A pior época do Pink Floyd, segundo David Gilmour
História da banda ficou marcada por série de conflitos, mas guitarrista acredita que fase em especial se tornou insuperável no pior sentido
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 04/03/2025, às 10h00
A formação clássica do Pink Floyd passou por uma série de conflitos ao longo dos anos. Desde a década de 1970, havia uma espécie de disputa pelo controle criativo da banda, assumido pelo baixista Roger Waters. No entanto, os piores momentos do grupo se deram nos anos 1980.
Ao menos esta é a opinião do guitarrista David Gilmour. Em entrevista de 1987 à Rolling Stone EUA (via site Igor Miranda), o músico definiu o período que gerou o álbum The Final Cut (1983) como o ponto mais baixo da trajetória do grupo.
O sucessor do multiplatinado The Wall (1979) não conseguiu repetir o padrão de sucesso alcançado pela banda nos anos anteriores. Com letras inspiradas na Guerra das Malvinas e uma série de referências à história pessoal de Waters, o disco vendeu menos que todos aqueles lançados após Meddle (1971).
Gilmour comenta:
“[Foi um período] Muito miserável. Até Roger diz que foi um período miserável — e foi ele quem o tornou assim, pelo menos na minha opinião.”

As discordâncias entre ambos eram fundamentadas, basicamente, na direção criativa do Pink Floyd. David acreditava que várias músicas de The Final Cut não se mostravam boas o suficiente para entrar no disco. O baixista, por sua vez, criticava o guitarrista por deixar de ajudar nas composições, deixando tudo em suas costas.
Em outra entrevista, nos anos 2000, Gilmour reforça o seu ponto. Apesar das letras não estarem de acordo com seus posicionamentos, o problema era outro.
“Havia todo tipo de discussão sobre assuntos políticos, e eu não partilhava das visões dele. Mas nunca, jamais, quis ficar no caminho dele de expressar a história de The Final Cut. Eu simplesmente não achava que algumas das músicas estavam à altura.”

Roger Waters comenta seu álbum final com o Pink Floyd
Curiosamente, Roger Waters parece concordar com David Gilmour: o período de The Final Cut foi o pior do Pink Floyd, ao menos internamente. Em entrevista de 1987 a Chris Salewicz, ele refletiu:
“The Final Cut foi um tormento de se fazer, embora eu o tenha ouvido ultimamente e goste muito dele. Mas eu não gosto do modo que cantei nele. Você pode ouvir uma tensão louca por toda parte. Como se eu estivesse tentando expressar algo, mas sendo impedido porque estava muito tenso. Foi uma época horrível. Estávamos todos brigando como cães e gatos.”
Ainda segundo Waters, The Final Cut representa o momento em que ele e seus colegas percebem — ou aceitam — que não existia mais uma banda. Assim, pouco surpreende sua decisão de sair em 1985, levando a uma disputa judicial pelo nome do Pink Floyd, vencida por Gilmour e o baterista Nick Mason.
“Ao todo, The Final Cut vendeu três milhões de cópias (até 1987), o que não é muito para o Pink Floyd. Como consequência, David Gilmour saiu dizendo: ‘aí está, eu sabia que ele (Waters) estava errado o tempo todo’. Mas é ridículo julgar um disco apenas pelas vendas.”
Apesar do apreço de Waters, The Final Cut é pouco representado em seus shows solo. Em sua turnê mais recente, This is Not a Drill, apenas uma canção desse disco era tocada: “Two Suns in the Sunset”. De acordo com o Setlist.fm, a faixa do trabalho em questão que mais ganhou espaço nos setlists é “Southampton Dock”, com 266 performances — a mais recente em 2008.
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