A mentira de Eddie Van Halen que fez vários guitarristas queimarem equipamentos
Músico promoveu uma revolução em seu instrumento não apenas pela forma de tocar, como também pelo jeito que configurava suas ferramentas
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 06/01/2025, às 13h00Falecido em 2020, Eddie Van Halen era gênio não apenas tocando guitarra. O músico, extremamente curioso, também era muito ligado à parte de equipamentos — e de início manteve segredo sobre os amplificadores que utilizava, tendo até mesmo que contar uma mentira para driblar frequentes questionamentos a respeito.
O icônico artista utilizava amplificadores valvulados, nos quais as válvulas ficam responsáveis por amplificar o som — e, ao serem saturadas, geram um tipo de distorção chamada de drive. É uma sonoridade bem comum no rock, mas Eddie surgiu com uma pegada diferente, onde conseguia soar de forma muito nítida sem perder o peso.
Em 1978, ano do lançamento do primeiro álbum do Van Halen, o músico deu uma célebre entrevista à revista americana Guitar Player (via site Igor Miranda). Ao ser perguntado — provavelmente pela enésima vez — a respeito do “segredo” de seu som, o músico disse que aumentava a tensão de seus amplificadores para saturar ainda mais as válvulas e chegar ao som desejado.
Era mentira. E isso fez com que muita gente queimasse seus equipamentos. A tática era justamente o contrário: ele na verdade diminuía a tensão para chegar àquela sonoridade.
Em 2017 (quase quatro décadas depois), durante entrevista ao instituto Smithsonian, ele relembrou como teve a ideia de reduzir a tensão do amplificador. Tudo começou com seu ampli dos sonhos:
“Eu trabalhava em uma loja de música entregando pianos e órgãos. Um dia, apareceu um amplificador Marshall de 100 watts e eu precisava muito dele, então trabalhei durante todo o verão para comprar um daqueles. Era tão barulhento que eu fiz de tudo, desde deixá-lo de costas até deitado no chão.”
Ao descobrir que havia outro amplificador Marshall à venda em sua região, Eddie pensou que poderia ser diferente. Então, comprou o outro produto. Ele explica:
“Bem, certamente era diferente, porque quando eu liguei, não funcionou. O que não percebi foi que o produto era da Inglaterra e estava ajustado em 220 volts. Demorou muito para aquecer as válvulas em meia-voltagem, então, quando comecei a tocar, achei incrível o som, mas era muito silencioso. Dessa forma, notei que dava para controlar o amplificador com a voltagem.”
Com isso, veio a descoberta: com um transformador Variac, ele poderia controlar a voltagem. Isso foi feito com o amplificador original — e nasceu assim a sonoridade batizada de “brown sound”, que consistia em um amplificador quase ficando sem energia.
“Abaixei a voltagem de 110v lentamente para 100. O mais baixo que já cheguei foi 60. Dependia de onde tocávamos, ficava entre 60 e 100, a depender do ambiente. O ponto ideal era 89 volts.”
O inventivo Eddie Van Halen
Esta não foi a única criação peculiar de Eddie Van Halen no mundo da guitarra. O músico também modificava seus instrumentos, sempre em busca de uma sonoridade melhor. Acreditava até mesmo que os fabricantes colocavam os captadores em uma posição que não era das melhores — e aí fazia alterações, os colocando de modo mais inclinado.
Também criou um dispositivo chamado D-Tuna, que muda rapidamente a afinação da corda mais grave (a mizona), descendo para um tom mais grave. Com o tempo, o sistema evoluiu e passou a ser integrado em todas as guitarras Wolfgang vendidas por sua marca oficial, a EVH.
+++ LEIA MAIS: Os tristes momentos finais de Eddie Van Halen, narrados por Alex
+++ LEIA MAIS: A opinião de Slash sobre Eddie Van Halen
+++ LEIA MAIS: A quantidade impressionante de material inédito deixado por Eddie Van Halen
+++ Clique aqui para seguir a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram
+++ Clique aqui para seguir o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram