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Música / ADMIRAÇÃO

A surpreendente opinião de Kate Bush sobre o punk rock

Enquanto vários artistas de outros segmentos rejeitavam o estilo na década de 1970, cantora britânica reservava elogios

Igor Miranda
por Igor Miranda

Publicado em 19/10/2024, às 08h00

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Kate Bush (Foto: Dave Hogan/Getty Images)
Kate Bush (Foto: Dave Hogan/Getty Images)

O punk se desenvolveu na década de 1970 como uma resposta aos excessos de outros estilos de rock e à forma como operava a “ordem vigente” na indústria musical como um todo. Em função disso, vários artistas de segmentos diferentes criticavam o subgênero em questão. Não era o caso de Kate Bush.

A cantora britânica despontou em 1978, período em que o punk também estava em alta. Seu single de estreia, “Wuthering Heights”, mostrava logo de cara que seu som era bem diferente do que era feito, por exemplo, pelo Sex Pistols.

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Mesmo assim, ela expressou admiração pela banda punk em entrevista à Melody Maker (via Louder). A artista disse:

Admiro muito essas bandas e admirava tremendamente o Sex Pistols. Eu os admirava tanto pela sua originalidade quanto pela coragem. Estão atingindo pessoas que precisam de estímulo. Estão atingindo pessoas cansadas, entediadas, que querem arrancar seus cabelos e pintar o rosto de verde. Estão dando às pessoas o estímulo para fazer o que quiserem, e acho que estou fazendo pessoas pensarem sobre fazer algo assim, se isso.”

Argumento similar foi utilizado quando Bush expressou admiração pelo punk como um todo. Em entrevista de 1978 à revista americana Trouser Press (via Louder), a artista refletiu sobre o impacto do movimento no Reino Unido:

Kate Bush (Foto: Dave Hogan/Getty Images)

O punk fez muito por mim na Inglaterra. Pessoas estavam esperando por algo novo sair; algo com emoção. Se você tem algo a falar para as pessoas, simplesmente desembucha.”

Kate Bush explica diferenças de abordagem

Na entrevista com a Melody Maker, contudo, Kate Bush explorou as diferenças de abordagem. Quando o jornalista lhe perguntou qual a diferença entre a proposta de sua música comparado ao punk, Kate Bush respondeu:

Eu provavelmente trabalho mais o aspecto emocional, o intelecto. Eles estimulam algo mais visceral, no corpo. Fazem o organismo sair pulando. Esse é um jeito muito mais direto de atingir pessoas. Um soco é mais eficaz que um olhar.”

Sentimento recíproco

A admiração de Kate Bush pelo punk era recíproca. John Lydon, vocalista do Sex Pistols e depois do Public Image Ltd, era muito fã do trabalho da cantora. Chegou ao ponto de uma vez até compor uma música para ela, “Bird in Hand”, que nunca foi gravada.

A história foi contada por Lydon em entrevista de 2007 à Uncut (via Louder). Ele disse que a colaboração nunca saiu do papel por causa de um possível mal entendido:

Anos atrás, eu mandei pra ela uma música que havia composto. Não acho que ela entendeu. Era chamada ‘Bird in Hand’. Era sobre a exportação ilegal de papagaios da América do Sul. Não, não dê risada! É um assunto sério. É cruel. Mas ela pode ter pensado ser uma referência a ela, o que não era de jeito algum! Mas ela é uma mulher maravilhosa, super inovadora e criativa. Uma de nossas melhores.”

É improvável que algo mude mesmo com a explicação do eterno Johnny Rotten. Hoje com 66 anos, Kate Bush não lança material inédito desde 50 Words for Snow, disponibilizado em 2011. Seus shows mais recentes aconteceram em 2014 — a artista realizou pouquíssimas apresentações ao vivo ao longo de sua carreira.

Colaborou: Pedro Hollanda.

Igor Miranda

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.