Guitarrista vasculhou todos os arquivos da banda e remasterizou toda a discografia entre os anos de 2014 e 2015
Publicado em 03/09/2024, às 15h49
Não é de se espantar que o Led Zeppelin tenha uma grande quantidade de gravações que não foram lançadas nos álbuns. Embora tenha existido por pouco mais de uma década, o grupo teve uma trajetória bastante criativa — e era liderado por um produtor, o guitarrista Jimmy Page.
Por mais que coletâneas e edições especiais quase sempre resgatem material desse tipo, o quarteto britânico é especificamente cuidadoso com relação a versões alternativas. Page também é o responsável por isso.
Sabe-se que o guitarrista é também uma espécie de enciclopédia de material do Zeppelin. Sempre que algum disco do grupo é recolocado no mercado, inclusive com material extra, ele está diretamente envolvido.
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Em 2015, o músico conversou com o The Guardian a respeito de um relançamento da discografia do grupo. Na ocasião, foi perguntado sobre quais eram suas faixas favoritas entre o material não lançado. Ele disse:
Existem destaques como a versão alternativa de ‘Whole Lotta Love’ – que é incrível. A versão alternativa de ‘Since I’ve Been Loving You’ é incrível. A versão alternativa de ‘Stairway’ (to Heaven)...dá para continuar essa lista.”
Outra canção foi citada antes de uma interessante observação: o Led Zeppelin era essencialmente uma banda de blues em seus primórdios. Nas palavras do guitarrista, outra recomendação:
’Key to the Highway’ é incrível, sempre havia alguma coisa que as pessoas nunca esperavam, que ninguém nunca tinha ouvido, e que nunca tinha saído em bootlegs, e isso também ilustra que quando o Led Zeppelin fazia blues, era uma versão totalmente diferente como as pessoas o abordavam.”
Logo depois do lançamento do álbum e vídeo Celebration Day (2012), que traz o último show do grupo, em 2007, Jimmy Page anunciou que estava trabalhando em versões remasterizadas de todos os discos do Led Zeppelin. Elas foram lançadas entre 2014 e 2015, cada uma trazendo muito material extra, em forma de versões alternativas que acabaram não entrando nos trabalhos originais.
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O guitarrista afirma que explorou tudo o que existia nos “cofres” do Led e fez questão de não usar nenhum material que já tivesse saído de forma não-oficial ao longo dos anos – os chamados bootlegs. Ele exemplificou:
Quando (as músicas) saíram, elas eram as versões definitivas. Elas eram o resumo definitivo do corpo de trabalho. Mas isso não significa que algumas das outras versões dessas coisas não eram interessantes – uma versão de ‘Stairway’ é muito, muito interessante comparada a aquela que todos nós conhecemos. Com ‘When the Levee Breaks’, havia a versão que foi feita em Londres, mas a do Sunset Sound era realmente densa, dark, sinistra. Essa seria a versão. Talvez eu já tivesse outra versão de ‘When the Levee Breaks’, mas ela não será tão boa quanto a original, ou a que está no disco extra. Isso exemplifica o tipo de trabalho que foi a compilação, a seleção e a rejeição de coisas pelo caminho para fazer um disco extra. Então, da melhor maneira possível, eu fiz questão de não ter nada que já tivesse sido replicado por aí em bootlegs.”
Terminados os relançamentos, em 2015 o Led Zeppelin também reeditou a coletânea Mothership, lançada originalmente em 2007, em comemoração pelo show de reunião. Dessa vez, as faixas presentes são as versões remasterizadas por Page, que parecem ser o registro definitivo da banda agora.
Colaborou: André Luiz Fernandes.
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.