RELEITURA

A opinião de Tracy Chapman sobre a versão country de 'Fast Car'

Artista refletiu sobre a experiência de tocar um de seus maiores hits ao lado de Luke Combs durante a cerimônia do Grammy

Por Tomás Mier, da Rolling Stone

Publicado em 05/04/2025, às 09h02
Tracy Chapman (Foto: Kevin Winter/Getty Images)
Tracy Chapman (Foto: Kevin Winter/Getty Images)

Artigo publicado em 4 de abril de 2025 na Rolling Stone. Para ler o original em inglês, clique aqui.

Tracy Chapman deu sua primeira entrevista em anos nesta sexta-feira, 4, e falou sobre o ressurgimento de "Fast Car" graças a uma versão cover de Luke Combs. A artista refletiu sobre sua performance da canção ao lado de Combs no Grammy 2024 e revelou como foi ouvir um de seus principais sucessos em uma releitura country.

"Foi incrível, um momento muito emocionante por várias razões. Luke é uma pessoa adorável", disse Chapman ao jornal New York Times. "Antes de decidir fazer isso, tivemos uma boa conversa e estávamos na mesma sintonia sobre como conduzir a apresentação. Foi daí que tudo começou." 

A artista disse que estava "chorando" quando chegou ao espaço de ensaio acompanhada pelos músicos que estiveram com ela muitos anos antes — Sua última turnê foi em 2009. Chapman afirmou que foi ideia dela reunir a banda original novamente: o guitarrista Joe Gore, David Kershenbaum (que produziu o álbum de estreia de Chapman), Larry Klein no baixo, Denny Fongheiser na bateria e Larry Campbell no violino. 

É minha equipe. Eu tive alguns caras com quem trabalhei ao longo dos anos, para som e luz, e todos apareceram. Então, realmente foi algo muito emocionante. Todas aquelas pessoas apareceram para o Grammy, e sou muito grata por isso. Eu fiz tudo que pude para me preparar para a performance." 

Chapman disse que podia sentir a reação do público, mas tentava não se distrair com as pessoas na plateia. "Mas eu percebi. Acho que parte disso também é que foi divertido!" explicou. "A coisa louca sobre eventos como esse é que você planeja e planeja e planeja — levou muito tempo para colocar tudo isso junto — e então acaba em um instante. E logo após, você não tem noção do que fez. Mas eu sabia que conseguimos fazer uma ótima apresentação."

Refletindo sobre a versão de Luke Combs da canção, Chapman disse que nunca havia sonhado que "Fast Car" se tornaria uma música country, mas que isso parecia um ciclo completo para ela — a faixa até ganhou o prêmio de Canção do Ano no prêmio country CMA Awards2023.

"Porque eu comecei a tocar violão quando era muito jovem, e acho que a razão pela qual quis tocar violão foi porque vi 'Hee Haw' [programa de televisão com música country]. Minha mãe realmente adorava, e eu amava os violões, o som, a aparência", disse ela. "Mas acho que o que está fazendo essa conexão é que 'Fast Car' é uma canção narrativa, e essa é a base de muita música do gênero. Pessoalmente, nunca presto muita atenção ao gênero. Não considero relevante ou interessante separar as coisas apenas pelo estilo delas." 

É uma surpresa agradável que a canção tenha encontrado esse novo lar. Eu não teria previsto que iria por esse caminho, mas a música já foi regravada bastante e existem versões dançantes dela. Não posso dizer que teria pensado nisso também."

A entrevista com Chapman ocorreu enquanto ela promovia uma edição em vinil do seu álbum de estreia homônimo, que completa 37 ans de lançamento. Ela disse que foi "surreal" revisitar o LP e que isso a levou de volta ao estúdio com Kershenbaum, que produziu o disco. "Eu não me permiti ter muitos momentos de nostalgia", comentou. 

Na entrevista, a cantora também admitiu que embora ainda ouça música, prefere edições físicas em vez de streaming. "Eu ainda ouço música. Não escuto tanto quanto costumava e talvez agora eu vá me comprometer ou alguém vai me chamar de ludista [movimento criado por trabalhadores ingleses no século XIX notável pela destruição de máquinas como forma de protesto], mas eu não ouço música no streaming", disse ela. "Eu só compro música em formato físico. Os artistas recebem quando você realmente compra um CD ou o vinil. Isso é importante para mim. Então, em certa medida, isso limita o que eu ouço, porque é um compromisso físico sair pelo mundo e encontrar coisas, mas ainda assim vou às compras."

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