As 60 melhores músicas de Kendrick Lamar, segundo Rolling Stone
Separamos melhores momentos de uma carreira que só teve pontos altos
Redação
A discografia de Kendrick Lamar possui uma profundidade sutil. Seu catálogo é tão repleto de joias que é fácil esquecer lançamentos que seriam marcos na carreira de outros artistas — como seu brilhante projeto de 2016, Untitled Unmastered, ou sua notável sequência de mixtapes lançadas nos anos que antecederam sua ascensão ao mainstream.
Quando se trata de hits, ele tem a capacidade de se superar de forma tão completa que cada sucesso substitui o anterior no nosso imaginário coletivo. “Swimming Pools (Drank)” é uma das maiores músicas da última década, e está no mesmo álbum (Good Kid, M.A.A.D City, de 2012) que “Backseat Freestyle”, que é, de alguma forma, ainda melhor. Seus álbuns instantaneamente icônicos, To Pimp a Butterfly e Damn, também estão repletos de clássicos. E, claro, ele dominou 2024 com “Not Like Us”, “Euphoria” e “GNX”.
Após fazer um show explosivo no Super Bowl 2025 e iniciar turnê em estádios com SZA (além de ser um dos destaques do Grammy 2025), Rolling Stone realizou uma lista das 60 maiores músicas do lendário rapper. Com um artista como Kendrick, que passou toda a sua carreira indo de um ponto alto a outro, essa tarefa é quase impossível. Mas, pelo menos, podemos dizer que tentamos:
60) “The Heart Pt. 2,” feat. Dash Snow
Kendrick sampleia uma gravação famosa do falecido artista Dash Snow nesta faixa de mixtape que serviu como uma introdução ao seu talento. É uma combinação adequada. Assim como Snow, Kendrick emergiria como uma das vozes mais intransigentes da cultura. Em “The Heart Pt. 2”, ele pinta um retrato vívido e urgente de um artista encontrando sua própria identidade. Sua voz se torna palpavelmente intensa em alguns momentos, um vislumbre dos versos livres e descomprometidos que ele logo entregaria em seus álbuns de estúdio. A faixa soa como a descoberta, em tempo real, de um talento que surge apenas uma vez a cada geração. — J.I.
59) “Keisha’s Song (Her Pain),” feat. Ashtrobot
“Keisha’s Song (Her Pain)” é um retrato épico tão assombroso que permanece com você muito tempo depois que a música termina. A empatia de Kendrick Lamar faz com que essa história trágica soe como um bálsamo reconfortante. Keisha está no bairro fazendo o que sempre faz. Mas só ele realmente a vê: ela é a filha ou irmã mais nova de alguém. Ele a homenageia, observando: “em sua mente, ela conseguiu chegar onde/Nada realmente importa.” A morte de Keisha no final também soa, de forma perturbadora, como uma redenção. — W.D.
58) “The Recipe,” feat. Dr. Dre
Em retrospecto, a colaboração tão aguardada de Kendrick Lamar com Dr. Dre soa como um caminho comercial que ele, no fim das contas, não seguiu. Mas ajudou a apresentá-lo — então considerado principalmente um queridinho da crítica — aos grandes nomes do rádio que, no final, determinam se um rapper alcança grandes sucessos nas paradas. Embora o trabalho de Lamar possa ser densamente impressionante, não há nada de confuso sobre o grave que sacode os alto-falantes, as rimas trocadas no microfone ou o refrão de “The Recipe”, que termina: “O que mais posso dizer? Bem-vindo a L.A.” — M.R.
57) “Hood Politics”
“Eu não dou a mínima para política no rap, meu mano”, nos diz Lamar na décima faixa de To Pimp a Butterfly. Inspirando-se em “Notorious Thugs”, de Notorious B.I.G., e “Imaginary Player”, de Jay-Z, seu discurso estilo “Estado da União” oferece uma visão onipresente do jogo, enquanto ele lança seu olhar de Compton ao Congresso, fazendo trocadilhos com democratas e republicanos (“Demo-Crips e Re-Blood-licans”) e descrevendo um encontro com o próprio Jay. — J.B.
56) “Kush & Corinthians (His Pain),” feat. BJ the Chicago Kid
Com BJ the Chicago Kid no refrão, a vibe neo-soul de “Kush & Corinthians” encapsula perfeitamente as preocupações de Kendrick Lamar: o medo da violência de rua repentina, o anseio por um compromisso espiritual mais profundo e reflexões sobre a vida e a sociedade. “Eu me pergunto se os olhos do Senhor olham para mim”, ele admite. “Ouça isso enquanto dirige, porque você nunca sabe/Quando uma bala pode te atingir e você morrer por isso.” — M.R.
