Profissional admite que não era grande fã da banda de Kurt Cobain antes de trabalhar no álbum In Utero
Publicado em 16/10/2023, às 09h30
Quando deu início aos trabalhos em torno de seu último álbum de estúdio, In Utero (1993), o Nirvana estava decidido a “mexer no time” que estava “ganhando”. Embora tenha feito enorme sucesso com o disco Nevermind (1991), o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista Kurt Cobain optou por explorar uma sonoridade diferente, menos comercial e mais ligada às suas raízes punk.
Surgiu, assim, o nome de Steve Albini. O produtor estava em alta no segmento alternativo por ter produzido os álbuns de estreia do Pixies (Surfer Rosa) e Breeders (Pod). No entanto, ele não era lá um grande fã da banda mais popular do movimento grunge.
Em declaração ao biógrafo Michael Azerrad (via Far Out), Albini foi curto e grosso ao explicar a opinião que tinha sobre Cobain e seus parceiros à época. O profissional os considerava “pouco marcantes”.
“Achei que eles eram uma versão pouco marcante do som de Seattle. Achei que eram bem típicos das bandas desta época e daquele local.”
Em outra afirmação, agora ao documentário Sonic Highways — promovido pelo Foo Fighters, banda liderada pelo baterista do Nirvana, Dave Grohl —, Steve contou que vinha sendo sondado há algum tempo para trabalhar com o trio, mas sequer havia notado. As investidas eram bem discretas.
“Havia rumores de que eu havia sido convidado para trabalhar no próximo álbum do Nirvana. Eu não tive nenhum contato com a banda naquele momento. Lembro que recebi alguns telefonemas bêbados. Era alguma pessoa falando coisas estranhas sobre discos, mas eu não sabia que estava conversando com Kurt Cobain do Nirvana.”
Em 2021, ao conversar com o Music Radar(via site Igor Miranda), Steve Albini reafirmou que não era fã do Nirvana antes de In Utero. No entanto, admitiu que, até então, também não havia escutado a banda com cautela.
“Eu não era um fã do Nirvana antes de começar a trabalhar naquele disco. Eu não estava familiarizado com a música deles, mas o que tinha escutado era bem de um tipo. E o tipo sendo aquele parte punk, parte grunge, parte garage, com afinação mais grave de Seattle, um híbrido de Stooges e Melvins. Eu tinha essa impressão da música deles sem escutar com cuidado.”
O projeto apresentado por Kurt Cobain o atraiu. Albini gostou da ideia de trabalhar em um disco que não soaria tão comercial.
“Em ‘In Utero’ eles queriam fazer um disco intencionalmente mais primitivo, e por ‘primitivo’ não quero dizer rudimentar, quero dizer um disco no qual o som da banda estava sem verniz algum.”
Curiosamente, os singles de In Utero — “Heart-Shaped Box”, “All Apologies” e “Pennyroyal Tea”, esta última com lançamento cancelado no formato após a morte de Kurt Cobain — passaram por mixagem com objetivo de trazer uma sonoridade mais palatável. Scott Litt (R.E.M.) ficou a cargo do trabalho. Steve não gostou, mas compreendeu.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.