Fora dos shows desde 2002, canção mencionada pelo vocalista é descrita por ele como “um evento olímpico”
Publicado em 20/11/2024, às 08h00
Ian Gillan é um dos maiores vocalistas da história do rock. Na ativa desde a década de 1960, o cantor de 79 anos demonstrou enorme domínio técnico e extensão ao longo de sua trajetória, em especial com o Deep Purple, mas também em sua curta passagem pelo Black Sabbath e trabalhos paralelos.
Mas qual seria, em sua opinião, a música do Purple mais difícil de se cantar? Tal pergunta pode ser complicada de se responder, tendo em vista que a banda inglesa tem um vasto catálogo. Ainda assim, Gillan tem uma escolha bem clara — e é difícil discordar dela.
Em entrevista de 2022 à Rock FM (via Far Out Magazine), o homem apelidado de Silver Voice (“voz de prata”) revelou considerar desafiadora sua própria interpretação de “Child in Time”. A faixa está presente no álbum Deep Purple In Rock (1970), primeiro do grupo a contar com Gillan e o baixista Roger Glover.
Sempre pensei em ‘Child in Time’ não como uma música, mas mais como um evento olímpico. Foi tão desafiador. Mas, sim, quando eu era jovem, era fácil. Então chegamos ao ponto em que cheguei aos 38 anos e simplesmente não soava bem. Então pensei: ‘é melhor não cantá-la mal, então, é melhor não cantá-la’.”
Embora tenha citado a idade de 38 anos, Ian Gillan só parou de cantar “Child in Time” ao vivo em abril de 2002, quando, aos 56 anos, concluiu com o Deep Purple uma turnê pela Europa e Ásia. E este é um dos poucos clássicos do grupo que o vocalista não interpreta mais em cima dos palcos, visto que até faixas também desafiadoras como “Highway Star”, “Perfect Strangers” e “Into the Fire” seguem no repertório ou foram mantidas até pouco tempo atrás.
Com autoria creditada aos cinco membros do Purple à época — Gillan, Roger Glover, o guitarrista Ritchie Blackmore, o baterista Ian Paice e o tecladista Jon Lord —, “Child in Time” tem 10 minutos de duração em sua gravação original. Tem como destaque não apenas a performance vocal estarrecedora de Ian, com gritos “olímpicos” conforme descritos pelo próprio, como também o desfile instrumental bem elaborado de Blackmore e Lord.
A letra é vagamente inspirada na Guerra Fria, conflito geopolítico que testou a influência dos Estados Unidos e da então União Soviética entre o fim da década de 1940 e início dos anos 1990. Musicalmente, traz um riff de teclado inspirado em “Bombay Calling”, do It’s a Beautiful Day.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.