Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil
Música / COLABORAÇÃO

As músicas com Ozzy que deram a Lemmy mais grana que “15 anos de Mötorhead”

Parceria para composições aconteceu no início dos anos 1990, rendendo alguns clássicos e muita história

Igor Miranda (@igormirandasite)
por Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 03/12/2024, às 08h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister (Foto: Stephen Payne)
Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister (Foto: Stephen Payne)

Ainda que tenha sido uma das mais influentes bandas de sua geração, o Motörhead não teve o mesmo sucesso de Ozzy Osbourne. O vocalista começou a carreira no Black Sabbath e transformou-se em um verdadeiro ícone da cultura pop na carreira solo. Rompeu a bolha do heavy metal e se tornou conhecido até por quem não acompanha o estilo musical.

Um dos grandes amigos de Osbourne era Lemmy Kilmister, lendário vocalista e baixista do Motörhead que nos deixou em 2015. Os anos de farra levaram a uma aproximação única, que no início dos anos 1990 gerou uma parceria artística.

Na época, o Madman buscava alavancar novamente sua carreira após uma tumultuada década de 1980, que lhe rendeu sucessos, mas também uma série de controvérsias em função da dependência química. Após uma sessão na reabilitação, o cantor pediu uma ajuda a Lemmy com as composições de seu novo álbum, No More Tears (1991).

O líder do Motörhead compartilhou reflexões sobre como a parceria surgiu em sua autobiografia “White Line Fever” (2002). Tudo começou após uma ligação de Sharon Osbourne, esposa e empresária de Ozzy. Ele diz:

Esse foi um dos trabalhos mais fáceis que já tive. Sharon me ligou e disse: ‘vou te dar uma quantidade de dinheiro X para compor algumas músicas para Ozzy’, e eu disse: ‘tudo bem, você tem uma caneta?’. Eu escrevi seis ou sete sequências de palavras e ele acabou usando quatro delas.”

A tal “quantidade de dinheiro X” era bastante satisfatória, segundo Lemmy. O músico destaca:

Ganhei mais dinheiro com a composição dessas quatro músicas do que em quinze anos de Motörhead. Absurdo, não é?!”
Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister (Foto: Watal Asanuma/Shinko Music/Getty Images)

Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister

As quatro composições que Ozzy Osbourne usou em No More Tears foram“I Don’t Want to Change the World”, “Desire”, “Mama, I’m Coming Home” e “Hellraiser”. A última canção mencionada também ganhou uma versão do Motörhead no disco March ör Die (1992).

Todas elas representam pontos altos no álbum de Ozzy. Segundo o guitarrista Zakk Wylde contou no podcast Talking Metal (via Igor Miranda), as faixas foram trabalhadas de maneira similar ao que o Black Sabbath fazia no início:

Oz dava um guia vocal e então Lemmy compunha as letras. Então você tinha o passo a passo das sílabas de Ozzy. E aí Lemmy escrevia, assim como Geezer (Butler, baixista do Black Sabbath) fazia no passado com o Sabbath.”

Parceria bem-sucedida e amizade

O álbum No More Tears rendeu ótimos resultados. Atingiu o 7º lugar da parada americana e 17º na britânica, além da 8ª posição na Finlândia e uma entrada no top 50 de vários outros países.

O single “Mama, I’m Coming Home” chegou ao 2º lugar no ranking americano Mainstream Rock. Tanto ela quanto a faixa-título, esta sem contribuição de Lemmy, obtiveram certificação de platina no Canadá. A versão ao vivo de “I Don’t Want to Change the World”, disponível no álbum Live & Loud (1993), levou Ozzy a ganhar até mesmo um Grammy, de Melhor Performance de Metal, em 1994.

Além do pagamento generoso, o Madman retribuiu o favor ao participar da faixa “I Ain’t No Nice Guy”, do Motörhead. A balada também conta com a colaboração do guitarrista Slash (Guns N’ Roses).

A amizade de Lemmy e Ozzy seguiu firme até a morte do vocalista e baixista, em 2015. Três anos depois, o Madman relatou à revista Metal Hammer a última e triste conversa que teve com o parceiro:

“Liguei para ele no dia de seu falecimento, eu já sabia que ele estava para nos deixar. Ele sequer sabia que era eu. Tive que dizer: ‘Lem, é Ozzy’. Ele apenas balbuciava, daí eu falei: ‘pelo amor de Deus, fique aí, eu estou indo’. Falei para Sharon: ‘f#da-se, entre no carro, vamos visitá-lo. Quando estávamos saindo, ela me disse que ele já havia partido. Isso me afundou, me atingiu muito forte.”

Poucos meses antes, os dois vieram para a América do Sul, onde Ozzy e Motörhead se apresentariam no festival Monsters of Rock, no Brasil. O show do Madman seguiu como o esperado, mas o trio britânico precisou cancelar a performance, devido à saúde já debilitada de Lemmy. Convidados subiram ao palco junto a Phil Campbell (guitarra) e Mikkey Dee (bateria), para não deixar o público totalmente na mão. Com sua morte, o grupo encerrou as atividades.

+++LEIA MAIS: Ozzy Osbourne e Lemmy Kilmister estrelarão desenho de herói, diz Sharon

Colaborou: André Luiz Fernandes.

Igor Miranda (@igormirandasite)

Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.