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Música / Gerações

A opinião de Ney Matogrosso sobre a nova geração da música brasileira

Cantor de 82 anos se apresentou recentemente no The Town, dividindo o palco com os jovens Matuê e MC Cabelinho

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 20/09/2023, às 09h30

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Ney Matogrosso (Foto: Getty Images)
Ney Matogrosso (Foto: Getty Images)

Ao longo de sua carreira, Ney Matogrosso nunca se mostrou fechado a artistas que surgiram depois dele. O cantor trabalhou — em diferentes funções — com vários nomes célebres de gerações posteriores da música brasileira, a exemplo de Cazuza, Simone, RPM, Leoni, entre vários outros.

No alto de seus 82 anos, a mentalidade não mudou. Em entrevista à Veja durante o The Town, evento dos mesmos criadores do Rock in Rio, o lendário vocalista refletiu sobre a geração atual de artistas nacionais. Na ocasião, destacou ter conhecido pessoalmente Matuê e MC Cabelinho, também atrações do festival.

“Acho que a gente tem de ser receptivo às pessoas que chegam. Conheci o MC Cabelinho e o Matuê, achei os dois uma gracinha, simpatizei de cara. Eles me trataram muito bem, e eu tratei eles muito bem também. Não tenho esse tipo de pensamento como ‘ah, o antigo é que era bom’.”

Na sequência, Matogrosso apresentou uma reflexão sobre suas canções estarem em voga ao mencionar, por exemplo, se são ou não executadas nas rádios. O cantor não acredita que artistas mais jovens estejam tirando o seu espaço ou algo similar.

“Essa história de tocar em rádio, por exemplo, eu já desisti. Nem penso mais nisso. Antigamente eu aparecia muito no rádio, agora bem menos. Houve um momento em que fiquei pensativo com relação a isso, mas hoje em dia não sou mais. Está tudo certo. Continuo trabalhando, tenho minha vida. Se eu fosse achar que dependia de alguém ou de alguma coisa, não tocaria meu barco. Sou Independente Futebol Clube em todos os sentidos.”

Ney Matogrosso, The Town e Rock in Rio

A presença de Ney Matogrosso na primeira edição do The Town, ainda que no segundo dia, foi simbólica. Foi ele o responsável por fazer o show inaugural do Rock in Rio, em 1985.

Diferentemente da bem-recebida apresentação no evento paulistano, o cantor sofreu um pouco nas mãos de parte do público no festival carioca. Como havia sido escalado para abrir apresentações de Queen, Iron Maiden e Whitesnake, acabou que Ney foi recebido de forma hostil.

“Foi porque me escalaram em um dia um pouco errado: era a noite dos metaleiros. Claro que eles estranharam. Eu vestindo só uma tanguinha de onça e cantando MPB. Mas o alvoroço não foi na plateia inteira, deve ter sido na primeira fileira. Alguns metaleiros tinham levado ovos cozidos para comer e jogaram em mim. Mas eu só chutava de volta neles e pronto. Não teve trauma. Vou esquentar? Sofrer por causa disso? Não.”
Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.