A falha das pessoas em não entender John Frusciante ter saído do Red Hot, segundo técnico

As duas saídas de John Frusciante do Red Hot Chili Peppers ocorreram em períodos de excelente repercussão comercial. Todavia, o primeiro rompimento, em 1992, foi melhor compreendido pelo público. À época, o guitarrista sofria com o vício em drogas — que só piorou nos anos seguintes, até uma redenção e um retorno ao grupo seis anos depois.

Já o segundo afastamento, em 2009, segue despertando curiosidade de uma parte dos fãs. Chega ao ponto de isso se tornar assunto durante uma entrevista do técnico de guitarra de Frusciante, Dave Lee, ao site da Boss.

Vale lembrar que John acabou retornando ao grupo uma década depois, em 2019. A reunião gerou os álbuns Unlimited Love e Return of the Dream Canteen, ambos de 2022, além de uma turnê mundial que chegou a passar pelo Brasil no ano seguinte.

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Ao relembrar a decisão de Frusciante em sair no ano de 2009, Lee contou que o guitarrista já fazia planos nesse sentido havia dois anos. O profissional comenta:

“Ele saiu oficialmente em 2009, mas já existiam indícios. Lembro que John e eu estávamos sentados no camarim no Reading Festival ou do Leeds Festival, em 2007, e ele me disse que tiraria dois anos de folga. Ele disse: ‘depois disso, saberei se quero estar na banda’. Foi chato, mas eu entendi: era o que tinha que fazer.”

Dave aponta que muitas pessoas não compreendem a situação, visto que o Chili Peppers ainda desfrutava de sua retomada de popularidade iniciada em Californication (1999). No ano citado pelo técnico, a banda concluía a turnê de Stadium Arcadium (2006), álbum que chegou ao topo das paradas de 20 países.

“Muita gente não entende. Ficam tipo: ‘como você pode sair do Red Hot Chili Peppers?’. Para muitos músicos, estar em uma banda como o Chili Peppers seria o auge. Um em um milhão de músicos obtém esse tipo de sucesso. As chances são muito pequenas, mesmo para pessoas realmente talentosas. Parece clichê, mas é isso: John era fiel a si mesmo e à sua arte. Ele se recusa a deixar o sucesso, ou a esperança de sucesso, guiar seu mundo criativo. Quando ele compôs ‘Under the Bridge’, não foi para estourar, foi porque ele quis.”

O que diz John Frusciante

Em entrevista de 2022 à Classic Rock (via site Igor Miranda), John Frusciante explicou sua segunda saída do Red Hot Chili Peppers. A razão residia no próprio sucesso reconquistado pela banda nos anos anteriores.

“Eu fiquei bastante desequilibrado mentalmente nos últimos dois anos em que fizemos turnês. Ao longo da turnê, me aprofundei no ocultismo, que se tornou uma maneira de escapar da mentalidade da vida em turnê. O ocultismo tende a ampliar o que você é, seja para o bem ou para o mal. E eu era uma bagunça desequilibrada.”

O vocalista Anthony Kiedis, que também participava da entrevista, contou que o guitarrista parecia mesmo decidido a deixar o grupo.

“Ele estava decidido a não continuar. Não queria mais. Quando nos reuniu e contou, nem tentamos convencê-lo a ficar ou dizer que tentaríamos resolver a situação. Dissemos que entendíamos. Ficou óbvio que aquele não era o lugar onde John gostaria de estar. Na verdade, foi um alívio para todos, incluindo ele.”

Nesta nova entrevista, Dave Lee também refletiu:

“Eles haviam lançado Stadium Arcadium, com um sucesso gigantesco, e ele gostou disso. Mas ele realmente não faz música por esperar que isso lhe dê dinheiro. E isso é absolutamente verdade. Sou cético; quando ouço as pessoas dizerem coisas como: ‘não quero ser um músico por causa da fama e fortuna’, acho que é mentira. Mas esse é um caso que eu literalmente testemunhei. De verdade. O cara saiu do Chili Peppers depois do Stadium Arcadium. O que isso te diz? Uma coisa é certa: ele não está lá pelo sucesso.”

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