Muito se fala sobre como o Aborto Elétrico 'deu origem' ao Capital Inicial, mas a relação entre as bandas vai além da formação
O movimento que fez nascer a vida cultural brasiliense começou quando Renato Russo juntou-se ao guitarrista André Pretorius e ao baterista Fê Lemos e fundou o trio punk Aborto Elétrico. Pretorius deixou a banda logo no início e Renato foi para a guitarra, cabendo ao irmão do baterista, Flavio, assumir o baixo no grupo, que logo se tornou uma pequena sensação local. Quando Renato saiu da banda, os irmãos Lemos chamaram o guitarrista Loro Jones e a vocalista Heloísa Helena para compor um novo projeto, batizado de Capital Inicial. A cantora não durou muito tempo, e o grupo escolheu para a função um dos fãs de primeira hora do Aborto Elétrico, além de amigo pessoal de Renato Russo: Dinho Ouro Preto.
Dinho sentiu-se à vontade para pedir ao grupo reviver músicas do trio original que Renato não cantava mais em sua nova banda, o Legião Urbana – além de pedir para Renato terminar uma das músicas que mais gostava. E foi justamente “Música Urbana” que transformou o Capital Inicial no segundo nome a despontar em Brasília. Além desta, o primeiro álbum, batizado com o nome da banda, trouxe a balada pós-punk “Fátima” e o punk cru “Veraneio Vascaína” (que havia sido proibida nas rádios pela censura que ainda vigorava no país).
Todas faziam parte do repertório do Aborto Elétrico, mas canções como “Psicopata”, “Tudo Mal”, “Leve Desespero” e “Linhas Cruzadas” mostravam que o grupo tinha potencial para ir além das faixas de Renato, embora a influência do líder do Legião Urbana continuasse rondando a carreira do grupo – até hoje.
Destaques do disco incluem “Música Urbana”, “Leve Desespero” e “Fátima”.
Ouça abaixo Capital Inicialcompleto.
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