André de Leones
Autor se destaca com narrativa fragmentada e bons personagens
Complexo e estruturado de uma forma sedutora, o novo romance do goiano André de Leones o confirma como um dos melhores escritores da atual literatura brasileira. Este quarto romance dialoga com a política feita em Brasília, a violência das ruas, a fragmentação do núcleo familiar e a busca incessante por um lugar no mundo. Dividido em cinco partes, conta diversas histórias que se cruzam. Há Arthur, que precisa lidar com a morte do filho enquanto assessora um senador metido em escândalos; Aureliano, um policial dividido entre assassinatos e a doença da mulher; Marcela, uma escritora com passagem por uma clínica de reabilitação. Em comum, além de distantes laços de sangue, os personagens parecem procurar a ideia de uma vida paralela desprovida de dor e de perda. Todos são assombrados pela morte, pelo fim de algo, pelo fantasma da fatalidade que hoje parece rondar o tal mundo globalizado. Um mantra persegue cada página: o que pode haver em uma casa? São todas vazias, no fim das contas. Tanto a dinâmica divisão temporal da obra quanto a sagacidade do discurso do autor nos levam para uma leitura prazerosa, recheada de dilemas contemporâneos e encantamento.
Fonte: Rocco