A guitarrista que causou rebuliço ao migrar de Michael Jackson para Jeff Beck
Jennifer Batten afirma que sentia-se descredibilizada por parte do público do guitarrista devido a ter trabalhado com o cantor pop
Igor Miranda
Publicado em 24/04/2024, às 10h00Jennifer Battenconquistou notoriedade mundial após ter passado uma década na banda de turnês de Michael Jackson. A guitarrista se apresentou com o cantor entre 1987 e 1997, nas turnês que promoveram os álbuns Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory: Past, Present and Future, Book I(1995).
Mas sua carreira não se resume a apenas esses dez anos. Na verdade, logo após deixar de trabalhar com Jackson, a musicista americana se vinculou a outra lenda, mas do rock: Jeff Beck, considerado um dos guitarristas mais inventivos de todos os tempos. Batten esteve em seu grupo entre 1999 e 2001.
+++LEIA MAIS: Michael Jackson alcança novo recorde com 'Billie Jean' no YouTube
Michael e Jeff foram lendários cada um à sua maneira, de formas bem distintas. O cantor pop era um fenômeno de vendas, enquanto o guitarrista inglês se notabilizou por sua abordagem experimental — que, na avaliação de muitos, o impediu de se tornar um nome ainda mais famoso.
Essa foi uma das razões que levou muita gente a “desconfiar” de Jennifer após ela se vincular ao instrumentista morto em 2023, aos 78 anos. Ao menos é o que a própria diz.
Em entrevista ao Guitar Hang Podcast (via Ultimate Guitar), Batten contou que muitos minimizar seu talento como guitarrista por ter trabalhado com Jackson. Ela revelou:
“Tenho certeza que foi muito chocante para várias pessoas quando saí em turnê com Jeff Beck – todos os loucos por guitarra. Na verdade, muitas pessoas simplesmente me ignoravam e me viam como uma coisa pop, porque eu trabalhava com Michael Jackson.”
Seria inveja, especialmente por parte de outros guitarristas? Jennifer foi levada a acreditar que sim.
“Quando entrei para a banda de Jeff Beck, estava conversando com um amigo meu, que também é guitarrista, e falei: ‘fico me perguntando como as pessoas me veem, às vezes penso sobre isso’. E ele disse: ‘você só pode estar brincando… os guitarristas te odeiam, pois você conseguiu o trabalho mais cobiçado do planeta!’.”
Ao fim, Batten ainda fez uma reflexão curiosa: para ela, ainda bem que isso aconteceu antes da era das redes sociais.
“Felizmente, a maior parte disso foi antes dos tempos de mídias sociais. Não havia Facebook com as pessoas dizendo: 'aaargh, por que ela está na banda?’.”
O conselho de Jennifer Batten aos músicos
Ainda durante a entrevista, Jennifer Batten — que também trabalhou com Carmine Appice, Carl Anderson, Dave Rodgers e vários outros — deu um conselho para músicos que desejam se profissionalizar e conquistar posições como as que ela teve na carreira.
A guitarrista conta que, tanto com Michael Jackson quanto com Jeff Beck, a regra número um é fazer sua parte de forma competente e não roubar holofotes da estrela principal. Parece óbvio, mas segundo ela, poucos aspirantes a profissionais da música conseguem isso — o que leva a muitas desistências.
“Acho que é isso que muitas pessoas não entendem e é por isso que não conseguem sucesso. Você tem que perceber a situação em que está e o propósito pelo qual está lá. Há uma estrela ali. Jeff nunca se consideraria uma estrela, mas ele era o foco. Então, eu sabia que estava lá para um papel coadjuvante. Não era sobre mim.”
Especificamente sobre Beck, Batten reforçou que buscava ao máximo deixá-lo no centro das atenções.
“Eu ficaria feliz em não tocar nenhum solo e apenas tocar a guitarra base naquela situação. De vez em quando, ele dizia: ‘eu realmente deveria te dar duas ou três músicas para solar’. E eu falava: ‘não, definitivamente não’. Até fiz alguns solos e fiquei totalmente feliz com isso, mas não gostaria da pressão de uma multidão de fãs de Jeff sentados por 10 minutos enquanto eu tocava algumas músicas. Talvez até gostassem, mas não era por isso que eu estava lá.”
Concluindo o argumento, Jennifer destacou que sua função era relativamente simples na banda de Michael. A questão é: saber fazer o simples.
“É como a banda de Michael Jackson. Eu estava lá, basicamente, para tocar o solo de ‘Beat It’ e tocar o groove das músicas. Era isso. Todo mundo tinha seu lugar. Os dançarinos não precisavam ser bateristas.”