55) “P&P,” feat. Ab Soul
A primeira música viral de Kendrick é uma melodia exuberante, mas marcada pela angústia: ele começa contando uma história sobre ter sido espancado e quase morto, depois questiona por que as pessoas recorrem ao sexo e ao álcool para lidar com a dor da existência. Como The Kendrick Lamar EP não está disponível nas plataformas de streaming, talvez os ouvintes estejam mais familiarizados com a sequência da faixa, “P&P 1.5”, de Overly Dedicated. — M.R.
54) “R.O.T.C. (Interlude),” feat. BJ the Chicago Kid
Não é uma homenagem ao fluxo escola-militar, mas um tributo a todas as vezes em que uma pessoa apaixonada quase se meteu em alguma besteira — aqueles momentos em que você está a uma ligação de distância da pior melhor decisão da sua vida. Aqui, Kendrick evoca seus próprios anos vivendo nesse limite, transmitindo sua fome inquieta por meio de uma série de imagens trágicas e pensamentos tentadores. Quando BJ the Chicago Kid entra cantando o refrão de “The Light”, de Common, é um bálsamo para quem conhece a realidade. — M.P.
53) “She Needs Me,” feat. Dom Kennedy and Murs
Na coletânea de ensaios Promise You Will Sing About Me: The Power and Promise of Kendrick Lamar, Ann Powers escreve que Lamar projeta “uma masculinidade atraente que não parece trágica, nem profundamente prejudicial às mulheres — você poderia até, às vezes, chamar sua música de feminista.” Embora críticos menos generosos possam discordar da visão de Powers, “She Needs Me” e a maneira como Lamar enquadra a atração de uma mulher em termos humanistas mostram como, em seu melhor, ele apresenta uma perspectiva mais complexa sobre as relações entre homens e mulheres do que a maioria de seus colegas. — M.R.
52) “Purple Hearts” feat. Summer Walker & Ghostface Killah
Só Kendrick Lamar consegue transformar uma declaração sobre o poder inefável do amor em um refrão pop grudento. Summer Walker adiciona algumas linhas sedutoras sobre os sacrifícios envolvidos (“não é amor se você nunca chupou minha bunda”), e Ghostface faz referência à Twilight Zone antes de encerrar com um apelo para ouvir as estrelas. — W.D.
51) “heart pt. 6”
Em “heart pt. 6”, Kendrick Lamar presta homenagem à sua antiga gravadora TDE e ao Black Hippy, coletivo de rappers de Los Angeles que o impulsionou à fama. “Tudo que eu tinha era pelo time”, ele rima, fluindo sobre “Use Your Heart”, do SWV, com uma cadência direta, cheia de calor e gratidão pelo apoio, mesmo enquanto reconhece que sua saída da TDE, em 2022, deixou sentimentos feridos. “heart pt. 6” soa como mais um prego no caixão de sua longa rivalidade com Drake, que tentou superar Lamar lançando uma diss provocativa com o mesmo título. Mas, em vez de reivindicar sua série icônica, iniciada em 2010, lançando mais invectivas contra seu rival, Lamar oferece amor aos seus amigos. — M.R.
50) “For Free? (Interlude)”
A poesia de Kendrick entra no meio de “For Free? (Interlude)” como um plano de câmera flutuante — fria, etérea e habilmente subversiva. Ele está cobrando caro pela bandeira de Betsy Ross, as estrelas e listras, por todas as feridas não cicatrizadas deixadas nas costas de seus ancestrais. “Evidentemente, tudo que eu via era Spam e sardinhas cruas”, ele diz a uma mulher frustrada. Enquanto “o homem” puder invocar as chamadas rainhas do bem-estar social, ele vai ter que aguentar umas verdades. — W.D.
49) “How Much a Dollar Cost,” feat. James Fauntleroy & Ronald Isley
Como o personagem de Richard Linklater em Waking Life (2001), Kendrick Lamar, ao recontar sua interação com um homem em situação de rua incomumente persistente, parece perguntar: “E se a vida for um grande teste para ver se estamos prontos para o céu?” Nunca estamos. Filosofia pesada e preocupação com questões finais estão na mente de Kendrick. E ele as torna relacionáveis e envolventes. — W.D.
48) “Father Time” feat. Sampha
“Father Time” é um dos destaques de Mr. Morale & the Big Steppers (2022), em parte graças ao refrão expressivo de Sampha, que exemplifica a sensação de superar obstáculos. O dilema de Lamar é familiar para os fãs de trabalhos anteriores como Good Kid, M.A.A.D City: lidar com um pai adepto do “amor duro”, que se recusa a admitir derrota ou fraqueza. Ele expõe suas “questões com o pai” sobre uma batida saltitante, com inflexões de piano, que soa ao mesmo tempo melancólica e fantasiosa. “Você precisa realmente de terapia”, aconselha Whitney Alford, sua parceira de vida. — M.R.
