Em um período de 10 anos, 'My Way', hit de Frank Sinatra, foi motivo de brigas que tiveram consequências fatais
Considerado um dos maiores cantores de todos os tempos, Frank Sinatra lançou sucessos como "Have Yourself a Merry Little Christmas," "Fly Me to the Moon (In Other Words)" e "Somethin' Stupid," mas um dos principais é "My Way," música considerada por críticos como uma das melhores dele, vocal e criativamente. Porém, a canção parece um gatilho nas Filipinas - e teve conexão com 12 mortes no país.
Escrita por Paul Anka, a letra da música relata um tipo de vida sem arrependimentos, mas também pode haver uma interpretação de encerramento diante da perspectiva da morte. Leia alguns versos traduzidos abaixo:
E agora, o fim está próximo
E então eu encaro o último ato
Meu amigo, vou falar claramente
Vou expor meu caso, do qual estou certo
Eu vivi uma vida completa
Eu viajei por toda e qualquer estrada
E mais, muito mais que isso
Eu fiz isso do meu jeito
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Como Esquire relatou, nas Filipinas, existiram variados motivos para pessoas morrerem por conta de "My Way." Por exemplo, algumas foram assassinadas por cantar de modo desafinado, outras por não passar o microfone para outra pessoa no karaokê, ou até mesmo por cantá-la repetidamente, por horas e horas.
Durante entrevista ao New York Times em 2010, Roland Tolentino, então professor da Universidade das Filipinas e ex-reitor da University of the Philippines College of Mass Communication, falou sobre o assunto. "As Filipinas são uma sociedade muito violenta, então o karaokê só aciona o que já existe aqui quando certas redes sociais as regras foram quebradas," explicou.
Segundo Tolentino, a natureza "triunfalista" da canção pode ter contribuído para o desencadeamento da violência. O próprio Frank Sinatra não tinha sentimentos ótimos para a "My Way." Como a filha dele revelou, o cantor achava a música "egoísta e autoindulgente. Ele não gostava. Essa música fez sucesso e ele não conseguia tirá-la do sapato."
A maioria das mortes por conta da música aconteceu entre 2002 e 2012. Por exemplo, em 2007, o segurança de um bar de karaokê atirou em um homem de 29 anos que cantava "My Way" na cidade de San Mateo. Ao que tudo indica, a vítima estava desafinada e, como não parava de cantar, o funcionário ficou com raiva e o matou a tiros.
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Surpreendente, os casos de morte conectados com a canção voltaram em 2018, quando um homem de 60 anos foi esfaqueado pelo vizinho, de 28, durante festa de aniversário em Zamboanga del Norte. O idoso teria pegado o microfone do vizinho justamente quando "My Way" começaria. Então, uma briga começou e terminou com a vítima esfaqueada. Ele foi levado ao hospital, mas foi declarado morto. No final daquele ano, um projeto de lei foi apresentado no Congresso com proposta de toque de recolher no karaokê para diminuir a violência influenciada por bebidas alcoólicas.
Esses assassinatos em série chocaram a sociedade filipina, e donos de bares com karaokê chegaram até a tirar a música como opção. Por medo, diversas pessoas nem cantam "My Way" em público, e se sentem mais seguras quando alugam uma sala privada em estabelecimento, com intuito de não incomodar ninguém fora do círculo de amizade.
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