Embora seja grato aos hits, guitarrista gostaria que algumas canções – com uma em especial – tivessem recebido mais atenção do público
Publicado em 31/10/2024, às 08h00
“Bohemian Rhapsody”, “We Will Rock You”, “We Are the Champions”… não faltam hits para o Queen. Mas nem só de grandes sucessos é feita a discografia do grupo britânico.
O guitarrista Brian May vai além e acredita que há momentos subestimados no conjunto da obra. Ele cita uma música em específico que sofre de tal problema.
Em entrevista à Vulture, May e escolheu algumas composições do Queen para diversos momentos de sua história. Quando perguntado sobre uma canção que ele gostaria que não tivesse sido ofuscada pelos hits, o guitarrista citou uma faixa presente no álbum A Night at the Opera (1975), o mesmo que contém “Bohemian Rhapsody”.
Porém, a canção citada é querida apenas por uma pequena parcela do público, que geralmente prefere outra face do Queen. Brian disse:
Existe um milhão de coisas que eu queria que, de alguma forma, tivessem recebido mais atenção. Suponho que ‘The Prophet’s Song’ seja a que mais prevalece. Ela era a antítese de ‘Bohemian Rhapsody’, e no mesmo álbum. Nós sempre pensamos que ambas eram grandes obras, mas ‘Bohemian Rhapsody’ foi escolhida pelo rádio e se tornou o carro-chefe. Apenas algumas pessoas que conhecem profundamente o Queen através dos anos realmente sabem o que ‘The Prophet’s Song’ significa.”
May garante que, apesar disso, não se sente frustrado pela composição ter se tornado “obscura” com o tempo. Ele continuou:
Não vou dizer que não estou feliz, porque é ok. Realmente é. As pessoas que gostam dessas coisas, gostam muito. Elas entendem, elas percebem. Elas se lembram de ‘The Prophet’s Song’ como uma enciclopédia do Queen tanto quanto ‘Bohemian Rhapsody’ era no outro lado.”
Com 8 minutos e 17 segundos de duração, “The Prophet’s Song” é a música mais longa com vocais na discografia do Queen. No geral, perde apenas para um instrumental sem título presente no álbum Made In Heaven (1995).
A faixa foi inteiramente composta por Brian May, em contraste a “Bohemian Rhapsody”, obra do vocalista Freddie Mercury. Isso, claro, ajuda a explicar a preferência do guitarrista pela canção.
Trechos que viriam a fazer parte dela já eram trabalhados pelo quarteto desde as gravações de Queen II(1974). A letra é baseada em um sonho que Brian teve sobre uma enorme inundação e faz referências ao livro de Gênesis, da Bíblia, especialmente em relação à Arca de Noé e à Escada de Jacó.
“The Prophet’s Song” representa uma faceta mais mística e progressiva do Queen, presente especialmente em seus primeiros álbuns e que se perdeu com o tempo, conforme os hits se tornavam mais frequentes. “The Prophet’s Song” chegou a ser tocada ao vivo nas turnês de A Night at the Opera, A Day at the Races (1976) e News of the World(1977).
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Colaborou: André Luiz Fernandes.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.