Músico do Pink Floyd admite que tentou seguir por outro caminho no instrumento, mas não conseguiu — e ainda bem que aconteceu dessa forma
Publicado em 26/11/2024, às 11h43
Quando usada no contexto da música, a expressão “feeling” busca expressar justamente o seu significado na tradução: artistas que conseguem evidenciar sentimentos em suas performances. E no campo da guitarra, poucos são tão reconhecidos por tal predicado como David Gilmour.
Muitos tentam imitar, mas praticamente ninguém consegue emular por completo a forma de tocar do guitarrista do Pink Floyd. Não há equipamento capaz de reproduzir: é algo que está nas próprias mãos e, claro, no raciocínio musical.
Em entrevista a Rick Beato (via Guitar World), Gilmour tentou buscar uma explicação para seu estilo. Segundo ele, a origem está no fato de que ele nunca foi um guitarrista veloz. Embora tenha trabalhado bastante no início para se tornar mais ágil, suas inspirações artísticas o mantiveram em outra seara.
“Quando mais jovem, houve um tempo onde pensei que conseguiria ficar mais veloz se praticasse o suficiente, mas isso nunca aconteceu. Algumas das influências em mim, como The Shadows [banda instrumental que também tocava com Cliff Richard], consistiam apenas em tocar a música. Acho que venho daí: estou apenas tocando a música. Mas é claro que quando você está com uma parede de som no palco, com 150 decibéis, as músicas mudam um pouco.”
Não quer dizer, porém, que David Gilmour não tenha se aprimorado na guitarra. Ainda que não seja um “fritador”, o músico do Pink Floyd desenvolveu caprichosamente seu repertório de técnicas como o uso de vibrato (usar o dedo no braço do instrumento para fazer pequenas elevações como se “vibrasse” a corda) e bend (levantar ou abaixar a corda até chegar a uma nota diferente), além de dominar a alavanca.
Especificamente a respeito do vibrato, Gilmour declara que não trabalhou de forma consciente nessa habilidade: surgiu de forma natural. Já com relação à alavanca, ele explica o raciocínio: trabalhar com os dedos no braço do instrumento de modo cooperativo com ela, como se fossem uma coisa só.
Ainda assim, o próprio aponta uma falha em seu modo de tocar. Ele reconhece que, às vezes, se excede no tempo e faz solos um pouco longos.
“Estou seguindo por muito tempo, hora de parar. Só toco até pensar: ‘oh, talvez a gente termine agora’. Muitos dos solos têm uma deixa musical, a banda sabe que os próximos compassos serão os últimos.”
Os fãs puderam desfrutar de tudo isso nos últimos meses com o lançamento do álbum mais recente de Gilmour, Luck and Strange, e uma curta série de shows na Europa e América do Norte, já concluída. Ainda não se sabe se o guitarrista realizará novas apresentações em 2025.
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.