47) “Black Friday”
Rimando sobre a batida de “A Tale of 2 Citiez”, de J. Cole, Lamar divaga sobre tudo, desde seu status como a nova superestrela do rap até a campanha presidencial de Kanye West e quanto os honorários advocatícios custam hoje. A faixa foi lançada junto com Cole rimando sobre “Alright”, de Kendrick, mas ele levou a melhor nesse remix. “Toda vez que começo a escrever, fico sentimental”, diz o rapper de Compton, e então ele começa a chorar e rimar ao mesmo tempo. Não se engane: ele ainda faz isso melhor que qualquer um. — J.B.
46) “Complexion (A Zulu Love),” feat. Rapsody
“Complexion (A Zulu Love)” é como uma vinheta jazzística que poderia aparecer em uma joia subestimada do cinema negro. Kendrick e uma Rapsody no auge tornam o tema espinhoso do colorismo algo leve e divertido. Como uma versão de feira de Ossie Davis, Kendrick diz à sua possível Ruby Dee: “Beleza é o que você faz dela/Eu costumava ser tão enganado/Pelas diferentes tonalidades dos rostos.” Rapsody responde: “Eu me amo/Não preciso mais de Cupido.” As muitas tonalidades são um oásis. — W.D.
45) “The Art of Peer Pressure”
É possível perder a inocência quando você é preto? Quantas vezes você já mentiu só para poder sair e se divertir? Kendrick é impecável ao criar cenários e pintar detalhes que qualquer ouvinte conhece perfeitamente. Mesmo que nunca tenham jogado naquela quadra ou invadido a casa do vizinho, todos já tivemos amigos que nos colocaram em mais encrenca do que conseguiríamos sozinhos. “The Art of Peer Pressure” é um testemunho dos perigos da masculinidade e da proximidade; um retrato de quase morte onde, no final, todo mundo volta pra casa. — M.P.
44) “Duckworth”
O Efeito Borboleta do homem negro. Quer você acredite em coincidência ou não, toda ação traz consequências. No final do disco, sabemos que Kendrick não existiria se as coisas tivessem acontecido de outra maneira naquele KFC, lá atrás. Aqui está Dot como um receptáculo, canalizando duas figuras fundamentais de sua vida em uma corrente autobiográfica que entrelaça as três histórias em uma só. Você ouve de onde eles vieram e no que se transformaram. Mais uma aula magistral de narrativa, com uma reviravolta. — M.P.
43) “Ignorance Is Bliss”
Kendrick Lamar não é de se deixar simplificar. Ele fará uma elegia para os mortos tão rápido quanto poderia te matar ele mesmo. Repare como ele diz a palavra “consciente” com tanto desprezo aqui, zombando dos qualificativos redutivos usados por quem o adotou cedo. Não, isso é Compton, e Kendrick está plenamente ciente de se deleitar com tudo que isso traz. Ousado e deslumbrante como sempre, esse disco foi a confirmação precoce de que Dot não era alguém com quem se mexer. — M.P.
42) “Institutionalized,” feat. Anna Wise, Bilal, & Snoop Dogg
“Porra nenhuma muda até você levantar e lavar sua bunda”, diz Bilal nessa ode ao trabalho duro, ao estar preso dentro do racismo sistêmico e à busca por fazer o bem na vida. Tem interlúdios com Snoop Dogg, narrativas em primeira pessoa de um amigo de Kendrick Lamar, que se sente como um peixe fora d’água no BET Awards, e o dilema psicológico de ter seus parceiros se referindo a você como um deus. — J.B.
41) “Wesley’s Theory,” feat. George Clinton & Thundercat
Nomeada em homenagem ao ator Wesley Snipes e com sample da música “Every Nigger Is a Star”, de Boris Gardiner (1973), a faixa de abertura de To Pimp a Butterfly mostra Lamar refletindo sobre a celebridade negra a partir da perspectiva de seu eu adolescente. “Wesley’s Theory” deixou claro para todo mundo que sua nova obra-prima não seria Good Kid, M.A.A.D City, com um groove submerso criado pelos mestres do funk George Clinton e Thundercat, impulsionando-o para sua nova fase revolucionária. — J.B.
40) “N95”
Quando Kendrick Lamar começa “N95” se livrando das obsessões mundanas e revelando o ser humano “feio pra caralho” que existe por trás delas, é possível ouvir ecos do refrão “Take It Off”, do De La Soul, de 1989. “Tire esses streams fabricados e esses memes de micro-ondas”, canta Lamar, demonstrando seu talento para desenterrar idiomas arcanos do hip hop para abordar nosso presente pós-milenar. Alguns críticos, com razão, incomodaram-se com suas alusões à “cultura do cancelamento” e letras como “o mundo em pânico, as mulheres estão isoladas, os homens em fuga”. Mas, mesmo enquanto Lamar centra sua masculinidade, ele luta para distinguir entre seu eu espiritual e autêntico e as expectativas sociais — e é esse último impulso que o guia. — M.R.
