Contando com Jessica e Ashlee, Justin Bieber, Dominick, o Burro e mais das piores músicas de Natal
ROLLING STONE EUA: David Browne | Jon Dolan | Brenna Ehrlich | Maria Fontoura | Joe Gross | Kory Grow | Angie Martoccio | Rob Sheffield | Liza Tozzi Publicado em 24/12/2021, às 12h30 - Atualizado em 25/12/2022, às 13h52
Chegou aquele tempo do ano - aquela época muito especial na qual você não pode entrar em uma loja sem ouvir "Toca o Sino", ou ser bombardeado por Paul McCartney te desejando um "Wonderful Christmastime." Todo artista, depois de lançar mais de dois discos, eventualmente tenta uma música de Natal. A quantidade de faixas incríveis por aí é sufocante.
Mas, com toda esse energia da deusa Yule, vem muita porcaria de Yule. Nossa lista das piores músicas de Natal vem com versões psicóticas de esquartejamento de amados clássicos, tentativas horríveis de novas modas, novos tons ultrajantes, e mais. Na festa de Natal do inferno, isso estaria tocando. Tudo o que falta é seu tio beberrão gritando na sua cara sobre como a eleição foi roubada. Feliz Natal!
Em 1967, Stevie Wonder, com meros 17 anos e já era um talento incrível em Motown - isso se já não fosse uma lenda - lançou o oitavo disco (em cinco anos!), Someday At Christmas, no qual estava essa melação, cantada por Wonder com uma voz digna da estrela no topo da sua árvore. Não era exatamente o som dos jovens, a música mal funcionou quando as Supremes a cantaram dois anos antes. Aqui, um som exausto, um Stevie indiferente e cordas meladas basicamente a transformaram num mingau. - J.G.
A maneira como se escreve é só o primeiro motivo para lamentar. "É chato, é chato - o mesmo todo ano," lamenta-se um elfo quando a faixa começa. Então, os NKOTB decidem mudar isso. Infelizmente, refazer o Natal, para eles, significa um coro bastante sem alegria, uma faixa de baixo evocando, bregamente, "Another One Bites the Dust," e partes de rap nas quais eles tentam ser os tão inteligente Beasties ("joga a mão pro alto... Pausa... Faça algo, Papai Noel!") enquanto nos faz ansiar pelo conhecido. O equivalente de Charlie Brown levar uma pedrada é o solo de bateria de Donnie Wahlberg. - D.B.
São só três minutos, mas parecem 30. Nesses aparentemente intermináveis 180 segundos, o quinteto a capella Pentatonix descrevem uma cena pacífica e incrível - uma lareira bem acessa, meias penduradas, uma "boa e velha árvore de Natal" - mas apenas com a voz deles, em uníssono, fica chato rapidamente. Fora um verso no qual "Santa vem e me acorda dos meus sonhos" (e isso é meio superficial), a música, escrita pelo barítono do grupo, Scott Hoying, e o percussionista vocal, Kevin Olusola, não tem narrativa, e nem algo a ansiar. Se isso é Natal para eles, podemos dizer que receberam muita meia e velas do Papai Noel. - K.G.
O que é mais perturbador: um Justin Bieber de 17 anos cantando a palavra "decadente", ou o fato dele mandar um cartão de natal para a namorada e assinar "Justin Bieber"? Ela precisa correr para o mais longe possível daquele visco. Bieber teve vários momentos cringe durante os anos, mas "Mistletoe" faz "Peaches" soar como "Stairway to Heaven." - A.M.
Eles tinham uma boa intenção, lançar uma música de Natal no nosso primeiro (e, talvez, não último) período de festas na pandemia. Até escreveram uma melodia bonita-demais-para-eles para acompanhar, e a envolveram em uma gazer da Trans-Siberian Orquestra. Mas o resultado ainda é sombrio e sujo, como os outros hits deles, e um verso sobre "decoração barata e alegria flavorizada" evoca as tristes festas de escritório. Pelo menos tão tentaram fazer um rap em cima, ou cantar um reggae. - D.B.
"Eu Vi a Mamãe Beijar Papai Noel" é completamente uma música zoada. Vamos montar a cena: uma criança desperta com o som das renas sapateando no telhado. Tem um barulho na chaminé. Será...? Pulando da cama, o pimpolho corre até a sala de estar, e... Sim! Sim! É verdade! Ele é de verdade! Santa é de.... calma, espera aí! Tire as luvas da minha mãe, seu alegrão destruidor de lares!
É um doce sonho de Natal e um trauma horrível e para a vida toda inserido em um apagão de inocência com pedal duplo. Quando surgiu no disco de 1970 dos Jackson Five, essa versão da música - cantada por uma criança de verdade - era simplesmente assustadora. E dadas as alegações de abuso sexual contra Jackson, agora foi essencialmente taxada como "inouvível." - J.D.
