“PERFEITA”

A melhor música de Elvis Presley na opinião de David Gilmour

Guitarrista e vocalista do Pink Floyd nunca escondeu que “rei do rock” serviu como uma de suas principais influências artísticas

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 08/01/2025, às 11h46
Elvis Presley e David Gilmour (Fotos: Hulton Archive e Francesco Prandoni / Getty Images)
Elvis Presley e David Gilmour (Fotos: Hulton Archive e Francesco Prandoni / Getty Images)

Elvis Presley, que nasceu há 90 anos, deixou um catálogo gigantesco de material gravado. Mais de 700 músicas foram registradas com a voz do artista denominado “rei do rock” entre 1953 e 1977 — período desde o início de suas atividades profissionais até sua morte, aos 42 anos.

A partir delas, o americano nascido em Tupelo, Mississippi, promoveu uma verdadeira revolução não apenas no rock, mas na música e até na cultura ocidental. Um dos incontáveis fãs impactados foi David Gilmour, que se consagraria na década de 1970 como guitarrista e vocalista do Pink Floyd.

Em diversas entrevistas, Gilmour menciona que Presley esteve, ao lado de Bill Haley, entre os primeiros artistas de rock que pôde ouvir — e, consequentemente, gostar. Numa ocasião, à BBC (via site Igor Miranda), chegou a escolher qual seria a melhor música do astro.

David Gilmour (Foto: Francesco Prandoni / Getty Images)
David Gilmour (Foto: Francesco Prandoni / Getty Images)

Para ele, trata-se de “Heartbreak Hotel”, dona de uma “gravação perfeita” em suas palavras. Lançada originalmente em 1956, a canção foi composta por Mae Boren Axton e Tommy Durden, mas Elvis também ganhou um crédito de autoria como uma forma de agradecimento por ele tê-la registrado em estúdio.

Sobre a faixa, David afirmou:

‘Heartbreak Hotel’ é uma gravação perfeita. É tão despojada, há tão pouco acontecendo, mas cada nuance, tudo nela é absolutamente adorável. Apenas aquele lugar e o piano, simplesmente mágico.”
Elvis Presley em 1966 (Foto: Hulton Archive / Getty Images)
Elvis Presley em 1966 (Foto: Hulton Archive / Getty Images)

Outra música adorada por David Gilmour

Em outra ocasião, à Classic Rock (via site Igor Miranda), David Gilmour foi convidado a refletir sobre os artistas e as canções que mudaram sua forma de enxergar a música. Elvis Presley ganhou uma menção — por meio de “Jailhouse Rock” — junto a Bill Haley, Beatles, Jimi Hendrix e Pete Seeger, ídolo folk americano de muita popularidade nas décadas de 1940 e 1950.

“Houve vários momentos do tipo durante a vida. ‘Rock Around the Clock’, de Bill Haley, foi crucial para mim. Meses mais tarde veio ‘Jailhouse Rock’ de Elvis, também fundamental. Os Beatles foram importantíssimos. Jimi Hendrix também. E teve Pete Seeger quando eu era mais jovem. Aprendi a tocar com ele. Enfim, são muitos para nomear.”

Disponibilizada em 1957, “Jailhouse Rock” foi composta por Jerry Leiber e Mike Stoller e serviu como trilha para o filme de mesmo nome, protagonizado por Elvis. Chegou ao topo das paradas dos Estados Unidos, além de Reino Unido e África do Sul.

Por que Elvis Presley não aceitava ser chamado de rei do rock

Ao longo de suas duas décadas de carreira na música, Elvis Presley recebeu uma série de apelidos e alcunhas. O nome mais conhecido, porém, tornou-se “rei do rock”. Quem nunca ouviu o astro, falecido em 1977, ser definido dessa forma?

As origens desse título são incertas, mas uma das primeiras pessoas a definir Elvis dessa forma foi a jornalista Bea Ramirez. Em um texto publicado no jornal Waco News-Tribuna em 19 de abril de 1956, a repórter definiu o cantor como “o rei do rock ‘n’ roll da nação”. À época, o artista tinha apenas 21 anos de idade. No mês seguinte, foi a vez de o jornal Memphis Press-Scimitar referir-se a Presley como “o novato rei do rock ‘n’ roll”.

Mas o que Elvis Presley pensava desse nome? Embora tenha cedido aos encantos da fama por diversas vezes, o cantor era notório por ter uma personalidade simples, típico de alguém que nasceu no interior do estado americano do Mississippi e teve uma origem humilde. Não parecia combinar com ele um apelido assim, correto?

Elvis Presley em Jailhouse Rock (Foto: Divulgação)
Elvis Presley em Jailhouse Rock (Foto: Divulgação)

Em 1969, Elvis Presley pôde sentir os efeitos de sua “volta”. Depois de passar anos dedicado a uma carreira de ator que rendeu muitos filmes de qualidade questionável, o cantor filmou um especial de TV para a NBC que marcou o seu retorno — não à toa, a gravação é normalmente citada pelo subtítulo “’68 Comeback Special.

Disposto a retomar seu espaço como artista relevante, Elvis anunciou em 1969 a sua primeira temporada de performances no Las Vegas International Hotel. Durante uma entrevista coletiva (via National Post) promovida naquela época para abordar as novidades da carreira, Presley foi citado como “o rei”.

Em um ato de humildade, Elvis apontou para Fats Domino, lendário cantor e pianista reconhecido como um dos pioneiros do rock and roll e presente na ocasião, para declarar na sequência: “não, este é o verdadeiro rei do rock ‘n’ roll”.

Nascido em fevereiro de 1928 — quase uma década antes de Elvis —, Fats Domino (cujo nome real era Antoine Dominique Domino) fez aquela que é considerada uma das primeiras músicas do estilo: The Fat Man. Lançada como single, a faixa vendeu 1 milhão de cópias nos Estados Unidos.

Construiu uma carreira de sucesso ao longo da década de 1950, sendo citado frequentemente por Presley como uma de suas maiores influências na música. Blueberry Hill, Ain’t That a Shame e Walking to New Orleans são outros hits do artista, que nos deixou em 24 de outubro de 2017, aos 89 anos.

É de conhecimento público que Elvis Presley não foi inventor ou pioneiro do rock. Além de Fats Domino, havia uma série de artistas que já produziam no estilo quando o cantor surgiu, como Sister Rosetta Tharpe, Little Richard, Jimmie Rodgers e Chuck Berry.

Chuck Berry (Foto: AP Photo / James A. Finley, Arquivo)
Chuck Berry (Foto: AP Photo / James A. Finley, Arquivo)

O título de “rei do rock” é atribuído a Elvis de forma mais corriqueira por outras questões. A primeira está associada à sua fama incomparável. Componentes racistas à parte (sabe-se que artistas brancos tinham a preferência das gravadoras), ele foi o primeiro a conquistar enorme popularidade dentro do gênero, superando seus antecessores nesse sentido. Estima-se que ele tenha vendido 500 milhões de cópias, entre singles e álbuns, em todo o planeta, além de ter promovido uma revolução cultural com reflexos até hoje no universo pop.

Outro ponto está na questão visual. Elvis era extravagante não apenas em seus passos de dança, como também nos figurinos. Embora negasse o título de “rei do rock”, o cantor se vestia como uma legítima realeza — o que reforçou tal concepção no imaginário popular.

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