39) “i”
Muita gente não soube o que pensar do single de divulgação de To Pimp a Butterfly. O que Kendrick Lamar queria dizer com “I love myself”? Ouvindo agora, soa como um tributo ao amor-próprio e à autoestima, que estava à frente de seu tempo. A versão do álbum adiciona ainda mais contexto: há sons audíveis de boate enquanto Lamar luta para fazer sua mensagem de positividade ser ouvida acima do barulho. — M.R.
38) “u”
Um exame implacável da mente de um homem de Compton consumido por uma fama que o absorveu, e pela dor que ele não consegue evitar. Aqui, Dot nos arrasta para o mais fundo possível: ouvimos seus pensamentos, sua galera e sua garrafa, todos se revezando para dizer que ele não vale nada. Estamos visceralmente presentes enquanto ele se afunda na ausência, fazendo todas essas perguntas sem respostas que possamos ouvir. Depois de quatro minutos, a gente se pergunta se Kendrick sequer conseguiu sair do estúdio. — M.P.
37) “Look Out for Detox”
A lista de faixas de referência cobiçadas para Dr. Dre é longa — ninguém ouviu a demo de “Still D.R.E.” gravada por Jay-Z, nem as versões de músicas que Eminem escreveu para o álbum 2001 — mas “Look Out for Detox” é algo totalmente diferente: uma música promocional tão virtuosa que o lendário produtor nunca conseguiu gravá-la ele mesmo. — P.T.
36) “Momma”
Sampleando “So[rt]”, de Knxwledge, a nona música de To Pimp a Butterfly é uma lista das virtudes de Kendrick Lamar e uma imagem de sua viagem à África. Kendrick sabe de tudo: Compton, a rua, consciência, altos, baixos e não se importa em receber reconhecimento por sua bondade. Com essa faixa obscura, ele também aprofundou ainda mais seu prestígio crítico. — J.B.
35) “Wacced Out Murals”
“Vou matar todos antes que eles matem minha alegria”, promete Kendrick Lamar nesta resposta furiosa aos seus críticos. Suas palavras rosnadas e vingativas — precedidas por uma introdução dramática da cantora Deyra Barrera — são parcialmente inspiradas pela reação negativa que surgiu quando NFL anunciou sua apresentação no intervalo do Super Bowl LIX, em Nova Orleans, e o superstar local Lil Wayne admitiu que queria essa oportunidade para si. (Os dois eventualmente conversaram e resolveram a situação.) Em meio a referências a várias outras polêmicas, Lamar abraça seu status de ícone polarizador do rap, alguém cujas ideias são provocativas demais para serem universalmente aceitas. “Acharam que eu era antissocial quando fiquei dentro de casa”, canta Lamar, referindo-se ao longo hiato entre Black Panther: The Album (2018) e Mr. Morale & The Big Steppers (2022). “É melhor ter uma mulher só, tá tudo complicado agora.” — M.R.
34) “Pride”
O hábito de Lamar de dissecar suas próprias fraquezas impulsiona este destaque de Damn. Quando ele canta “não posso fingir humildade só porque você é inseguro”, ele poderia muito bem estar falando de si. Mas, ao contrário do single de sucesso “HUMBLE.”, aqui não há refrão empolgante para aliviar a tensão; em vez disso, Lamar apenas harmoniza: “Talvez eu não estivesse lá”, enquanto sua voz se desvanece. O que inicialmente parece ser mais um mergulho nas dúvidas de Lamar acaba se focando nos custos pessoais de não compartilhar amor e empatia. — M.R.
33) “Poe Mans Dreams (His Vice),” feat. GLC
“Poe Man’s Dreams (His Vice)” é um recorte estilizado da vida de um homem comum. A visão de mundo de Kendrick Lamar é a de um autor simpático. Cada detalhe está exposto de forma granular — é quase possível sentir e cheirar as caixas de frango meio comidas e o fedor humano das pessoas na fila da casa de câmbio. Ele observa: “Mas enfim, essa é pro meu pai/No intervalo do almoço, comendo naquele estacionamento.” A batida lânguida atinge um ponto doce e igualitário. — W.D.
32) “Westside, Right on Time,” feat. Young Jeezy
No início dos anos 2010, a estética de produção do rap com samples de soul do começo do milênio já havia sido reduzida a ponto de deixar as costuras dos beats mais visíveis. Parece que o beat de Canei Finch para “Westside, Right on Time” está sendo tocado ao vivo num sampler, enquanto Kendrick e Jeezy trocam versos irresistivelmente descompromissados. — P.T.
31) “FEAR.”
Sobre um sample cadenciado de “Poverty’s Paradise”, single de 1973 do 24-Carat Black, Kendrick adota uma abordagem experimental para escavar seu subconsciente. Como compositor, ele é habilidoso na arte da mudança de perspectiva, impregnando as músicas com narrativas dignas de análise psicológica. Aqui, seguimos o desenvolvimento do medo — desde o medo infantil da repreensão dos pais até os medos adultos de colapso financeiro —, tomando o germe de um sentimento e desenterrando um mundo inteiro de emoções. — J.I.
