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Música / Crítica

A crítica de Charles Gavin à forma como universidades tratam a música brasileira

Reflexão foi feita pelo baterista dos Titãs após Universidade de Salamanca, na Espanha, conceder título de doutor honoris causa a Caetano Veloso

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 23/09/2023, às 17h00

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Caetano Velosos (Foto: Getty Images)
Caetano Velosos (Foto: Getty Images)

A recente homenagem a Caetano Veloso feita pela Faculdade de Doutores da Universidade de Salamanca, instituição espanhola que o tornou doutor honoris causa, instigou uma reflexão de Charles Gavin. O baterista dos Titãs apontou em seu perfil no Instagram (via Whiplash) que as entidades de ensino superior no Brasil não tratam a música popular nacional da forma como deveriam.

Em seu texto, inicialmente, Gavin apontou que o “mestre” Caetano recebeu “uma justíssima homenagem desta importante instituição educacional europeia, em reconhecimento à relevância e magnitude de sua obra”. Segundo ele, este foi “mais um dos inúmeros prêmios e conquistas que Caetano traz para a cultura brasileira, motivo de orgulho para todos nós”.

Esse tipo de reconhecimento, porém, é mais comum no exterior. Charles aponta:

“Na última vez em que estivemos juntos, em 2021, perguntei pra Caetano se alguma vez alguma universidade federal ou estadual lhe homenageou ou lhe chamou para falar de sua obra discográfica, de sua música, trajetória e por aí vai. A resposta: nunca!”

O baterista afirmou que o meio acadêmico se distancia do universo da música popular brasileira. Embora esteja disposto a debater o assunto, ele não apresentou uma razão para tal — apenas definiu como algo “estranho”.

Por fim, ele destacou outros exemplos envolvendo Adriana Calcanhotto e Emicida, novamente em instituições do exterior.

“Até quando vamos invejar ações como esta, da Universidade de Salamanca, da Espanha? E também de iniciativas como a da Universidade de Coimbra, de Portugal, que convidou Adriana Calcanhotto para ministrar um curso de composição, e Emicida, para realizar uma residência abordando novas formas de empreendedorismo. E vocês? O que pensam sobre isso? Vamos lá! Me digam!” Postagem via Instagram.

Caetano Veloso, doutor honoris causa

A cerimônia que tornou Caetano Veloso doutor honoris causa pela Universidade de Salamanca foi realizada no último dia 4 de setembro, na próxima instituição — uma das mais antigas do mundo —, localizada na Espanha. Pedro Serra, professor de Filosofia Galega e Portuguesa, afirmou que a obra do brasileiro “proporciona um percurso de elevada tensão linguística e musical: um monumento do poético, da poesia como lugar de carinho, de amor e de amizade”. O acadêmico complementa:

“Ele fez do amor pela língua um modo de vida. Ele é um poeta, um filólogo no sentido mais nobre da palavra.”

A expressão honoris causa vem do latim e significa “por causa da honra”. É usada quando uma universidade deseja conceder um título de honra para uma personalidade de destaque. Ao anunciar a decisão, tomada ainda em 2022, a instituição afirmou:

"A candidatura do brasileiro Caetano Veloso foi apresentada pela Faculdade de Filologia e pelo Departamento de Filologia Moderna, com apoio do Centro de Estudos Brasileiros, e defendida pelo professor Pedro Serra. Cantor, compositor, arranjador, produtor musical e, não menos em sua longa trajetória artística e intelectual, também escritor, o brasileiro Caetano Veloso é considerado um dos melhores músicos mundiais dos séculos XX e XXI, integrando uma constelação muito seleta na qual têm lugar seguro figuras de estatura universal como Bob Dylan, John Lennon, Paul McCartney ou Patti Smith ou, especificamente do campo da música brasileira, Tom Jobin, Gilberto Gil, Milton Nascimento ou Djavan. Até à data, ele coletou mais de 50 álbuns que ainda estão disponíveis no mercado e no campo da música do mundo, um trabalho enorme e deslumbrante que ainda está vivo após 50 anos de carreira.” Via twitter.
Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.