Icônico vocalista escocês afirma que estilo musical se transformou em “um negócio, um mundo de sonho de Walt Disney”
Publicado em 13/11/2024, às 19h21 - Atualizado às 20h02
Banda seminal do rock alternativo, o Primal Scream surgiu nos anos 1980 e lançou seus trabalhos mais populares na década seguinte. Um cenário bem diferente do atual, que foi duramente criticado por Bobby Gillespie.
Em entrevista ao AnOther (via Guitar.com), o vocalista escocês declarou acreditar que o rock contemporâneo não carrega qualquer elemento de rebeldia. Em sua visão, o estilo musical se transformou em um “negócio”, comparando a uma história da Disney.
De forma direta, ele afirma:
Não há mais rebeldia no rock. É um negócio, um mundo de sonho de Walt Disney. Apenas mais uma parte do complexo industrial do entretenimento.”
Não quer dizer, porém, que tudo seja descartável ou esteja perdido. O cantor afirma que seguem existindo artistas capazes de desafiar tal situação.
Ainda há algumas pessoas boas lutando contra os idiotas por aí.”
Por outro lado, ao ser convidado a mencionar um nome que o deixou empolgado ao assistir recentemente, Gillespie destacou a veterana Chrissie Hynde, de 73 anos. A vocalista e guitarrista do Pretenders foi descrita como “uma cantora punk de rua”.
Em outro momento da conversa, Bobby Gillespie foi convidado a refletir sobre o significado do espírito do rock and roll para ele. Em resposta, o integrante do Primal Scream citou a caótica turnê dos Sex Pistols pelos Estados Unidos em 1978, responsável por colocar fim à banda.
Sid Vicious (baixista) no palco no Texas com o nariz sangrando e ‘gimme a fix’ (‘me dê uma dose’, em menção a droga) escrito no peito, balançando seu baixo na cara de um cara que o provocava enquanto grita: ‘todos os cowboys são b*chas!’. Você não vê mais isso.”
Composto por Bobby Gillespie nos vocais, Andrew Innes na guitarra e teclados, Darrin Mooney na bateria e Simone Butler no baixo e teclados — além dos músicos de turnê Terry Miles (teclados) e Alex White (saxofone) —, o Primal Scream lançou seu décimo segundo álbum de inéditas no último dia 8 de novembro. Come Ahead é o primeiro trabalho de estúdio do grupo em oito anos e tem produção assinada por David Holmes.
Também foi o primeiro desde a morte do tecladista Martin Duffy, ocorrida em 2022. Ele, que tinha 55 anos e não resistiu a uma queda sofrida em casa, participou de todos os discos desde o clássico Screamadelica (1991). Seu filho, Louie, acusa os colegas de terem abandonado o colega, que supostamente era pago apenas como músico de sessão, embora fosse listado como membro oficial.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.