30) “TV Off,” feat. Lefty Gunplay
Se você ligasse o rádio em uma grande cidade da Califórnia no final de 2024, provavelmente ouviria Kendrick Lamar gritando: “Mustaaaard!” Ele pode ser um letrista introspectivo e reflexivo, mas sabe entregar um verdadeiro hit quando quer. “TV Off” é um desses momentos. Musicalmente, DJ Mustard ( com os colaboradores Sounwave, Jack Antonoff, Sean Momberger e Kamasi Washington) cria um beat que lembra “Not Like Us”, sucesso global e vencedor do Grammy de Lamar. Mas se “Not Like Us” representava Lamar dançando sobre o túmulo da reputação de seu rival Drake, então “TV Off” o mostra caminhando alegremente pelos corredores da fama a caminho da glória do show do intervalo do Super Bowl. “Não é o bastante”, ele canta, revelando sua fome por ainda mais poder. — M.R.
29) “FEEL.”
Sobre a muito sampleada canção “Stormy”, de O.C. Smith, Lamar rima “Ninguém tá rezando por mim”, na quinta faixa de Damn. É uma lista de todas as questões que estão em sua mente; Kendrick soa feroz ao se alienar do resto do mundo, incluindo sua família e amigos. — J.B.
28) “Element”
“Eu tô disposto a morrer por essa porra”, grita Lamar nesta faixa competitiva de Damn. Primeiramente apresentada por LeBron James no Instagram, a música fala sobre Kendrick ser o melhor no jogo do rap, sobre o dinheiro da cadeia do seu pai e suas brigas na frente da mãe. Produzida por James Blake, esta faixa fincou a bandeira de K.Dot como o melhor rapper vivo, sem dúvida alguma. — J.B.
27) “Untitled 07 | 2014-2016”
Kendrick habita um universo completamente próprio quando se trata de agilidade vocal. Ao longo de seus versos, há uma cadência dinâmica que se recusa a estagnar, flutuando entre tons e tempos com uma facilidade inimaginável. Em “Untitled 07”, ele está elástico e fluido, esticando linhas como “a vida não vai te deixar chapado”, como se fossem massinha de modelar. Sua voz se alonga, longa e expansiva, antes de rapidamente puxar de volta a folga, torcendo outro nó lírico. A faixa se encerra com uma sensibilidade mais suave, quase jazzística. É quase injusto o quão bom ele é. — J.I.
26) “Meet the Grahams”
“Era pra ser uma boa exibição dentro do jogo”, rima Lamar no ponto de virada desconfortavelmente pessoal da guerra Kendrick-Drake. “‘Mas você fodeu tudo no momento em que citou o nome da minha família.” “Meet the Grahams” assume a forma de uma carta aberta aos pais, ao filho e à suposta filha do rapper, um ato de trolling cuidadoso: mesmo quando vai para o ataque mais visceral, Lamar é singularmente artístico. O beat sujo é assinado pelo Alchemist, aproximando-se mais do legado de mestres do confronto sinistro e cool da Costa Leste, como Jay-Z e 50 Cent, do que dos confrontos mais inflamados dos rappers da Costa Oeste, como 2Pac e Ice Cube. — C.W.
25) “Squabble Up”
Logo após vencer sua disputa com Drake com o nocaute total “Not Like Us”, Lamar lançou essa animada volta olímpica, uma celebração de seu status intocável sobre um sample elástico do clássico das pistas de patinação “When I Hear Music”, de Debbie Deb. Kendrick já teve muitos “momentos” em sua carreira, mas geralmente os enfrenta com dúvidas e introspecção. Desta vez, ele se deleita com isso, um som festivo e despreocupado com o balanço da música hyphy de San Francisco e uma alusão à atitude “não dou a mínima” de seu herói 2Pac: “Cuspo na câmera, acelero, é isso, somos nós.” — C.W.
24) “The Heart Part 5”
Lançada uma semana antes de Mr. Morale & The Big Steppers, a faixa de seis minutos de Lamar não apenas antecipa os temas do álbum — o esforço para evoluir além das próprias origens rumo a um lugar melhor e mais amoroso — como também serve como um tributo a homens negros que se foram, especialmente o rapper Nipsey Hussle. “E não posso culpar a quebrada no dia em que fui morto / Você precisava ver, é a única maneira de sentir”, ele rima. O trio de produtores Beach Noise sampleia com carinho “I Want You”, de Marvin Gaye, evocando um tom elegíaco e introspectivo para um homem que encontra paz dentro de si. — M.R.
23) “Cartoon & Cereal,” feat. Gunplay
Assim como em “Money Trees”, Kendrick cria restrições bem definidas em seus versos em “Cartoon & Cereal”, confinando cada um a uma métrica cuidadosa e a um impulso controlado para preparar o clímax arrebatador do convidado. Desta vez, quem assume é Gunplay, o incontrolável rapper da Flórida, cuja explosão é uma catarse pura e furiosa. O beat de THC é talvez o mais inovador sobre o qual Kendrick já rimou, atravessou e se imergiu. — P.T.
