ENTREVISTA

Amaríssima: Melly explora as faces do amadurecimento em álbum de estreia

Primeiro disco da cantora e compositora baiana ainda traz participações especiais de nomes como Liniker e Russo Passapusso

Pedro Figueiredo (@fedropigueiredo)

Publicado em 08/07/2024, às 16h37
Melly (Foto: João Arraes)
Melly (Foto: João Arraes)

Melly foi a artista revelação do Prêmio Multishow em 2023. A baiana que se projetou no cenário da música com o single "Azul" mostrou que pretende alçar voos ainda maiores com o álbum de estreia, Amaríssima (2024). O projeto foi feito a partir do patrocínio do Natura Musical, por meio da seleção em edital, e do Governo do Estado da Bahia, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.

A artista classifica o processo de produção do disco como uma "caminhada espontânea" e explica que as coisas aconteceram no momento em que tinham que acontecer. Em conversa com a Rolling Stone Brasil, Melly recorda que após o lançamento de "Azul," e com a flexibilização da pandemia, os shows passaram acontecer em outro fluxo.

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"Me inscrevi no Natura Musical, ainda bem, porque eu consegui organizar esse disco. Depois que fui aprovada a gente só meteu mão em tudo," explica. "Eu já tinha, de certa forma, o conceito, já tinha entendido que eu ia falar sobre a minha verdade e é o que eu sei fazer no momento."

 A verdade de Melly passa por temas como o amor e o amadurecimento. Um processo que, para ela, tem acontecido em frente de milhares de pessoas, como a própria artista reflete. "É uma faca de dois gumes. Eu aprendi música como um diário, sou uma pessoa tímida, mas também tem outras pessoas que aprendem a lidar com os sentimentos me ouvindo."

Melly (Foto: João Arraes)

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Apesar da pouca idade, a artista mira alto. Melly revela que a primeira inspiração dela foi Amy Winehouse. "Minha tia Letícia me apresentou um CD com uma gravação de um show dela, aquele Black To Black (2006). Quando eu vi eu fiquei 'Desgraça! Muito bom,' fiquei apaixonada." O disco ainda a levou a aprender inglês.

"Nacionalmente, tem tudo que se envolve que eu ouvia, meu pai como músico me apresentou muitas coisas," conta a artista. Nomes como Caetano, Djavan, Gil, Novos Baianos, Elza Soares, João Gilberto também serviu de inspiração para a artista, que também bebe na fonte dos artistas de gerações mais próximas a dela.

Gente que eu estou escutando agora: Luedji [Luna], Liniker, Yoùn, Sued [Nunes], Iuna Falcão, Rachel Reis. Iza, gosto muido dela. Marina Sena, Duda Beat. Los Hermanos, adoro Los Hermanos. Muita gente.

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Melly mistura influências e traz para o disco faixas com uma percussividade muito presente. A artista brinca com ritmos como o samba-reggae e o ijexá, passando também pelo afoxé. Levar isso para o estúdio exigiu da artista um fluxo de pensamento que a faz chegar na conclusão de que "amadurecer, sinestesicamente, me remete ao amargo."

Sair da zona de conforto para evoluir é o fio narrativo que une música e vídeo — o disco conta com um complemento audiovisual que ilustra as canções e mostra uma faceta cênica de Melly. Metódica, como se classifica, a artista assina a direção musical do álbum, além de trabalhar também na produção.

Melly (Foto: João Arraes)

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Encontros e participações

Amaríssima conta com participações luxuosas. Melly trouxe Liniker e Russo Passapusso para o disco. "Duas pessoas que a vida me agraciou," diz a cantora. O vocalista do BaianaSystem teve um papel para além da participação na faixa "Rio Vermelho." "Ele me deu as chaves do estúdio dele, disse que eu podia fazer o que quisesse, que era só avisar. Eu avisava e estava lá a semana inteira," relembra. O artista ainda ajudou com referências que a ajudaram a nortear a produção do disco.

"Liniker foi um encontro de almas," diz Melly. "A gente se parece muito no sentimentalismo, somos dias mulheres incrivelmente sentimentais, cancerianas e a gente tem uma energia bastante similar." Ela conta que não lembra exatamente as situações em que conheceu os dois artistas, mas se mostra grata pelos encontros - e nós agradecemos pelos resultados deles.

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A cantora faz questão de dizer que os dois são referências para ela, Melly se recorda de ouvir Liniker e Russo no começo da adolescência. Agora, ela também começa a se enxergar nesse lugar de referência para outras pessoas.

Ela também conta que tem "diversas" pessoas com quem sonha em colaborar. "Quero fazer uma música cm Caetano, Luedji também. A gente já tem uma canção juntas, mas eu não consegui terminar a produção ainda.H.E.R., imagina bota ela pra cantar em português?"

Melly (Foto: João Arraes)

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Multiartista

A cereja do bolo de Amaríssima é o curta-metragem, idealizado por Edvaldo Raw, com roteiro da cantora. "Transformamos o disco na trilha dessa história, ele juntou uma equipe incrível e montaram essa história," conta.

Melly confessa que se jogou na atuação para o projeto. "Tive uma conversa interna um dia antes comigo, falei: 'Melly você vai conseguir' e no dia do set eu me joguei com tudo," revela. Apesar de não ter muita experiência na área, dá para notar que ela leva jeito. Ela não descarta inclusive a possibilidade de fazer mais trabalhos como atriz.

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Se amadurecer é desconfortável, Melly faz disso poesia e consegue estabelecer uma conversa com seus fãs da maneira mais pura. Amaríssima é um convite para o mundo dela, sem deixar de conversas com os universos particulares de cada um, não poderia ser mais doce.

Melly (Foto: João Arraes)