Em 1987, o superprodutos Jimmy Iovine reuniu um esquadrão de elite de estrelas do rock e pop para o disco A Very Special Christmas, a favor da Anistia Internacional; de Bruce Springsteen cantando "Merry Christmas Baby" às Pretenders arrasando com "Have Yourself a Merry Little Christmas", ao Run-Dmc tocando os sinos pequeninos no clássico "Chstimas in Hollis." O disco envelheceu bem, no geral, mas algumas faixas envelheceram como gemada; a principal sendo o ataque de Bon Jovi à Clarence Carter na clássica "Back Door Santa." Os garotos de Jersey pegaram uma faixa bem vivaz e transforaram em uma atrocidade do hair-metal. Carter soa como se estivesse se esgueirando pelas escadas do fundo. Jon Bon Jovi parece trabalhar com uma escavadeira. - J.D.
Às vezes, são as pequenas coisas que nos lembram o verdadeiro significado do fim do ano. Como ouvir uma música no carro e se perguntar se deve se jogar pela janela, ou atear o carro inteiro em fogo. "The Christmas Shoes" é um conto de arrancar lágrimas de um garoto na véspera de Natal quem quer comprar um par de sapatos chique para a mãe moribunda. O pequenino explica: "Quero que ela esteja bonita se mamãe conhecer Jesus hoje!" (Quanto de Esquadrão da Moda a mãe essa pobre criança é obrigada a assistir? Jesus não é exatamente o Louboutin do Natal - ele nasceu num celeiro! Sapatos nem existiam ainda!) quando o coro começa a cantar junto, é um milagre enjoativo de Natal. - R.S.
Quando você canta “The First Noël” na missa de Natal, na véspera de Natal, parece bem inocente: melodia legal, e fácil de murmurar junto quando não sabe a letra. Essa é, exatamente, a fonte do mal. A melodia exultante é um cavalo de Tróia para a qual é, provavelmente, a pior letra da história dos feriados: "Precisava assegurar as suas pobres ovelhas no campo enquanto dormem/em campos no qual deita e mantém as ovelhas / numa noite de inverno fria e profunda." Sério? "Precisava assegurar as suas pobres ovelhas no campo enquanto dormem?" uma "noite inverno fria e profunda?" Faça melhor, fazendeiro do Século 13 que escreveu essa m*rda. Parece uma letra de rascunho que decidiram manter porque a sessão ficou grande demais e eles não queriam pagar mais para a banda. Combinando com a origem anciã de "The First Noël", Groban pega cada verso idiota e o estica como se as vogais travassem uma batalha medieval. - J.D.
Em "Hark! The Herald Angels Sing," baseado em Lucas 2:11-18, uma horda de seres infinitos e imortais aparece para humildes pastores e anunciam a redenção de toda a raça humana. Gravações do hino normalmente refletem o momento de esperança e alegria eletrizantes no poder deles. Weezer conseguiu transformar isso em 1:32 do power pop poker-face deles. Mas o que funciona quando você canta músicas irônicas e pegajosas sobre half-pipes e garotas da Califórnia não funciona tão bem quando se oferece benção a um fofo bebê Jesus. É mais como algo que você só ouve se está preso no trânsito, se muito. Só você, Rivers - J.G.
Hora de se reunir em volta da lareira, crianças: Justin, JC, Joey, Chris, e Lance têm algumas lições para vocês sobre o que aprenderam do verdadeiro significado do natal. 'Nsync conseguiu um hit em 1998 com Home for Christmas. "Nunca Soube o Significado do Natal" ("até olhar nos seus olhos") é a fa-la-la-la-lácia do romance adolescente. "Olhando para trás, na infância / não acredito no meu jeito idiota", canta Justin Timberlake. "Pensei que Natal vinha só das lojas." Mas aí ele conhece uma menina especial, quem ensina para ele sobre o que realmente são trenós e músicas. Britney não comentou. - R.S.
Praticamente qualquer versão desse clássico do clube do coral é uma tortura: quatro notas repetidas de novo e de novo até o meio de janeiro. É tipo: "Ok, a gente entendeu: sinos de Natal, com certeza fazem ring, ding-dong, ding-dong. Vamos continuar, vamos?" A única desculpa para "Carol of the Bells" é quando uma banda de metal toca - como Metallica provou, precisamos de headbangers para fazer justiça à repetição e brutalidade. Mas, por algum motivo, cantores pop amam mostrar o lado sério com esta. LeAnn Rimes ding-dong ela mesma em um estupor, soando como se tivesse ficado presa no campanário poor tempo demais. - R.S.
Qual tipo de maluco acha que um terrorista adolescente e um Papai Noel vingativo virariam uma boa música de Natal? Brandon Flowers, aparentemente. Com uma produção digna de A Christmas Gift for You, e umas dedilhadas espertas, o single dos Killers para o Natal de 2007 deveria ter sido muito melhor. No lugar disso, Flowers e Cia. escreveram uma tragédia adolescente à la Dexter na qual o Bom Velhinho quer alvejar o protagonista, auto-descrito como "garoto de vida boa", quem também admite atirar em "crianças do quarteirão dele." Uma parte dos lucros destinava-se ao Product Red AIDs, caridade de Bono, mas isso não compensa o desastre. Atira nele, Papai Noel. Por favor. A gente compra as balas. - K.G.
