu a pena, outra presa conta que a revolta causada pelas más condições de presídios alimenta a ira de quem está lá dentro. A famosa frase “faculdade do crime” é repetida diversas vezes pelos entrevistados,e a lenta edição propõe momentos para a reflexão.