22) “Loyalty,” feat. Rihanna
Apesar de seu maior dom ser a habilidade de criar mapas delicadamente intrincados de seu eu interior, Kendrick Lamar não é necessariamente um rapper didático ou “consciente”. Ele é dinâmico demais para ser preso a uma categorização simples. E também é simplesmente bom demais em fazer hits pop diretos. Pegue “Loyalty”: a faixa com participação de Rihanna em Damn (2017) tem todos os ingredientes de um sucesso incontestável, e Kendrick a eleva a um novo patamar com sua cadência inventivamente acrobática. Naturalmente, a profundidade lírica está ali, mas Kendrick é tão bom quanto qualquer rapper quando o assunto é simplesmente se divertir. — J.I.
21) “Family Ties”
Lamar ficou três anos afastado após lançar a luxuosa e pan-gênero trilha sonora de Pantera Negra. Quando retornou em 2021, voltou com tudo. A arrasadora “Family Ties” — uma colaboração com seu primo mais novo, Baby Keem — fez uma ponte hábil entre a pegada lírica clássica de Lamar e o trap explosivo e de moshpit de 2021. Pronto para a guerra (“fumando seu Top 5 hoje à noite”), Lamar assume a mesma postura combativa que teve no marco “Control”, preparado para enfrentar uma nova geração sem recorrer a artifícios de redes sociais, tópicos do momento ou streams forjados. — C.W.
20) “Untitled 02 | 06.23.2014”
“Estou cansado de estar cansado”, entoa Kendrick no início de “Untitled 02”, antes de implorar, no refrão etéreo da música, que alguém “chame Deus no telefone”. Há, de fato, algo místico permeando grande parte da obra de Kendrick. Dá a sensação de que estas são canções destinadas a acessar algo além, ou pelo menos algo mais profundo. Aqui, ele poderia muito bem ser um profeta. A textura em camadas de seus vocais soa como ouvir alguém imbuído de um espírito. E, para o que vale, Kendrick parece totalmente à vontade. — J.I.
19) “Mother I Sober” feat. Beth Gibbons
“Mother I Sober” é como o adendo contemplativo à caótica “u”, de 2015. Enquanto aquele lado B de To Pimp a Butterfly retratava Kendrick Lamar em um quarto de hotel com apenas uma garrafa de bebida e os fragmentos despedaçados de seu ego, esta joia guiada por piano apresenta um homem carregando grandes fardos (como artista, pai e filho), refletindo sobre como se tornou inteiro. “Pacificar, pedaços quebrados de mim, tudo era um borrão”, ele confessa neste diálogo sincero entre ele, sua mãe e nós, os ouvintes gratos. Em “Mother I Sober”, Kendrick faz até os momentos mais silenciosos ressoarem com uma autoridade incontestável. — W.D.
18) “DNA”
“Eu queria que isso soasse tão insano quanto ele”, contou o produtor Mike Will Made-It à NPR. “Queria que parecesse que ele está lutando contra a batida.” “DNA” é um trauma contundente em forma musical, com Kendrick relembrando de onde veio e como agora ostenta. Usando um clipe da Fox News que critica sua música, ele ataca de todos os ângulos. Ele está lutando contra a batida. O resultado: uma música que toca em comerciais, apresentações esportivas e nas ruas de todo o país. — J.B.
17) “The Blacker the Berry”
“Sou afro-americano, sou africano, negro como a lua”, rima Lamar em um flow frenético e afiado. Com um refrão estrondoso do artista de dancehall Assassin e um ritmo jazz-funk pulsante liderado por Terrace Martin, esta é uma declaração poderosa e direta. Lamar evoca a retórica incendiária e pró-negra dos Panteras Negras, apesar de uma curiosa admissão poética: “Sou o maior hipócrita de 2015 / Assim que eu terminar isso, as testemunhas vão explicar exatamente o que eu quis dizer.” — M.R.
16) “Poetic Justice”
Essa canção vulnerável de Good Kid, M.A.A.D City tornou-se uma das mais duradouras do álbum, cada verso uma ode cuidadosamente construída a um amor da vida real — a esquiva “Sherane a.k.a. Master Splinter’s Daughter“, do álbum conceitual — e ao próprio hip hop. A música simplesmente fluiu quando Lamar ouviu o beat cinematográfico de Scoop Deville, que continha um sample recortado de “Any Time, Any Place”, sucesso de Janet Jackson em 1993. “Esse sample era uma peça especial que eu estava guardando para o artista certo”, disse Deville à Complex. “[O] fato de que ele foi liberado ainda me surpreende.” — C.W.
