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A decisão do Procon após Eventim cobrar nova taxa em ingresso do My Chemical Romance

Órgão de defesa do consumidor notificou tiqueteira demandando explicações a respeito do valor; caso foi noticiado primeiro pela Rolling Stone Brasil

Igor Miranda (@igormirandasite)

My Chemical Romance em 2022
My Chemical Romance em 2022 - Foto: Allen J. Schaben / Los Angeles Times via Getty Images

O Procon de São Paulo informa, em comunicado, que notificou a tiqueteira Eventim para explicar, em detalhes, sua nova taxa de processamento. O órgão afirma que “centenas de consumidores” relataram a nova cobrança no processo de compra de ingressos para alguns shows.

O evento que gerou mais comentários a respeito da taxa é a vindoura apresentação do My Chemical Romance em São Paulo. Produzida pela 30e, a apresentação será realizada no Allianz Parque no dia 5 de fevereiro de 2026.

A situação foi noticiada primeiro pela Rolling Stone Brasil, na última quarta-feira, 25, início da pré-venda para o show da banda americana. A taxa tem representado aproximadamente 3,8% do valor do ingresso e foi cobrada também para outros eventos, como uma apresentação do Planet Hemp no mesmo estádio, agendada para novembro.

A entidade, que espera retorno da Eventim até o próximo sábado, 28, afirma:

“As empresas podem cobrar taxas desde que, comprovadamente, se refiram a serviços efetivamente prestados, não se referindo a custos do negócio já embutidos no valor do ingresso, por serem parte da operação.”

Ainda de acordo com o Procon-SP, é “um dever das empresas apresentar, de forma clara, objetiva e prévia, o valor total que o consumidor terá que desembolsar para arcar com o ingresso”. O texto complementa:

“Logo ao fazer a oferta do serviço (publicidade, site de compra, bilheteria etc.) este valor total deve ser informado. O consumidor não pode ir descobrindo os valores conforme vai avançando no processo de compra.”

Gerard Way, do My Chemical Romance
Gerard Way, do My Chemical Romance – Foto: Allen J. Schaben / Los Angeles Times via Getty Images

 

O que diz a Eventim

Em página de dúvidas disponível em seu site, a Eventim afirma:

“A Taxa de Processamento é cobrada para cobrir custos essenciais para o funcionamento e manutenção do sistema de pagamentos eletrônicos, como custos de processamento da transação (autorização e operação do pagamento), segurança das informações do cliente (proteção dos dados financeiros), transferência dos fundos para o promotor do evento e outros serviços relacionados. Ela será cobrada com base no valor e itens do pedido realizado e será aplicável a depender da forma de pagamento eletrônica escolhida quando um cliente realiza a compra ou pagamento, por exemplo cartões de crédito, débito e pix, do local do pagamento, do valor da transação, do volume, dos processadores de pagamentos envolvidos na transação, dentre outros fatores.”

Há ainda as taxas de serviço (imposta pelas tiqueteiras) e administração (responsabilidade das casas de eventos). A empresa explica as outras duas cobranças da seguinte forma:

Taxa de Serviço:
“A Taxa de Serviço corresponde à remuneração da prestação de serviço oferecida quando, por escolha do cliente, a compra é realizada por meio do site da Eventim ou Pontos de Venda (PDVs), não havendo necessidade de se deslocar até a Bilheteria Oficial, onde não é cobrada a taxa. Por se tratar de prestação de serviço efetiva, que ocorre a partir da navegação, pela reserva e no momento da conclusão da compra pelo, e tendo o consumidor utilizado o serviço com sucesso, seu valor não é passível de restituição e/ou reembolso.”

Taxa de Processamento:
“A Taxa de Processamento é cobrada para cobrir custos essenciais para o funcionamento e manutenção do sistema de pagamentos eletrônicos, como custos de processamento da transação (autorização e operação do pagamento), segurança das informações do cliente (proteção dos dados financeiros), transferência dos fundos para o promotor do evento e outros serviços relacionados. Ela será cobrada com base no valor e itens do pedido realizado e será aplicável a depender da forma de pagamento eletrônica escolhida quando um cliente realiza a compra ou pagamento, por exemplo cartões de crédito, débito e pix, do local do pagamento, do valor da transação, do volume, dos processadores de pagamentos envolvidos na transação, dentre outros fatores.”

Em uma simulação de compra de ingresso meia para o setor cadeira inferior, a página da Eventim, plataforma que comercializa os bilhetes em ambiente virtual, aponta os seguintes valores:

  • Valor do ingresso em si: R$ 322,50
  • Taxa de serviço: R$ 70,31 (cerca de 21,8% do valor do ingresso)
  • Taxa de administração: R$ 21,00 (valor fixo — neste caso, cerca de 6,5% do valor do ingresso)
  • Taxa de processamento: R$ 12,41 (cerca de 3,8% do valor do ingresso)
  • Valor total: R$ 426,22 (aumento de 32,1% do valor originalmente divulgado)

Já em outra simulação, com ingresso inteira para o setor pista premium, são informados os preços abaixo:

  • Valor do ingresso em si: R$ 895,00
  • Taxa de serviço: R$ 195,11 (21,8% do valor do ingresso)
  • Taxa de administração: R$ 21,00 (fixo — neste caso, cerca de 2,3% do valor do ingresso)
  • Taxa de processamento: R$ 33,33 (cerca de 3,7% do valor do ingresso)
  • Valor total: R$ 1.144,44 (aumento de 27,8% do valor originalmente divulgado)

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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Começou em 2007 a escrever sobre música, com foco em rock e heavy metal. É colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022 e mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, revista Roadie Crew, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram e outras redes: @igormirandasite.
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