Cantora se incomodava com participação indesejada de Paul McCoy fazendo raps na música, mas diz não se importar mais com isso
Publicado em 14/11/2024, às 19h48
O maior hit do Evanescence traz uma lembrança conflituosa para Amy Lee. Presente no álbum Fallen (2003), a música “Bring Me to Life” conta com uma participação especial de Paul McCoy, vocalista do 12 Stones, que não era exatamente desejada pela cantora e compositora.
Lee acabou cedendo porque, segundo ela, o desejo da gravadora Wind-up era que “oito das 11 músicas do disco” tivessem vocais rap feitos por um homem, aproveitando o sucesso do nu metal no período. Nas outras sete, não há — somente naquela que se tornaria o grande sucesso da banda.
Em entrevista de 2023 à Kerrang! (via site Igor Miranda), Amy descreveu como “horrível” o estresse daquela época. Porém, após tanto tempo renegando a versão gravada de “Bring Me to Life”, ela diz estar em paz com a canção.
Se eu ainda gosto de ‘Bring Me to Life’? Eu realmente gosto. É linda. A progressão no início, a maneira como o acorde vai e volta com apenas a nota do meio mudando, isso é tão eu. Eu sempre me pego voltando para essa vibe. Então, sim, eu ainda amo essa música, a letra, tudo isso. A energia que o rap pós-ponte traz é realmente especial.”
Não quer dizer que ela não tenha um momento “menos preferido” no hit. Se o pós-refrão com McCoy é aprovado, as interações durante o refrão são pouco apreciadas. Só não são alvo de incômodo por parte dela.
Eu não amo tanto a parte que diz ‘wake me up’ no refrão, mas não me incomoda mais. Já fiquei incomodada porque pensei ‘isso não é a gente’, mas eu não sinto, 20 anos depois, que eu tenha que dizer isso de novo. Na verdade, se tivessem oito músicos de rap em Fallen, aí eu acho que não teria sobrevivido.”
Na visão de Amy Lee, a batalha para manter a identidade sonora do Evanescence sempre se mostrou um grande dilema. Ela comenta:
Lutar no lado comercial para conseguir o que queríamos sempre foi muito difícil. Sempre senti que era minha missão lutar por isso. Fui eu que pensei: ‘se você fizer pequenas mudanças, tudo bem, mas se toda essa ideia mudar, eu não quero isso’. A questão toda, para mim, era fazer algo que eu amasse e em que acreditasse.”
Apesar de tudo, deu certo. Lançado em março de 2003, o álbum de estreia do Evanescence, Fallen, foi um sucesso arrebatador. Apresentou hits como “Bring Me to Life”, “Going Under” e “My Immortal” e vendeu milhões de cópias no mundo todo — hoje, são registradas mais de 10 milhões de unidades comercializadas somente nos Estados Unidos.
Além disso, expôs ao mainstream um movimento que fundia influências góticas a um rock/metal de abordagem palatável — a ponto de fazer outros grupos com tais inspirações (e também com cantoras mulheres) chegarem ao estrelato. E, claro, serviu para dar segurança para que o Evanescence continuasse sua carreira fazendo o que bem entendesse.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.