Seguranças do Festival Astroworld, Samuel e Jackson Bush processam Travis Scott e outras empresas por falta de preparação dos funcionários e danos físicos
Ethan Millman | Rolling Stone EUA. Tradução: Marina Sakai (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 23/11/2021, às 20h45 - Atualizado em 28/11/2021, às 16h30
Dois guardas de segurança que trabalharam no Festival Astroworld, de Travis Scott, em Houston, no Texas (EUA), iniciaram processos duas semanas depois que um tumulto na multidão da plateia dos shows matou 10 pessoas e feriu outras centenas, incluindo os funcionários.
Samuel e Jackson Bush, respectivamente tio e sobrinho que trabalharam no festival em 5 de novembro, afirmaram a repórteres durante uma coletiva de imprensa nesta segunda, 22, que ambos acabaram lesionados ao tentar ajudar espectadores do show durante o tumulto na multidão. Samuel, que diz ter sido pisoteado múltiplas vezes, quebrou a mão e machucou as costas, enquanto Jackson feriu o ombro.
Os dois mencionaram 28 pessoas e corporações no processo, incluindo Travis Scott e sua gravadora Cactus Jack Records, empresas promotoras do Astroworld Live Nation e ScoreMore, o local do festival NRG Park, e as companhias de segurança Contemporary Services Corp e AJ Melino & Associates, a última responsável por contratar os guardas. Samuel e Jackson Bush alegam que AJ Melino & Associates tomou pouquíssimas medidas para preparar seus funcionários para o caos que aconteceu.
A ação alega que a empresa não realizou verificações de antecedentes para garantir que os guardas eram qualificados para a tarefa e não forneceu nenhum treinamento para realizar seus trabalhos. Supostamente não receberam walkie-talkies e não puderam se comunicar com seus superiores quando o aumento da multidão começou. Jackson Bush diz que não receberam nenhuma instrução antes de começar, a não ser para comparecer ao local do show vestido de preto.
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“Basicamente, nos disseram onde ficar, para não deixar as pessoas entrarem e para ficarmos seguros e não colocar as mãos em ninguém,” disse Jackson Bush durante uma entrevista coletiva. “Não houve treinamento.”
Os dois também dizem que a empresa ainda lhes deve dinheiro pelo trabalho no festival. AJ Melino & Associates não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da Rolling Stone EUA. “Você pensaria que seria necessário mais do que assinar seu nome,” disse o advogado dos Bushes, Larry Taylor. "Foi tão simples quanto você e eu andarmos do outro lado deste portão.”
A ação é uma das centenas movidas por espectadores do Astroworld que dizem que o evento os deixou com ferimentos e traumas psicológicos. A Live Nation e Travis Scott foram citados em vários processos, totalizando bilhões de dólares em danos potenciais.
— TRAVIS SCOTT (@trvisXX) November 6, 2021
Os Bushes não são os primeiros seguranças a dizer publicamente que sentem que as empresas de segurança não os prepararam o suficiente para lidar com o evento. Darius Williams, trabalhador de segurança contratado pela Contemporary Services Corporation, disse à Rolling Stone que sentiu que a empresa se apressou em conseguir funcionários sem garantir que eles estivessem qualificados e preparados para o evento.
Ele deixou seu posto antes que Travis Scott se apresentasse, temendo pela própria segurança. “Se você olhar meu currículo, tenho apenas experiência em hotelaria e vendas,” disse Williams. “Parecia que eles apenas precisavam de corpos, como se estivessem contratando qualquer um que passasse em um teste de antecedentes.”
Uma criança de nove anos morreu após ficar cinco dias em coma induzido por conta do incidente no festival de música Astroworld, do rapper Travis Scott. De acordo com BBC, familiares de Ezra Blount confirmaram a morte do garoto no último domingo, 14 de novembro.
Blount estava no ombro dos pais quando o tumulto começou e o público começou a se esmagar. Nesse momento, o pai desmaiou e ao acordar não encontrou mais o filho. Após uma busca, a família o localizou em um hospital infantil.