15) “Sing About Me (I’m Dying of Thirst)”
“Sing About Me (I’m Dying of Thirst)” soa, de verdade, como um título de William Faulkner. E, sem surpresa, o vencedor do Prêmio Pulitzer Kendrick nos entrega algo digno dos grandes nomes da literatura. Suas perguntas para si (sobre por que escolhe imortalizar seus amigos íntimos em suas canções) são tão comoventes quanto o diálogo de um narrador clássico e pouco confiável. Se Kendrick tem dúvidas sobre sua responsabilidade como artista, nós não temos nenhuma sobre ele ser o melhor de sua geração. — W.D.
14) “Rigamortis”
“Mira na sua celebridade / Isso é crime de estúdio“, diz o jovem talento de Compton em “Rigamortus“. Gravada em três takes, com Kendrick rimando em um flow acelerado sobre uma batida tensa e com inflexões de jazz, esse destaque de seu primeiro álbum, Section.80, o levou a abrir turnês do Drake, garantiu contrato com a Interscope e fez muita gente considerar mudar o nome de seu rapper favorito
13) “Ronald Reagan Era (His Evils),” feat. RZA
“Ronald Reagan Era (His Evils)” fala sobre a primeira geração de bebês do crack. Kendrick, que nasceu no auge da iniciativa “Just Say No“, de Nancy Reagan, detalha como foi viver em Compton durante aquele período infernal. “1987, as crianças de Ronald Reagan / Varrendo as folhas da sua varanda com um lança-chamas“, ele diz, impassível. Ele é jovem demais para lembrar das fotos sorridentes do ex-ator de segunda linha que virou um semideus da direita, mas jamais vai esquecer os aríetes policiais na quebrada.” — W.D.
12) “King Kunta”
Feita com a lenda de Los Angeles DJ Quik, “King Kunta” é a investida certeira de Kendrick Lamar no G-funk, um som que ele em grande parte evitou após colaborações iniciais com nomes como The Game. É uma faixa de festa barulhenta, cheia de groove, que encontra o recém-coroado Melhor de Todos os Tempos declarando sua supremacia. “Cadê você quando eu andava? / Agora eu comando o jogo, tá o mundo inteiro comentando“, ele se gaba. — M.R.
11) “Untitled 05 | 09.21.2014”
Essa atraente sobra das sessões de To Pimp a Butterfly mostra Lamar e companhia no seu estado mais solto. Ele solta um verso sobre um homem problemático “vivendo com ansiedade, fugindo da sobriedade”, mas soa como algo casual, como um freestyle. Anna Wise oferece um refrão etéreo sobre alguém pulando no fosso do inferno; Punch, chefe da Top Dawg Entertainment, faz uma rara participação vocal; e Jay Rock e Lamar encerram com um verso que coloca o tema da crise em uma perspectiva ainda mais nítida.” — M.R.
10) “m.A.A.d City,” feat. MC Eiht
Paranoia, destilada em uma longa tragada de algo forte. Um show de horror, ao vivo, do banco de trás. É a contínua construção de Kendrick Lamar como testemunha e participante, guardando segredos até que o silêncio se torne ensurdecedor. Conecte isso com MC Eiht, e duas gerações se unem para mais do mesmo: vítimas do capitalismo e da intervenção do Estado, deixando trabalhadores cravejados de balas e agulhas. O caos é a constante; todo o resto varia dentro dele. — M.P.
9) “Euphoria”
“Eu faço música que eletrifica, você faz música que pacifica“, rima Kendrick Lamar em “Euphoria“, a faixa que acelerou sua guerra de palavras com Drake. Para os fãs de hip hop, essa música contém suas linhas mais cortantes e devastadoras. Seja você um superfã que adora as vibes criadas por Drake ou um cético que acha que ele se perdeu em meio a muitas novidades com sabor pop, o contraste traçado por Lamar — entre um artista cuja música provoca reflexão e outro que faz Spotifycore para shoppings — ressoa. Embora “Euphoria” não seja o golpe fatal — esse veio depois, com “Not Like Us” —, é um número eletrizante que resume como a treta Drake vs. Lamar se desenrolou como uma série de playoffs da NBA dos anos 1990: suja, cheia de marcação pesada e cotoveladas nas costelas. — M.R.
8) “A.D.H.D.”
Aqui, K.Dot está num canto da festa, tentando fazer política, curtir e socializar, mas nunca na mesma ordem. Section.80 o encontrou focado nesse equilíbrio, e “A.D.H.D.” deu o vislumbre mais forte de seu futuro: criar hinos a partir de traumas coletivos e dos excessos. Essas continuam sendo referências marcantes, assim como sua tendência de inclinar pronúncias até transformá-las em refrões grudentos. É “Fuck that” ou “Fuck thought”? Kendrick adora nos deixar com opções. — M.P.
