Cantor realizou shows em duas turnês com o Iron Maiden, uma solo e outra em tributo a Jon Lord, além de três palestras; retorno acontece em setembro de 2025
Publicado em 17/12/2024, às 19h16
Não dá nem para brincar sobre trazer um CPF para Bruce Dickinson porque talvez ele já até o tenha. O vocalista do Iron Maiden vem tanto ao Brasil que encontra-se no estágio onde é preciso providenciar Bilhete Único e Cartão Nacional de Saúde (CNS) do Sistema Único de Saúde (SUS).
Somente desde a retomada das viagens pós-pandemia, Dickinson esteve no país para compromissos públicos em sete ocasiões distintas. Ou seis, a depender do referencial, visto que duas situações se deram em datas muito próximas. E já sabe quando estará de volta: em setembro, como atração do The Town 2025.
Além de shows com o Maiden e em carreira solo, o multifacetado cantor — que também é piloto de avião com experiência em voos comerciais, escritor, historiador graduado, esgrimista que já competiu internacionalmente, radialista, apresentador de TV e mestre cervejeiro — veio para realizar palestras de temáticas distintas.
A primeira visita ocorreu para um compromisso que estava marcado há um bom tempo, mas teve de ser adiado justamente em função da covid-19. O Iron Maiden era uma das atrações do Rock in Rio 2021, que acabou transferido para 2022. Com sua turnê Legacy of the Beast, a banda inglesa também tocou em Curitiba, Ribeirão Preto e São Paulo, entre agosto e setembro de 2022.
Sobre a apresentação no Rock in Rio, o site Igor Miranda destacou à época:
“Faz tempo que o Iron Maiden é criticado por algumas escolhas de setlist. A banda parece priorizar músicas que funcionem melhor como sexteto, o que dá mais espaço para algumas canções mais progressivas. Mas boa parte dos clássicos está ali. [...] Musicalmente, segue beirando a perfeição. O trio de guitarras é imbatível: até mesmo Janick Gers, por vezes criticado por suas ‘acrobacias’ e solos improvisados, mandou muito. Nicko McBrain é uma força da natureza e o verdadeiro regente do grupo. O baixo de Steve Harris não apenas oferece sustentação, como também tem seus momentos de brilho. E Bruce Dickinson, o mais comentado ao longo do texto, segue desafiando sua idade.”
Em novembro do mesmo ano, Bruce participou da Rio Innovation Week, evento voltado a inovações de mercado que também contou com o cineasta Spike Lee, a empresária e influenciadora Bianca Andrade (Boca Rosa), entre outros. Na ocasião, conforme apontado pelo jornalista Pedro Hollanda para o site Igor Miranda, o artista discursou por 30 minutos sobre a necessidade de que o mundo dos negócios compreenda a importância das pessoas.
“Dickinson ressaltou a importância de combater mudanças climáticas enquanto detonava soluções fajutas dadas por gigantes de tecnologia — como o metaverso e criptomoedas, que ele categorizou como ‘imorais’. No geral, deu uma palestra tradicional de um evento de negócios, ainda que colorida pelo carisma de um dos maiores vocalistas da história do metal. Ele conseguiu fazer a plateia rir em meio a piadas sobre o tamanho dos mosquitos brasileiros e histórias sobre seu diagnóstico de câncer na garganta em 2015.”
Em abril de 2023, dois compromissos distintos, mas próximos em data a ponto de não se saber se ele voou de volta para casa para depois retornar ou se ficou por aqui. Entre os dias 15 e 25, realizou quatro shows no Brasil (São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre) com um projeto que homenageiaJon Lord, saudoso tecladista do Deep Purple, com a execução do álbum orquestrado Concerto for Group and Orchestra (1969). Já no dia 29, palestrou durante uma hora para o público do festival Summer Breeze Brasil, no Memorial da América Latina, na capital paulista. Conforme o jornalista André Luiz Fernandes, em texto para o site Igor Miranda, o bate-papo desta vez teve caráter mais informal.
“Tomando como base a autobiografia Para que Serve Esse Botão?, Dickinson trouxe memórias de sua infância em Sheffield, falou sobre seu início na música (como baterista, mas possuindo apenas um bongô) e só então chegou aos grandes projetos, como a companhia aérea que comanda atualmente, o investimento na maior aeronave do mundo e, é claro, as cervejas do Iron Maiden.”
Mais uma vez em novembro, só que de 2023, Bruce Dickinson retornou como uma das principais atrações da CCXP, evento de cultura geek que nada tem a ver com heavy metal. Em sua “skin” de palestrante, o vocalista apresentou aqui os primeiros detalhes do que viria a ser The Mandrake Project (2024), seu então novo álbum solo, disponibilizado junto de uma graphic novel — que, aí sim, tem relação com a CCXP.
Àquela altura, ele já havia anunciado sete shows no Brasil para abril e maio de 2024. E tais apresentações de fato aconteceram, em Curitiba (quando visitou a fábrica da Bodebrown, que produz as cervejas do Iron Maiden no Brasil, e ainda recebeu o título de cidadão honorário curitibano), Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e São Paulo. Em trecho de resenha para o site Igor Miranda, o jornalista Guilherme Gonçalves fez a seguinte observação ao acompanhar a apresentação na capital federal:
“Enérgico, provocativo e disposto a tirar o séquito de fãs do Iron Maiden da zona de conforto. Essa foi a tônica de um Bruce Dickinson que, para além da já decantada performance vocal irrepreensível, entregou um show de excelência. [...] Desta vez, com os holofotes apontados não para o Maiden, mas para músicas que, mesmo sem serem contempladas há décadas, envelheceram muito bem e mereciam esse resgate.”
Nos últimos dias 6 e 7 de dezembro, o Iron Maiden realizou, no Brasil, os dois últimos shows da turnê The Future Past. Ambos aconteceram no Allianz Parque, em São Paulo. Tais ocasiões também marcaram a despedida do baterista Nicko McBrain, que, após 42 anos de banda, irá se aposentar dos palcos. Simon Dawson (British Lion, The Outfield etc) ocupa o posto.
A respeito da primeira apresentação — ocorrida quando o público ainda não sabia que McBrain deixaria o grupo —, o site Igor Miranda reflete:
“Tempo se mostra uma questão sensível para um Iron Maiden que concluiu seu show fazendo promessas de um retorno ‘para daqui dois anos’ e um Nicko McBrain ovacionado por conseguir se apresentar tão bem após superar problemas de saúde. Como ele, Bruce Dickinson também venceu uma doença grave. Nossos ícones do heavy metal não são mais garotos e sabem disso. [...] Até agora, porém, não há sinais de que o Maiden vai pendurar as chuteiras. Notou-se neste show, o penúltimo da especialíssima turnê The Future Past, que há tanto vigor físico — apesar dos pesares — e artístico a ponto de o sexteto fazer qualquer fã pensar: esses caras têm o tempo em seu favor.”
A vindoura passagem pelo The Town está marcada para o dia 7 de setembro, na data chamada de “dia de rock” pelos organizadores. O palco Skyline terá Green Day, Bruce Dickinson, Sex Pistols (com Frank Carter) e Capital Inicial. No palco The One, haverá Iggy Pop, CPM 22, Pitty e Inocentes + Supla.
Detalhado:
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.