Amabbi compartilha sua visão de mundo no 1° álbum da carreira, Versos e Voos
A artista lançou o primeiro álbum da carreira, Versos e Voos, em 2024, com participações de NP Vocal, Buda, Xamã, FBC, Dudu e Marquinhos no Beat
Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo)
Publicado em 14/01/2025, às 17h292024 foi um ano especial para Beatriz Carvalho Nascimento, mais conhecida como Amabbi. Nascida em São Paulo, a artista lançou diversos singles e um EP desde 2022, quando deu início à trajetória artística. Mas foi no ano passado que Versos e Voos (2024), seu primeiro álbum, chegou para mostrar ao público uma versão mais madura da cantora.
À Rolling Stone Brasil, a artista revelou que as músicas foram nascendo de maneira despretensiosa e só depois de um tempo ela percebeu que o material poderia tornar um projeto maior. A ideia inicial era se distanciar um pouco do trap, gênero que no qual ela trabalhava com mais frequênca até o momento. "Queria algo que pudesse tocar com banda," conta.
O nome foi baseado no livro Entre Versos e Voos (2021), de Ive Lima. "Ela fala sobre como é a visão dela da metamorfose, a visão dela do mundo feminino," relembra. Se a autora tem na escrita a melhor maneira de expressar sua visão de mundo, Amabbi faz isso com as canções. "Lendo o livro, eu me perguntei como eu enxergo o mundo."
Para mim, o mundo se move pelo sentimento. E eu falo muito sobre sentimentos. É a reposta que a Ive Lima me fez chegar: 'O que move o mundo para você?', para mim é o sentimento.
Amabbi conta que ler poemas a ajuda nas composições e cita Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente (2017), de Igor Pires da Silva como um dos livro e a trouxe mais para perto do gênero. "Mas eu gosto muito de ler sobre investigação criminal," revela. As referências também vêm de ícones da música como Tim Maia, ela cita Racional (1975), por exemplo.
Sem espaço para rótulos
Ao longo das faixas de Versos e Voos, conseguimos identificar elementos de gêneros musicais como R&B, samba rock e pagode. Amabbi não atribui um ritmo específico para o disco, mas prefere dividi-lo em três fases: o casulo, a crisálida e a borboleta.
"Tem vários momentos para vários tipos de pessoas," explica. "Para ser um álbum que várias pessoas possam escutar, ele tem que atribuir vários gêneros." A partir disso a artista se permite brincar e explorar os mais diversos gêneros - e, cá entre nós, a escolha é acertada.
Durante o processo de produção o caldeirão de Amabbi foi se enchendo de referências, ela conta que quando enviou "Meu Tempo" para Dudu, ele indicou para ela o clássico Tábua de Esmeralda (1974), de Jorge Ben Jor. Além disso, ela traz consigo os artistas que escuta desde a infância, como Alcione, o já citado Tim Maia, Elis Regina, Cazuza, Caetano Veloso. Ela conta inclusive que prepara versões de algumas das músicas desses artistas para o palco.
O gospel também influencia a música da cantora. "Meu avô era pastor do reteté," brinca. "Minha mãe tocava teclado, orgão e piano na igreja. Meus primos todos e meu irmão tocavam também." A veia musical da família veio em boa hora, todos participam do álbum. "Eu precisava de um coral, então chamei a família toda."
Foi da família também que vieram alguns dos conhecimentos musicais — como o pagode do Art Popular e o rap dos Racionais MC's - e é para a família que ela dedica algumas de suas canções. "Fiz 'Vinho no Bar' para uma prima que dança samba rock com o marido dela."
Convidados especiais
As três fases cantadas por Amabbi ganham uma nova camada com as participações de NP Vocal, Buda, Xamã, FBC, Dudu e Marquinhos no Beat. Ela conta que já tinha uma ideia de quem ela queria que estivesse no disco.
Ela conta que ela e FBC têm outras músicas que não serão lançadas porque "já passou." Buda foi a última a entrar no disco e Amabbi a chama de "a cereja do bolo". Apesar de serem amigos há algum tempo, ela e Dudu ainda não tinham um trabalho juntos.
"Money," faixa em parceria com Xamã foi feita em horas e, inicialmente, não estaria no álbum. Mas para a artista, foi uma maneira de sinalizar que não abandonou o trap, apesar do foco de Versos e Voos não ser o gênero. Essa não foi a única faixa que ficou de fora, mas a artista faz mistério sobre o futuro das canções que ainda não viram a luz do dia. Uma coisa é certa: Amabbi mostrou que sabe muito bem o que faz com seus versos e voos.