A banda de rock que Eddie Vedder odeia: “tão vazia”
Vocalista do Pearl Jam revelou sentimentos negativos por forma como os músicos em questão se comportavam e tratavam as mulheres
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 13/02/2025, às 16h58
Quando surgiram na década de 1990, o Pearl Jam e outras bandas de grunge foram interpretadas como uma “reação” ao chamado hard rock oitentista, conhecido também como glam metal ou, de modo mais pejorativo, hair metal. Curiosamente, diversos músicos do então “novo” movimento eram fãs de seus antecessores diretos. Não era o caso de Eddie Vedder.
Apreciador de nomes como The Who e Bruce Springsteen, o vocalista do Pearl Jam já fez até uma crítica pública a um dos nomes mais populares do glam metal: o Mötley Crüe. Em entrevista de 2022 ao jornal The New York Times (via site Igor Miranda), o cantor definiu o quarteto formado à época por Vince Neil (voz), Mick Mars (guitarra), Nikki Sixx (baixo) e Tommy Lee (bateria) como “vazio” e declarou odiá-los.
O comentário destacou, em especial, uma música controversa do Crüe. Faixa-título do álbum lançado em 1987, “Girls, Girls, Girls” versa sobre strippers, com referências diretas a casas de entretenimento adulto como a Dollhouse (em Fort Lauderdale) e a Tattletails (em Atlanta). Vedder afirma:
“Eu trabalhava em uma casa noturna de San Diego carregando equipamentos. Acabava vendo shows que não assistiria caso pudesse escolher. Eram aqueles grupos que monopolizaram a MTV no final dos anos 1980, bandas de metal que eu desprezava, para dizer o mínimo. ‘Girls, Girls, Girls’, do Mötley Crüe, odiava aquilo. Odiava como os caras se comportavam. Odiava como tratavam as mulheres. Parecia tão vazio.”

Na opinião do frontman do Pearl Jam, apenas um nome daquela cena “tinha alguma credibilidade pelo menos”: o Guns N’ Roses. Ainda assim, ele acredita que as mulheres recebiam melhor tratamento na cena alternativa, especialmente em Seattle, berço de sua banda e de vários outros nomes do grunge.
“O Guns N’ Roses apareceu e, graças a Deus, pelo menos tinha alguma credibilidade. Mas uma coisa que eu admirei foi que em Seattle e no público alternativo, as garotas podiam usar seus coturnos e suéteres. Seus cabelos pareciam com Cat Power e não com Heather Locklear [atriz e sex symbol dos anos 1980 que, curiosamente, foi casada com Tommy Lee], nada contra ela. Não estavam se vendendo, podiam ter uma opinião e serem respeitadas. Foi uma mudança que perdurou. Parece tão banal, mas antes disso era bem diferente. A única pessoa que usava um bustiê nos anos 1990 que eu admirava era Perry Farrell [vocalista do Jane’s Addiction].”
Nikki Sixx rebate Eddie Vedder
À época, a fala de Eddie Vedder repercutiu bastante. Chegou até mesmo a Nikki Sixx, que, além de baixista, é o líder e principal letrista do Mötley Crüe. Incomodado com a declaração do colega de profissão, o músico recorreu ao X/Twitter para rebater:
“Ler o quanto o cantor do Pearl Jam odeia o Mötley Crüe me fez dar risada hoje. Agora, considerando que eles são uma das bandas mais chatas da história, isso é meio que um elogio, não é?”

Colocando panos quentes na situação, o guitarrista do Pearl Jam, Stone Gossard, disse em entrevista à Revolver (via Loudwire) que boa parte dos integrantes de sua banda gostam do Mötley Crüe. A opinião negativa era apenas de Eddie Vedder.
“Jeff [Ament, baixista], Mike [McCready, guitarrista] e eu amávamos hard rock, vivemos aquela época. Comprei o primeiro disco do Motley Crüe na edição original, da Leathür Records. Eles tinham a mesma energia cru do punk, parecia o Motörhead. Também gostava da vertente inglesa do estilo, era rebelde, contra as normas, me interessava.”
Pearl Jam e Mötley Crüe
Felizmente, a treta não teve outros desdobramentos e cada banda seguiu sua vida. O Pearl Jam segue em turnê promovendo seu álbum mais recente, Dark Matter (2024). Por sua vez, o Mötley Crüe rompeu com o guitarrista Mick Mars e trouxe John 5 (Rob Zombie, Marilyn Manson) para sua vaga. No fim de 2024, lançaram o EP Cancelled, com as primeiras faixas ao lado do novo integrante.
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