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Música / Rock

A música do Evanescence que gerou preocupação em torno de Amy Lee: 'Precisa de terapia?'

Artista esclarece que canção não expressa uma história real ou um sentimento próprio: 'É mais como uma narrativa'

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 17/02/2024, às 10h00

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Amy Lee (Foto: Frederick Brown/ Getty Images)
Amy Lee (Foto: Frederick Brown/ Getty Images)

Nas composições para o Evanescence, Amy Lee não se furta em colocar todos os sentimentos para fora. Desde a chegada da banda ao estrelato com o álbum de estreia Fallen (2003), essa foi uma das marcas de suas músicas.

E veio desse disco uma canção que, segundo Amy, causou preocupação em torno dela. Trata-se de “Haunted”, faixa que não chegou a ser lançada como single, mas segue como uma das mais apreciadas pelos fãs.

Em entrevista à Kerrang!, a artista revelou que a carga emocional da faixa fez com que pessoas lhe abordassem para perguntar se ela precisava de terapia. Curiosamente, porém, essa composição não retrata uma situação vivenciada por Lee — segundo ela, é “mais como uma narrativa”.

“Depois que a música foi lançada, fui abordada, tipo: ‘Você precisa de terapia? Você precisa de ajuda?’ Mas a letra é mais como uma narrativa. Estávamos realmente inspirados por filmes. Eu não estava escrevendo por experiência própria, a ideia era entrarmos em uma zona de filmes de terror, é uma coisa meio ‘sob a ótica do assassino’.”

A cantora, inclusive, deixou claro que esse não é o tipo favorito de composição dela. Suas letras preferidas são mais autobiográficas.

“Não é um tipo de letra que eu tenho feito muito desde então – uma música que é a ideia de uma história que não é a minha vida, é mais sobre um personagem. Pode ser divertido talvez entrar um pouco novamente – isso lhe dá a capacidade de seguir caminhos diferentes. Mas sim, isso não era sobre mim.”
Amy Lee do Evanescence (Foto: Getty Images)

O que diz a letra

Abaixo está a letra traduzida de “Haunted”, do Evanescence (via Letras.mus.br):

“Palavras perdidas há muito tempo são sussurradas lentamente para mim

Mesmo assim não consigo encontrar o que me mantém aqui (oh)

Quando todo esse tempo estive tão vazia por dentro

(Sei que você continua lá)

Me observando, me querendo

Posso sentir você me puxar para baixo

Temendo você, amando você

Não deixarei você me puxar para baixo

Caçando você, posso sentir seu cheiro vivo (oh)

Seu coração batendo na minha cabeça

Me observando, me querendo

Posso sentir você me puxar para baixo

Me salvando, me estuprando

Me observando

Me observando (oh), me querendo (oh)

Posso sentir você me puxar para baixo (sentir você me puxar para baixo)

Temendo você (oh), amando você (oh)

Não deixarei você me puxar para baixo”

Inspiração

Em um relato publicado online ainda nos anos 2000, Amy Lee contou o que seria a inspiração por trás de “Haunted”: um conto escrito por Ben Moody, guitarrista original do Evanescence. Ela disse:

“Uma garotinha de cerca de 8 ou 9 anos com um vestidinho branco está andando pela rua de um bairro brincando com uma bolinha vermelha. Conforme ela se aproxima de uma grande casa obviamente deserta com um comportamento sinistro, sua atenção se move para a casa. Sem que ela preste atenção ao seu salto, a bola bate no meio-fio e ricocheteia em direção à casa. Enquanto ela persegue a bolinha vermelha em direção à casa, a bola ganha um impulso anormal e quica direto na enorme porta da frente aberta. A menina faz uma pausa por um momento, olha para a casa que agora parece estar olhando para ela, e entra cautelosamente na casa em busca de sua bolinha vermelha. Enquanto entra lentamente, ela observa a bagunça decadente que antes era obviamente uma bela mansão. Ela fica hipnotizada pelos detalhes requintados de cada centímetro do corrimão que sobe a escadaria aparentemente interminável à sua frente. De repente, seus pensamentos são interrompidos por uma comoção horrível. Ela se vira para sair correndo pela porta da frente, mas encontra apenas uma parede vazia onde antes ficava a porta. Assustada, ela corre pelo primeiro corredor que vê, tentando desesperadamente encontrar uma saída, mas a cada volta, o mundo atrás dela muda, curvando-se à vontade da casa, de modo que mesmo encontrando um caminho de volta torna-se impossível. Aterrorizada, a menina afunda-se num canto, apoia a cabeça nas mãos e chora.

Dez anos mais tarde....

A menina acorda em pânico, agora uma jovem. Suja, com cicatrizes. Ela agora está vestida com calças pretas, botas de trabalho e uma regata preta. Sua pele está pálida e suja. O sol não toca sua pele há mais de uma década. Ela acorda e encontra uma refeição colocada em uma bandeja de prata suja diante dela, apenas o suficiente para sustentar a vida, como todas as manhãs anteriores. Colocada ali por uma figura que ela só consegue ver de passagem, virando uma esquina, passando por uma porta... uma figura que se tornou seu único amigo e seu único inimigo. Toda a sua existência se tornou nada mais que caçar e destruir essa sombra que a mantém aqui. Enquanto ela o caça incansavelmente, dia após dia, ela se perde na dicotomia de seu ser. Essa coisa que a mantém aqui, essa pessoa que est*pra repetidamente sua mente e a observa enquanto ela dorme, tornou-se seu único amigo. Pois se esta pessoa fosse embora, ela deixaria de existir. Pois ela vive apenas para matá-lo. Mas vive apenas PARA ele. Todos os dias a casa muda ao seu redor, de modo que todos os dias ela acorda em uma terra estrangeira. A única constante... é ele. Ela ouve o coração dele batendo, sente o cheiro dele, só consegue pensar em encontrá-lo, mas ele também é a única coisa que ela conhece do amor.”