Jordan Fish e Lee Malia descreveram sonoridade do próximo projeto do Bring Me The Horizon, deram palpites para Copa do Mundo e refletiram sobre 10 anos do Sempiternal
Publicado em 15/12/2022, às 19h00
Fechando a temporada de grandes festivais internacionais, o Knotfest acontece no próximo domingo, 18. Em sua primeira edição no Brasil, o festival do Slipknot causou polêmica com a escalação do Pantera, mas também acertou ao trazer Bring Me The Horizon - primeira vez da banda no país desde 2019.
De lá para cá foram dois projetos lançados: o experimental Music to Listen To… (2019) e o pesado Post Human: Survival Horror (2020), além de singles do próximo disco - uma continuação de Post Human. São muitas composições em um período curto, o que não parece anormal para o tecladista Jordan Fish e o guitarrista Lee Malia.
“É apenas o que nós fazemos,” Malia afirmou em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil. “Continuamos a fazer novas músicas porque temos novas ideias. Antigamente, escrevíamos um disco, fazíamos turnê por alguns anos e escrevíamos outro disco. Mas, hoje em dia, as pessoas consomem música de uma forma diferente, então precisamos continuar a criar música,” completou sobre as preocupações com o mercado.
Embora a forma de consumo seja relevante para a dinâmica comercial, grupo não tem como prioridade agradar a todos, nem mesmo os fãs mais antigos. Desde That’s The Spirit (2015), Bring Me The Horizon não hesitou em incluir sintetizadores como elementos centrais de suas composições, prática que atingiu o ápice com Amo (2019). “É a primeira vez que posso dizer que não ligo genuinamente,” Fish declarou. “Você não é obrigado a ouvir se não gostar. Há várias pessoas que gostam do que fazemos agora e das músicas antigas também. Em festivais, quando o público novo entra em contato com os projetos novos, acabam indo atrás das coisas velhas também,” Malia completou.
Com pouco a provar, sequência de Post Human deve contar com elementos do emo, cena que influenciou primeiros discos da banda. As temáticas retratam lado mais sombrio da vida do vocalista Oliver Sykes, que se deparou com demônios do passado durante período de reclusão na pandemia. Segundo Jordan, “é sobre a condição humana.”
Nos sons, assunto sobre o qual os entrevistados possuem mais propriedade para falar, mencionaram as linguagens do post-hardcore e o revival dos anos 2000 que mobiliza a indústria musical. “É mais do que apenas emo. Tem sons dos anos 2000, mas tentamos deixar mais moderno,” explicou Lee, enquanto o tecladista prometeu: “Vai surpreender as pessoas de alguma forma.”
Apesar de diversas parcerias na primeira parte do projeto, como Babymetal, Yungblud e Amy Lee, banda não definiu se haverá colaborações nas novas faixas e preferiram manter a data de estreia em segredo.
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Além de novos projetos, Bring Me The Horizon celebra os 10 anos de Sempiternal, disco que os alçou a um novo patamar de popularidade. Faixas como “Can You Feel My Heart” ganharam vida própria e continuam virais na internet uma década após seu lançamento. Embora as dimensões tenham mudado drasticamente, para Jordan Fish e Lee Malia, dinâmica da banda permanece a mesma.
“Ainda somos os mesmos. Ao fazer música, buscamos territórios novos, deixar as coisas mais interessantes. Sempiternal levou isso a outro nível, e é o que tentamos fazer,” Malia explicou. “Com certeza tudo ficou maior, mas ainda somos os mesmos. Todo mundo ainda é normal. A forma que escrevemos e as ambições não mudaram. Talvez estejamos mais confiantes, por exemplo, ao trabalhar com outras pessoas, mas voltamos ao ponto inicial. Nem sempre tentamos escrever grandes composições” completou o colega.
Bring Me The Horizon é, talvez, uma das bandas mais pop do line-up do Knotfest, que conta com Slipknot, Judas Priest, Pantera, Mr Bungle, Trivium e mais. Apesar de sonoridades levemente distintas, no entanto, parte dos músicos presentes serviu de inspiração para os discos do grupo. Judas Priest é uma das influências de Malia, conforme Jordan revelou. A turnê de homenagem aos 50 anos de carreira pode ser uma boa oportunidade para assistirem os ídolos.
Pantera, do frontman Phil Anselmo (acusado inúmeras vezes de atos racistas, além de fazer saudação nazista gritando “white power” em 2016), também foi mencionada entre artistas que os artistas gostariam de assistir. Disposição dos palcos e horário, no entanto, não possibilita, como tocam um após o outro, em locais diferentes.
O festival será realizado no Anhembi, no mesmo dia da final da Copa do Mundo. Um telão deve ser disponibilizado para a transmissão da partida entre Argentina e França. Durante a entrevista realizada antes das quartas de final - fase na qual o Brasil foi eliminado para a Croácia e a Inglaterra para a França -, os britânicos Malia e Fish demonstraram confiança na seleção inglesa. Eles definiram que a final poderia ser com o Brasil: “Inglaterra não será eliminada. It's fuckin* coming home [expressão utilizada na música “Three Lions” sobre a volta do futebol para a terra onde foi criado com o título da Copa],” brincou o tecladista. “Seria incrível uma final entre Inglaterra e Brasil enquanto estivermos aí”, completou.
Apesar da falta de sorte nos esportes para as duas seleções, integrantes demonstraram ansiedade para retornar ao país - com o qual o vocalista Oliver possui suas relações mais estreitas. “Estamos ansiosos para ver todos no Brasil novamente. Será enérgico. Oli provavelmente vai falar algumas palavras em português,” Jordan afirmou. O músico ainda relembrou palavrão aprendido pelo colega em tom de brincadeira: “Em nosso último show no Brasil, ele ficava falando algo… put*!”
Tanto para show no Knotfest, como para shows no Rio de Janeiro (com Slipknot) e em São Paulo, público pode esperar o mesmo peso nas guitarras e receptividade de sempre do Bring Me The Horizon, prometeram.