Filho de John Lennon revelou ter sentimentos um pouco confusos em relação à música criada por Paul McCartney para confortá-lo na infância
Publicado em 16/02/2024, às 10h30
Quem não adoraria ser tema de uma música feita por uma banda como os Beatles? Julian Lennon é uma das poucas pessoas no planeta a ter esse privilégio, afinal de contas, foi ele quem inspirou a criação de “Hey Jude”.
Lançada como single em 26 de agosto de 1968, a canção se tornou um dos maiores hits do Fab Four de Liverpool. Foi criada por Paul McCartney para confortar o então garoto, triste pela separação de seus pais, John Lennon e Cynthia Powell. Como resultado, chegou ao topo das paradas de vários países e foi o compacto mais vendido do ano nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália.
Porém, curiosamente, Julian tem sentimentos mistos em relação à música. Em entrevista à Esquire, ele relembrou que a composição se chamava “Hey Jules” inicialmente e reconheceu a boa intenção de Paul por trás, mas também admitiu ter ficado “maluco” por conta disso.
“É um sentimento lindo, sem dúvida, e fico muito grato. Mas também fiquei louco por causa disso. Adoro o fato de ele ter escrito uma música sobre mim e para minha mãe, mas dependendo de que lado da cama a pessoa acordou e de onde você a ouve, pode ser uma coisa boa ou um pouco frustrante.”
Apesar disso, o filho de John evita qualquer crítica à música.
“Do fundo do meu coração, não há uma palavra ruim que eu possa dizer sobre isso.”
Ainda durante a entrevista, Julian Lennon classificou como “pertinente” a letra de “Hey Jude” e refletiu sobre ter seguido os passos do pai ao tornar-se músico. Na ativa desde a década de 1980, ele tem sete discos lançados — o mais recente, Jude, saiu em setembro de 2022.
“A letra de ‘Hey Jude’ é pertinente até hoje. O objetivo é tornar a vida melhor e tirar o peso dos ombros, especialmente no caminho que segui como músico — seguir meu pai. É tipo: ‘O que você é, louco? Por que você faria isso?’. Escolhi o caminho mais difícil possível na humanidade.”
Por fim, Julian comentou sobre como a longa e sinuosa jornada na música o levou a seguir outros sonhos. Hoje com 60 anos de idade, o músico também se encontra feliz trabalhando com fotografia.
“É por isso que, depois de trinta anos fazendo música, senti que era hora de seguir alguns outros sonhos que tinha. Fotografia e uma série de outras coisas. A música sempre estará no meu sangue e isso se deve em parte ao meu pai e em parte aos Beatles, especialmente depois de ter assistido Get Back.”
Em outra entrevista, à SiriusXM (via site Igor Miranda), o filho de John Lennon definiu sua relação com “Hey Jude” como sendo “de amor e ódio”.
“É amor e ódio ao mesmo tempo. Sou grato a Paul por criá-la e colocar alguma esperança por trás do que estava por vir. A desvantagem é que se trata de um lembrete sombrio do que realmente aconteceu naquela época, no caso, a separação. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, exceto que passei a notar a presença de Yoko (Ono). Obviamente, causou um grande impacto em mim. Tinha momentos de fúria, gritava de raiva. Ainda bem que isso ficou no passado.”
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.