“Mestre da destruição”, baterista do The Who era verdadeiro pesadelo dos hotéis por onde passou enquanto esteve na ativa
Publicado em 23/11/2024, às 08h00
Entre os anos 1960 e 1980, o abuso de drogas e álcool no rock levouao surgimento de verdadeiras lendas vivas da farra. Keith Moon, por exemplo, se notabilizou não apenas como baterista do The Who, como também por ter destruído inúmeros quartos de hotel e feito todo o tipo de bizarrice. Curiosamente, o inglês também teve um “aluno”: Joe Walsh, conhecido por seu trabalho com o Eagles.
O guitarrista americano conheceu Moon em 1970, quando ainda fazia parte da James Gang, antes de se juntar ao Eagles, em 1975. Sua banda fez uma turnê com o The Who.
Com Keith, Joe aprendeu a nada recomendável lição de destruir quartos de hotel como forma de reduzir a adrenalina após um bom show. O músico falou sobre a prática em entrevista de 1981 a David Gans (via Far Out Magazine).
Ele disse:
Você está ligado, mentalmente ‘chapado’. Não tem nada a ver com drogas ou algo assim: você só está ligadão porque há a energia de ter tantas pessoas em pé gritando. Isso te acorda. Então eu me sentava em um quarto de hotel bem acordado, só ligado pela energia do show, pensando: ‘ei, para onde foi todo mundo?’. Então eu quebrava e destruía coisas, me divertia.”
Walsh fez questão de dar os créditos a quem chamou de “mestre” na destruição de hotéis. O guitarrista ainda citou a turnê de 1970 com os britânicos:
Keith Moon realmente me ensinou como fazer isso – ele era um mestre nisso. A James Gang fez uma turnê com o The Who e Keith me deu lições sobre quebrar coisas.”
Para Joe Walsh, a ocasião mais divertida se deu quando teve acesso ao quarto de um executivo de gravadora de quem não gostava. Dessa vez, nem mesmo os quadros ou o papel de parede foram perdoados.
Nas palavras do próprio:
A melhor foi em Chicago. Era o fim da turnê e eu estava bravo com a gravadora. Um vice-presidente saiu, então eu quebrei sua suíte inteira.”
As curiosas — e, repetindo, nada recomendáveis — habilidades de Keith Moon não contemplavam apenas quartos. O baterista também arruinou casas — dele próprio e de outros —, automóveis e instrumentos musicais, neste último ponto sendo acompanhado pelos colegas de The Who.
Usuário de grandes quantidades de drogas e álcool, Moon era frequentemente expulso de bares e pubs. Por sua causa, a banda foi banida da rede de hotéis Holiday Inn, depois que o músico provocou uma destruição em massa durante seu aniversário de 21 anos — a ponto de jogar um carro dentro de uma piscina.
Em meio aos arremessos de móveis e aparelhos de TV das janelas de andares altos, Keith apreciava explodir banheiros. O baterista começou com pequenas bombas caseiras, mas logo passou a usar bananas de dinamite para destroçar vasos sanitários.
De acordo com estimativa publicada pelo livro “Anyway, Anyhow, Anywhere: The Complete Chronicle of The WHO 1958–78” (2002), de Andrew Neill e Matthew Kent, Moon causou cerca de US$ 500 mil em prejuízos nos encanamentos de hotéis por onde passou.
Keith Moon morreu em 1978, aos 32 anos, por overdose de remédios. De acordo com o empresário do The Who, Bill Curbishley, a organização dos Jogos Olímpicos de Londres, realizado em 2012, entrou em contato para conversar sobre uma possível participação do baterista na cerimônia de abertura — sem saber que estava morto há 34 anos. Aparentemente, o músico ainda causa confusão, mesmo no pós-vida.
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Colaborou: André Luiz Fernandes.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.