Cantor de hits como “Thinking Out Loud” e “Shape of You” não está nada empolgado com o avanço da tecnologia
Publicado em 12/08/2023, às 15h00
O avanço da inteligência artificial chegou à música. Seja emulando com perfeição vozes de grandes artistas em canções que eles nunca gravaram, compondo discos inteiros a partir de uma simples execução de algoritmo ou outras formas mais técnicas de exploração, a tecnologia tem deixado muita gente preocupada com relação a seus limites. É o caso de Ed Sheeran.
Em entrevista ao Audacity (via American Songwriter), o dono de hits como “Thinking Out Loud” e “Shape of You” manifestou opiniões fortes sobre o tema. Inicialmente, recorreu à ficção para dizer que as pessoas deveriam estar cientes dos possíveis problemas causados pelo uso indiscriminado de tecnologia.
“O que não entendo sobre a inteligência artificial é que, nos últimos 60 anos, os filmes de Hollywood vêm dizendo: ‘não faça isso’. E agora todo mundo está fazendo isso. E eu fico tipo: ‘você não viu os filmes em que eles matam a todos nós?’.”
Um ponto reforçado por Sheeran é que, em sua visão, a inteligência artificial tira empregos das pessoas. Por isso, sua evolução deveria ser mais cautelosa.
“Além disso, simplesmente não sei por que você precisa disso – se você está tirando o emprego de um ser humano, acho que provavelmente é uma coisa ruim. O ponto principal da sociedade é que todos nós desenvolvemos trabalhos. Se tudo for feito por robôs, todo mundo vai ficar sem trabalho.”
Por fim, Ed Sheeran mostrou que não é totalmente oposto à ideia da inteligência artificial em nossas vidas. O cantor chegou a mencionar uma ferramenta específica que tem seu valor: o ChatGPT, chatbot virtual que oferece respostas bastante articuladas, ainda que nem sempre tão precisas.
“Só acho a IA um pouco estranha. Mas ChatGPT… P#rra, por que não?”
O assunto voltou a ser abordado em outro momento da entrevista. O cantor citou novamente a ficção e deu nome a um filme que o impressionou nesse sentido: A.I. - Inteligência Artificial (2001), dirigido por Steven Spielberg a partir de um projeto de Stanley Kubrick.
“Assisti a esse filme outro dia e fiquei tipo: ‘Veja! Spielberg e Kubrick estavam tentando nos dizer algo’.”
Em recente entrevista à Kerrang! Radio (via Blabbermouth),o vocalista do Slipknot, Corey Taylor, não poupou críticas ao uso de inteligência artificial na música. Para ele, é apenas uma evolução acomodada de outras ferramentas que corrigem vozes desafinadas ou performances ruins.
“Para ser honesto, eu não estou nem aí para nada disso. Não sei o que as pessoas estão tentando provar. Elas estão tentando provar que os computadores podem fazer as coisas tão bem quanto as pessoas? Porque, se sim, então qual é o ponto? um exemplo ainda pior da tecnologia substituindo o talento do que venho reclamando há anos com o Pro Tools, afinando e usando os mesmos sons. E as pessoas continuam a dizer: ‘oh, não é legal?’. Não, não é legal. Você está maluco?”
Outro grande vocalista do heavy metal contemporâneo a demonstrar sua opinião sobre inteligência artificial recentemente é M. Shadows. O frontman do Avenged Sevenfold, porém, discorda completamente de Taylor e diz que ficaria feliz até mesmo em ceder sua voz para que a tecnologia crie músicas e performances a partir dela.
Fora do som pesado, o ídolo alternativo Nick Cave demonstrou ter um posicionamento parecido com o de Taylor. Para ele, IA não tem nada a ver com arte, pois compor uma música é um ato profundamente humano.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.