Após ataques em Brasília, Pitty diz que #EleNão não era só sobre Bolsonaro

Segundo a cantora, slogan usado contra o agora ex-presidente nas eleições de 2018 era contra “pensamento autoritário, antidemocrático, a ideologia fascista vestida com roupa de missa de domingo”

Por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 12/01/2023, às 17h49
Pitty (Getty Images)
Pitty (Getty Images)

A cantora Pitty compartilhou uma reflexão nas redes sociais após os ataques antidemocráticos ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal do último domingo (8). Em uma mensagem publicada no Twitter, a artista voltou ao período de eleição do agora ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2018, para apontar qual era o real objetivo da mobilização contrária a ele.

Na publicação, Pitty destaca que a campanha #EleNão, muito disseminada durante as eleições, não tinha como intuito ser direcionada apenas a Bolsonaro. Tratava-se, de acordo com ela, de um ato antagônico ao que foi descrito como “pensamento autoritário e antidemocrático” e “ideologia fascista vestida com roupa de missa de domingo”.

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“Será que agora os omissos e coniventes entendem que o ‘ele não’ de 2018 não era, necessariamente, sobre um indivíduo? O ‘ELE’ do slogan é o pensamento autoritário, antidemocrático, a ideologia fascista vestida com roupa de missa de domingo.  Direcionar para quem propaga é a ação.”

Como era de se esperar, internautas na seção de respostas ao tweet apresentaram opiniões divididas. Uma usuária da rede chegou a questionar a cantora: “Então você aplaude o campo de concentração porque quem está lá não reza a sua ‘reza’?”, comparando o transporte dos autores dos atos antidemocráticos presos em flagrante ao Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.

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Pitty (Getty Images)
Pitty (Getty Images)

Em resposta, Pitty apontou: “Com todo respeito, a ‘pensadora por natureza’ (descrição do perfil da internauta) poderia aprender sobre a abominação que foi o Holocausto e o profundo significado para o povo judeu antes de mandar uma bobagem dessas”.

Crítica a quem cita Lei Rouanet ao responder posts políticos

Recentemente, Pitty demonstrou incômodo com uma parcela de internautas que a acusa de ter usado recursos da Lei Rouanet sempre que ela faz alguma publicação de caráter político nas redes sociais.

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Pitty (Divulgação)
Pitty (Divulgação)

Em post feito no último dia 2 pelo Twitter, a artista deixou claro nunca ter feito uso dos recursos obtidos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Ao mesmo tempo, destacou que métodos de incentivo à produção cultural devem existir para apoiar a arte e artistas independentes.

Em outra postagem, feita minutos depois, a cantora mostrou um dos comentários que recebeu em uma publicação sobre a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um internauta declarou: “Lei ‘Rouanet’ venceu!!”. A artista, então, rebateu: “Sabe, a vontade é [dizer] ‘teu cy, trouxa’; mas me tornei muito elegante para isso (além de c* ser algo relativo) (Twitter, não dá pra desenvolver...)”.

O posicionamento político de Pitty

Seja em músicas, shows, entrevistas ou publicações nas redes, Pitty está habituada a manifestar seu posicionamento político. Em junho de 2021, por exemplo, com uma referência à música “Na Sua Estante”, ela chegou a rebater internautas que reclamavam por ela, supostamente, ter “abandonado o rock” para “ficar com papinho de direitos iguais”.

O post rendeu mais de 100 mil curtidas e 10 mil compartilhamentos, além de milhares de comentários. Muitos fãs lembraram que Pitty apresentava o mesmo conteúdo militante desde os primeiros trabalhos de sua carreira.

Um deles, por exemplo, resgatou uma imagem de quando a cantora tocou no programa Altas Horas, da TV Globo, com a mensagem “nazi punks f#ck off” — ou “punks nazistas, caiam fora”, em tradução livre. Já outra citou músicas como “Teto de Vidro”, “Admirável Chip Novo” e “Máscara”, do primeiro álbum da artista. “Tantas letras aí que a pessoa que diz isso não entendeu. Péssimo”, declarou a fã.