“PÉ NO SACO”

A única coisa que Adrian Smith odeia fazer no Iron Maiden

Guitarrista conseguiu imprimir sua criatividade na banda, mas uma parte específica do processo criativo o deixa “de saco cheio”

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 18/03/2025, às 14h41 - Atualizado às 14h42
Adrian Smith, do Iron Maiden - Foto: Daniel Knighton/Getty Images
Adrian Smith, do Iron Maiden - Foto: Daniel Knighton/Getty Images

Adrian Smith não é do tipo que só aparece no estúdio ou no palco para tocar e ir embora. O guitarrista compartilha uma série de créditos autorais no catálogo do Iron Maiden, banda que, como se sabe, tem o baixista e líder Steve Harris como principal compositor.

Só não peça para Smith escrever letras para as canções. Em uma sessão de bate-papo após um evento no Grammy Museum em Los Angeles, no último dia 5 de março, o músico admitiu que só pensa nas palavras a serem cantadas quando estritamente necessário, pois acha esse processo “um saco”.

Conforme transcrito pelo Blabbermouth, Adrian abordou o assunto, inicialmente, ao ser convidado a refletir sobre sua parceria com o vocalista Bruce Dickinson. Os dois colaboram criativamente há um bom tempo, seja no Maiden ou na carreira solo do cantor. Algumas faixas assinadas por ambos incluem “Flight of Icarus”, “Sun and Steel”, “2 Minutes to Midnight”, “Moonchild”, “Speed of Light” e “The Writing on the Wall”.

“Acho que fui o primeiro no Maiden a ter um gravador multicanal nos anos 1980. Eu fazia demos com ele. Quando Bruce entrou na banda, costumávamos sair juntos porque não tínhamos namoradas regulares. Eu deveria reformular isso. Depois do ensaio, íamos para algum pub jogar sinuca. Começamos a compor juntos porque todos os outros iriam para casa com suas esposas enquanto nós saíamos e criávamos juntos.”


Os dois se completaram. Especialmente porque Smith não gostava de escrever letras, enquanto Dickinson adorava.

“Foi assim que começamos. Com ‘2 Minutes To Midnight’, eu tinha a música nessa pequena fita cassete. Eu só escrevo uma letra se for preciso, porque é um pé no saco. Às vezes você tem que fazer isso. Porém, Bruce simplesmente anda por aí com livros de letras o tempo todo.”
Bruce Dickinson e Adrian Smith, do Iron Maiden
Bruce Dickinson e Adrian Smith, do Iron Maiden - Foto: Richard Lewis/WireImage

Ainda durante a conversa, Adrian exaltou o lado criativo de Bruce. Na opinião do guitarrista, o vocalista é ágil ao apresentar soluções no processo de composição.

“Se você tem algo [musicalmente], ele terá algo muito rápido. Às vezes, eu invento uma melodia ou um título como ‘Speed of Light’ ou ‘The Writing on the Wall’, e isso o inspira. É um vai e volta.”

Adrian Smith e Bruce Dickinson solo

Em outro momento do bate-papo, Adrian Smith relembrou o período em que fez parte da banda solo de Bruce Dickinson. À época, ambos estavam fora do Iron Maiden. O guitarrista participou dos álbuns Accident of Birth(1997) e The Chemical Wedding (1998).

“Foi uma época muito divertida. Eu tinha um projeto chamado Psycho Motel e fiz alguns bons álbuns, mas o grunge estava bombando. Foi difícil. Enfrentamos muito obstáculos para montar uma turnê, então Bruce me ligou e disse: ‘ei, você tem que ouvir essas coisas que eu tenho composto com esse cara, Roy Z, em Los Angeles’. Ele me mostrou Accident of Birth e fiquei impressionado, era muito bom. Daí, ele perguntou se eu queria me envolver e eu aceitei.”

Smith se deu muito bem com Roy Z, guitarrista e produtor de Dickinson. O novo colega chegou a apresentar para ele uma forma diferente de se afinar a guitarra: drop-D, em que apenas a corda mais grave, mizona (E), é afinada um tom abaixo.

Roy era o cara da afinação drop-D. Aprendi a tocar as músicas, mas não sabia afinar drop-D, então afinei tudo em D (ré). Daí ele me mostrou como fazer. Aprendi muito com ele. Ele também é professor de guitarra, um virtuoso, me deu dicas. Amo trabalhar com pessoas diferentes, pois você aprende e cresce. Tenho orgulho desses álbuns.”

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