Lista focada em subgêneros ligados às vertentes mais clássicas do estilo apresenta discos de grupos menos conhecidos dos fãs brasileiros no geral
Publicado em 11/01/2023, às 10h44
Quase todo fã de rock reclama que falta renovação no cenário ao mesmo tempo em que não dá atenção para as jovens bandas que almejam o sucesso. É compreensível a postura mais saudosista, visto que hoje em dia não há tantos novos grupos em destaque, mas isso não significa que eles não existam. Eles estão por aí, aos montes, lançando bons álbuns e apenas esperando que você os descubra.
A lista a seguir visa apresentar 8 bandas de rock pouco conhecidas que disponibilizaram trabalhos interessantes ao longo de 2022. Apesar da brincadeira no título, pode ser que você conheça alguma(s) ou mesmo todas, mas há de se concordar que são nomes distantes do chamado mainstream. O foco está em registros derivados de ramificações mais clássicas do rock - também há muitos grupos fazendo bonito em subgêneros alternativos, contudo, não é o objetivo abordá-los nesse artigo específico.
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São muitas as histórias de irmãos que formaram bandas de rock e se deram bem: AC/DC, Oasis, Kings of Leon, Stooges e por aí vai. Mas poucos deles são gêmeos. Esse é um dos elementos diferenciais do The Moon City Masters, duo formado pelos nova-iorquinos Jordan (baixo e voz) e Talor Steinberg (guitarra e voz).
A sonoridade remete ao hard rock setentista de nomes como Deep Purple, Humble Pie e Grand Funk Railroad. Ao mesmo tempo, há muito groove e pitadas de funk/soul, além de harmonias vocais muito bem feitas. O álbum The Famous Moon City Masters é, na verdade, uma compilação de singles lançados pelos músicos ao longo dos últimos meses. Ainda que não soe como um disco de conceito fechado, as canções são boas - é o que importa.
Ainda que acumule mais de 1,2 milhão de ouvintes no Spotify,Dorothy prticamente não é conhecida no Brasil. A banda formada pela vocalista Dorothy Martin é uma das apostas roqueiras da gravadora Roc Nation, de Jay-Z.
Nos primeiros trabalhos, flertou com o alternativo e com o rock setentista do sul dos Estados Unidos, mas Gifts from the Holy Ghost, seu terceiro disco, apresenta uma sonoridade mais encorpada. O som é ligeiramente mais pesado e os timbres estão bem robustos, ainda que ancorado no hard rock. Funcionou bem, especialmente porque as músicas são grudentas e facilmente cantaroláveis, além de Martin ser uma grande cantora.
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Vencedor de três prêmios Grammy na categoria de Melhor Álbum Contemporâneode Blues,Fantastic Negrito é a verdadeira representação de que não vale a pena se estagnar artisticamente. Cada disco lançado pelo artista cujo nome real é Xavier Amin Dphrepaulezz soa diferente de alguma forma.
White Jesus Black Problems, quinto lançado sob o pseudônimo, é conceitual e acompanha um filme homônimo que reflete sobre escravidão, racismo e as origens familiares do músico. Rock, soul, funk, gospel, R&B, ritmos africanos e até country são misturados com classe e sem bagunça. Tudo amarrado e com performances individuais espetaculares.
Se é difícil rotular o som do Cardinal Black, é fácil perceber as influências. Liderada pelo fenômeno virtual da guitarra Chris Buck – que se destaca junto do ótimo cantor Tom Hollister –, a banda formada no País de gales insere fortes doses de gospel e soul music a seu rock que flerta com blues, hard rock contemporâneo e até rock alternativo.
Tudo isso se une a uma abordagem autoral melancólica que faz de January Came Close, seu álbum de estreia, um excelente item para acompanhar qualquer momento de “sofrência”.
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Provando novamente que música boa é algo que pode vir de família, o Larkin Poe reúne as irmãs Rebecca (voz e guitarra) e Megan Lovell (slide guitar) em uma das iniciativas mais únicas do blues contemporâneo. Seja pela performance sóbria de Rebecca, seja pela habilidade incrível de Megan no slide, não há outra banda como essa no mundo atualmente.
Por isso, tomara a sábia decisão de não mudar tanto a sonoridade em Blood Harmony. O novo trabalho soa como os antecessores diretos, o que é ótimo, pois tal sonoridade precisa ser cada vez mais explorada - ainda mais no formato “ao vivo em estúdio”, que deu fôlego extra a algumas composições por aqui.
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Se tem irmãos nessa lista, por que não primos? Formado em Nashville por Landon Milbourn (voz), Tyler Baker (guitarra) e Brandon Qualkenbush (baixo e guitarra), o Goodbye June bebe diretamente do rock típico do sul dos Estados Unidos, o chamado southern rock, mas sem abdicar de referências mais contemporâneas que apareceram mais em seus trabalhos anteriores.
See Where the Night Goes, seu quarto álbum, é mais guiado pelo rock clássico e às vezes até esbarra na fácil influência do AC/DC, o que o torna um pouco mais previsível que seu antecessor, o excelente Community Inn (2019). Ainda assim, há ótimos momentos nesse disco. Geralmente os êxitos vêm quando fogem do óbvio e quando deixam Landon Milbourn roubar os holofotes com sua voz tão diferenciada.
O Children of the Sün se diferencia das várias bandas de retro rock surgidas nos últimos anos ao mostrar uma rara consciência melódica. Pode ser fruto do país de origem: a Suécia, onde culturalmente a música pop se tornou muito forte nas últimas décadas.
Em seu segundo álbum, Roots, o grupo acerta ao aliar as boas sacadas melódicas a um rock claramente influenciado pela psicodelia do fim da década de 1960. Os holofotes estão todos em cima da incrível cantora Josefina Berglund Ekholm, dona de uma voz que causa arrepios logo nas primeiras notas.
O som de Marcus King, uma das maiores promessas do blues rock atual, mudou bastante desde que começou a ser moldado por Dan Auerbach, líder do The Black Keys que produziu seus trabalhos mais recentes. Disponibilizado através dos selos American Records/Republic Records, de Rick Rubin, Young Blood segue com o que foi iniciado em El Dorado (2020) ao unir novamente blues e southern rock com uma pitada tipicamente garage, mas de forma ainda mais coesa.
Pode ser reflexo da recém-adquirida sobriedade do jovem e talentoso músico, que venceu o alcoolismo e agora soa mais focado especialmente nas performances vocais, já que sempre foi imbatível na guitarra. Fato é que King parece estar apenas esperando o momento para estourar de vez. Que seja agora!
A playlist a seguir apresenta músicas de vários bons álbuns de rock lançados em 2022. Todas as bandas citadas nesse artigo estão presentes na compilação virtual, além de diversos outros grupos, famosos ou não.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.