Banda mascarada encerrou atividades em 2023; comportamento diferente dos dois líderes após conclusão tem chamado atenção
Publicado em 20/12/2024, às 14h30
Meio século após sua fundação, o Kiss encerrou suas atividades após uma turnê de despedida. A End of the Road durou entre 2019 e 2023 — desconsiderado o intervalo provocado pela pandemia.
Em diferentes entrevistas, os líderes Paul Stanley (voz e guitarra) e Gene Simmons (voz e baixo) deixaram claro que se tratava de uma decisão em comum acordo. Foram consideradas a idade avançada de ambos (72 e 75 anos, respectivamente) e a exigência física de se apresentar com figurinos pesados, como armaduras e botas de salto alto.
Porém, uma notícia recente parece ter evidenciado que, embora os músicos não admitam, a decisão de encerrar o Kiss parece ter sido motivada em especial por um integrante. A novidade é: enquanto Stanley — especulado como o principal responsável por esse fim — permanece fora da música, Simmons confirmou que dará continuidade ao seu projeto solo, lançado em 2024, com a realização de uma nova turnê.
A chamada Gene Simmons Band havia realizado 16 shows entre os últimos meses de abril e agosto. Inclusive, a primeira grande performance aconteceu no Brasil, durante o festival Summer Breeze (hoje chamado Bangers). Agora, ele anunciou que fará a mesma quantidade de apresentações pelos Estados Unidos entre abril e maio de 2025. Tudo indica que mais datas entrarão na agenda, a ser acompanhada no site oficial do artista.
Não dá para negar que o desgaste dos shows solo é menor: Gene não precisa usar todos os adereços obrigatórios no Kiss e dispensa certas preocupações de um espetáculo do porte de sua ex-banda, pois, em entrevistas, garante que a estrutura geral é reduzida. Ele chega a dizer, com sua característica retórica, que vai às casas de eventos somente com uma palheta e mais nada. Um pequeno exagero, mas a essência da mensagem é compreendida.
Do outro lado da moeda, Paul Stanley admitiu à Gibson TV (via site Igor Miranda) que sequer voltou a tocar guitarra desde o fim do Kiss. Sofrendo há anos com problemas vocais, o músico parecia mesmo precisar de um descanso. Porém, a justificativa para não encostar mais no instrumento se mostrou um pouco diferente. Ele disse:
“Se começasse a tocar, sentiria falta de estar com a banda e fazer o que fazemos. É algo que está em meu DNA, só precisava me afastar um pouco. São 50 anos com o Kiss, uma marca fenomenal. E então, para cortar esses laços, pelo menos em termos de ser uma banda ao vivo, leva um tempo para se aclimatar e se ajustar. Precisava de um intervalo só para relaxar e me orientar.”
Além da vontade natural de tocar, Gene Simmons pode estar sendo motivado a seguir com sua carreira solo por outra questão: dinheiro. Em entrevista ao podcast Steve-O’s Wild Ride (via site Igor Miranda), o músico revelou lucrar mais com suas apresentações atuais do que com o Kiss, mesmo considerando o número menor de público que atrai sem seus ex-colegas.
Isso nos leva ao já mencionado comentário de “chegar apenas com uma palheta”. Ele explica:
“Criei um modelo de negócio ‘semigenial’. Chego apenas com minha palheta. É isso. Não há empresário, roadies, caminhões ou equipamentos. Tudo é fornecido pelo promotor do evento. Voos, hotéis, amplificadores, baterias, tudo é alugado localmente. Esse é o custo do promotor. Qualquer quantia de seis dígitos ou mais que houver, eu embolso. Ganho mais dinheiro por show com a Gene Simmons Band do que ganhava no Kiss. Não conto com roadies e todos o resto. Não há uma equipe de 60 homens, três ônibus de dois andares, jato particular de plantão sete dias por semana e 20 a 24 reboques de trator.”
Em suas apresentações solo, Simmons é acompanhado pelos guitarristas Brent Woods (Wildside, Sebastian Bach, Vince Neil) e Jason Walker, além do baterista Brian Tichy (The Dead Daisies, Billy Idol, Ozzy Osbourne, Whitesnake, Foreigner, Pride & Glory, Glenn Hughes, Velvet Revolver e outros). O repertório, como esperado, reúne uma série de músicas do Kiss, além de eventuais covers de Motörhead e Led Zeppelin.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.