Vocalista, que tem história com duas das três bandas, exaltou a relevância da “trindade maldita” do rock
Publicado em 11/11/2024, às 08h00
Há três bandas da Inglaterra, surgidas mais ou menos no mesmo período — fim da década de 1960 —, que são consideradas fundamentais para o desenvolvimento do heavy metal como o conhecemos. São elas: Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin.
Ian Gillan tem uma história próxima com duas delas. Ele se consagrou mundialmente como o vocalista do Purple, gravando álbuns clássicos como Machine Head (1972), Fireball (1971), In Rock (1970) e Perfect Strangers (1984). Todavia, ele também fez parte do Black Sabbath na primeira metade da década de 1980, registrando o disco Born Again (1983).
Dentre as três bandas mencionadas, qual seria a mais importante para a música? Em entrevista ao The Sun (via site Igor Miranda), Gillan acabou oferecendo uma resposta pessoal para essa pergunta. Como era de se esperar, o artista de 79 anos não promoveu uma espécie de “autobajulação”: sua escolha não foi o Deep Purple.
Antes, ele refletiu sobre como os três grupos formaram uma espécie de “trindade maldita” da música pesada.
Assim como ‘sexo, drogas e rock and roll’, a ‘trindade maldita’ foi criada inteiramente por nossos bons amigos, os jornalistas de música. Nós os conhecíamos, bebíamos com eles e eles colocavam em palavras o que todos estavam fazendo: algo distintivo e identificável.”
Ao destacar, enfim, a banda mais importante entre as três, Ian exaltou o trabalho de um dos integrantes em especial. Ele disse:
Até certo ponto, o Sabbath era o mais importante porque sem eles, não haveria Seattle (cidade onde nasceu o movimento grunge) ou o heavy metal. O que Tony (Iommi, guitarrista do Black Sabbath) estava fazendo naqueles primeiros dias era incrível. Era tão poderoso.”
Isso não reduz, claro, o peso dos outros dois grupos. O cantor diz:
As três bandas fizeram algo que nunca havia sido feito até então. Elas estavam colocando em ação todas as coisas que outros artistas estavam construindo nos 10 anos anteriores.”
Ainda ao The Sun, Ian Gillan refletiu sobre como — e quando — a música mudou sua vida. O cantor destacou a importância do rádio para a sua formação artística, ainda mais em um período onde não havia, de certo modo, muita opção de “música jovem”.
O rádio da família era conectado na parede e controlado pelos seus pais, mas de repente tínhamos uma coisinha (rádio portátil) que você podia colocar no bolso e levar para o parque ou para a praia. Não eram seus pais decidindo que você deveria ouvir Frank Sinatra, foi você mesmo pensando que poderia ouvir Little Richard. Isso teve um efeito cascata para crianças com pensamentos selvagens.”
Gillan cresceu em uma família musical. Seus pais não trabalhavam na área, mas adoravam música — o pai dele havia sido cantor de ópera e tanto ele quanto a mãe tocavam piano.
Meu avô cantava ópera, meu tio era pianista de jazz e eu era um menino soprano no coral da igreja. Mas quando ouvi Elvis Presley cantando ‘Heartbreak Hotel’, tudo mudou. Entrei em bandas de blues e depois estava com um grupo de harmonias pop chamado Episode Six. Tínhamos cerca de 12 singles. Éramos muito bons, não poderosos instrumentalmente, mas adequados.”
Nessa época, Ian se juntou ao DeepPurple. Com a banda, fez história ao lançar álbuns definitivos da música pesada e ainda excursionar pelo mundo — com várias passagens pelo Brasil, em uma carreira que ultrapassa a marca dos 60 anos.
+++LEIA MAIS: Quando o Black Sabbath era “obrigado” a tocar “Smoke on the Water”, do Deep Purple
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Desde 2007 escreve sobre música, com foco em rock e heavy metal. Colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022, mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram, X/Twitter, Facebook, Threads, Bluesky, YouTube: @igormirandasite.