7) “Swimming Pools (Drank)”
Vício e escapismo são tão antigos quanto os vícios a que estão associados. Mas em “Swimming Pools (Drank)”, Kendrick explora como ele e sua geração são afetados. Como os jovens da era dos memes escapavam do momento? Aqui, sobre teclas melancólicas, ele admite: “Algumas pessoas querem se enturmar com os populares, esse era o meu problema”. Kendrick não quer ir onde todo mundo sabe o seu nome; ele só quer “ver o clima da multidão”. — W.D.
6) “HUMBLE.”
Parcialmente inspirada em clássicos do hip hop movidos a piano, como “The Symphony” de Marley Marl, “HUMBLE.” encontra Kendrick Lamar em seu auge como astro de rap de arenas. O refrão, dito com uma cadência que lembra um aceno de cabeça, é instantaneamente memorável, enquanto a batida de Mike Will Made-It avança com um pulso forte. No entanto, as letras de Lamar causaram controvérsia: quando ele rimou sobre estar “de saco cheio do Photoshop”, foi acusado de ser misógino ao comentar como as mulheres escolhem se apresentar. — M.R.
5) “Bitch, Don’t Kill My Vibe”
O apelo de Lamar pela paz interior, apesar de ser “um pecador”, continua sendo uma de suas faixas mais cheias de alma. As batidas quentes do produtor Sounwave incluem samples de “Tiden Flyver”, do Boom Clap Bachelors, uma tela sobre a qual Lamar rima sobre as mudanças marcantes em sua vida. Remixes e versões alternativas com Emeli Sandé, Jay-Z e, surpreendentemente, Lady Gaga existem aos montes, mas a edição do álbum, com a frequente colaboradora Anna Wise nos vocais, é indiscutivelmente a melhor. — M.R.
4) “Backseat Freestyle”
“Durante toda a minha vida, eu quis dinheiro e poder”, Kendrick Lamar repete no refrão deste destaque de Good Kid, M.A.A.D City. “Respeite minha mente ou morra sob uma chuva de chumbo.” A batida de Hit-Boy, originalmente feita para Ciara, oferece a Kendrick uma infinidade de ferramentas. Como um dos vocalistas mais habilidosos da história do rap, a melodia quase livre permite que ele se solte, experimentando uma variedade deslumbrante de tempos e registros vocais, resultando no seu verso mais puramente empolgante até então. Em entrevistas, Kendrick disse que o verso foi modelado a partir das cadências de Eminem. Mas Kendrick soa como só ele sabe soar, e essa faixa é impressionante. — J.B.
3) “Money Trees,” feat. Jay Rock
Ouça como Kendrick Lamar rima “Ya bish” em seu single de 2012, “Money Trees”. É um arrastar de voz meloso e sem esforço que permanece como uma das expressões mais duradouras da cultura pop moderna. Ele rima sobre um sample distorcido do hit indie-rock onírico “Silver Soul”, da banda Beach House, cortesia do produtor DJ Dahi. E a música, um marco para Lamar como compositor, o encontra em sua forma mais afiada. As “Money Trees” em questão são os atrativos do sucesso e, naquela que continua sendo a melhor execução de sua carreira, ele confronta os demônios que permanecem por trás da ambição e como o custo de alcançar o topo nunca parece realmente valer a pena no final. Ele mede sua habilidade elevada sem comprometer nenhuma profundidade. No fim, Lamar prospera nas dicotomias, no espaço entre dois polos — no mundo real. — M.P.
2) “Not Like Us”
O golpe fatal na treta entre Kendrick e Drake foi também a vitória mais decisiva em toda a história das rivalidades do hip hop. “Not Like Us” não apenas danificou irrevogavelmente a reputação do maior hitmaker de todos os tempos, como também chegou ao topo das paradas pop enquanto fazia seu “wop-wop-wop” contagiante. Impulsionado pelo “sproing” infeccioso de DJ Mustard, o “bicho-papão certificado” Lamar escolhe a opção nuclear: chama Drake de agressor sexual de meia dúzia de maneiras, desmonta seus aliados um a um e apresenta um tratado sobre por que o rapper canadense é um “colonizador” do sul dos Estados Unidos. A repercussão foi tão brutal que Drake recorreu a ações legais contra a Universal Music Group. Em meio a tudo isso, a música ganhou cinco Grammys, incluindo Gravação do Ano e Canção do Ano. — C.W.
1) “Alright”
Pouco depois de seu lançamento, “Alright” se tornou um hino do emergente movimento Black Lives Matter, entoado em marchas e protestos. Mas chamá-lo de “o novo hino dos direitos civis” só capta parte de sua grandeza. O brilhantismo de Kendrick está na sua obliquidade. Então, por que essa música ressoou? “Alright” é o que o movimento parece e soa. O refrão de Pharrell não é elevado — ele não evoca necessariamente o divino. É apenas um “mão nos ombros, se endireita” afirmativo. Exaustos após assassinatos sem sentido, Kendrick nos deu um momento triunfante para respirarmos mais aliviados. — W.D.
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