Italianos nos presentearam com itens incríveis: Ferraris, Valentino, Morricone. Mas "Dominic the Donkey" - uma balada antiga gravada em 1960 pelo ítalo-americano Lou Monte (né Scaglione) - é um esforço para o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. É a prima espirituosa da "Dança da Galinha", e de alguma maneira é duas vezes mais irritante e sem nada do charme do Mundo Antigo. A violência astral inclui a repetição do refrão "irrá! irrá!", completo com uma buzina estridente e um coro de "la-la-la-la", aparentemente cantado pelos Smurfs. Papai Noel usa o "burrico italiano do Natal," explica a faixa, para visitar os "caipiras" na Itália, porque as renas não sobem barrancos. Essa é a música de Natal equivalente ao "Shaddap You Face" de Joe Dolce. Ouça uma vez, você nunca mais desouve. Feliz Natal, amici! - M.F.
Levou uns duzentos anos para alguém inventar o conceito de "cansar o Papai Noel até ele parar na Emergência em troca de brinquedos," mas, sério, deixem o pobre homem em paz. Sr. Klaus fica ocupado o ano inteiro engraxando o trenó, checando as listas, arreando as renas. A última coisa que esse velhinho bochechudo precisa é se defender das sedentas e interesseiras "Baby Noel" se atirando nele. Desde quando Madonna reviveu o há-muito-esquecido clássico de Eartha Kitt em A Very Special Christmas, filme de 1987, virou certeiro no feriado. The Pussycat Dolls fizeram a redenção mais exagerada, bufante e arfante para fazer o bom velhinho entrar na chaminé esta noite. - R.S.
Nada parece com o Natal como matricídio. Essa música do final dos anbos 1970 é, sem dúvidas, uma das mais sombrias do mundo dos cantos, com letras sanguinolentas detalhando as "marcas de ferradura na testa dela" e "marcas incriminadoras de Noel nas costas dela." Os vocais alegres formam uma contraposição sinista, mais adequada ao Halloween do que aos Felizes Dias. É a época para ruminar sobre a mortalidade. - B.E.
Se você pudesse julgar a má-qualidade de uma música pela quantidade de conteúdo irritante que inspirou na internet, "Baby, It's Cold Outside" é claramente a pior canção de qualquer tipo gravada na história. Mas, mesmo se você não acha o dueto amplamente regravado de Frank Lesse algo "invasivo", as linhas subjetivas e coersivas são difíceis de esquecer, particularmente a sempre-citada passagem: "Diga, o que tem nesse copo?"
A maneira de fazer a música funcionar é criar um sentimento de conversa morna que transcede a vibe acidentalmente assustadora. A versão de Seth MacFarlane com a pobre Sara Bareilles definitivamente não tem esse fator. A imitação dura e bajuladora de Dean Martin vai além do desconforto problemático para chegar num tom raro de apatia sociopata - e cumpre o pequeno, porém essencia, papel de fazer do inverno um pouco mais feio. - J.D.
Band Aid é um nome bom para um grupo majoritariamente branco, majoritariamente de celebridades ricas, cantando presunçosamente sobre colonialismo, esteriótipos racistas, e ineptude geográfica para rapidamente "alimentar o mundo." Por favor, não diga como eles tinham boa intenção; pois disso, o caminho para o inferno está cheio. Você talvez conheça a história de fundo: Bob Geldof viu um documentário da BBC sobre a fome na Etiópia; ele e Midge Ure decidiram escrever uma música. Caras famosos como Sting, Bono, George Michael e Paul McCartney atenderam ao chamado, e desde 1984, "They Don't Know It's Christmas" aparece na época do Natal. Claro, levantaram uma grana, mas até Geldof a chama de uma das duas "piores músicas da história." (A outra, como disse ao Australian Daily Telegraph em 2010, é outro supergrupo de caridade: "We Are The World.") - L.T.
Teste rápido: você é John Lennon? Não? Não achei que seria. Você é Yoko Ono? Também não! Porque não é. A próxima deve ser fácil: em qual planeta você está qualificado a refazer o clássico “Happy Xmas (War Is Over)”? Não neste, Adam Levine. O vocalista do Maroon 5 tenta cantar as partes de John e Yoko sozinho, uma ego trip de Plastic Levine Band, e o resultado não é bonito. Cantem comigo, crianças: "e o mundooooo vai ser uma b*sta!" - R.S.
Você já ouviu falar da Guerra ao Natal? Essa música é a ruina da Lusitânia, a atrocidade que fez com que, antes pacíficos cidadões, decidissem que a guerra seria uma boa ideia. "The Little Drummer Boy" estaria em primeiro nessa lista sem importar quem interpreta, até mesmo lendas como Joan Jett ou Bob Seger - absolutamente, a desgraça das músicas de Natal. Mas Jessica e Ashlee Simpson colocaram todo o poder de irmãs nisso, como se dissessem: "Você acha isso horrível? Espera ai!" Cada "pã-rã-pam-pam-pam" é mais uma gota na tortura chinesa da música delas. Todo respeito às Simpson por fazer todas as outras versões de "Little Drummer Boy" por aí parecerem boas. Natal, você escolheu a violência. - R.S.