Casal de músicos deixa Cradle of Filth alegando baixa remuneração após show em SP
Tecladista e cantora Zoë Marie Federoff saiu do grupo, enquanto seu marido, o guitarrista Marek “Ashok” Smerda, foi demitido; ambos fizeram críticas públicas
Daniel Kreps e Igor Miranda
Dois membros do Cradle of Filth, longeva banda de metal extremo formada na Inglaterra, deixaram o grupo abruptamente em meio à sua turnê atual pela América Latina. Ambos alegam baixa remuneração, “comportamento pouco profissional” e uma colaboração “tola” com Ed Sheeran.
A tecladista e vocalista Zoë M. Federoff, integrante desde 2022, anunciou sua saída da banda no domingo, 24, logo após um show em São Paulo, no dia anterior. Ela antecipou que seu marido, o guitarrista e membro desde 2014 Marek “Ashok” Smerda, deixaria o grupo após o fim da excursão latino-americana — iniciada semana passada no Brasil e prevista para durar até o fim de setembro, com passagens por Argentina (país onde Ashok tocou com os ex-colegas pela última vez), Uruguai, Chile, Peru, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador, Guatemala e México.
Ao todo, são mais de 20 shows no continente. Todos eles estão mantidos, de acordo com o vocalista e líder Dani Filth, que também se manifestou sobre o caso e, ainda na terça-feira, 26, demitiu Ashok após ele ter confirmado a intenção de sair e reiterado críticas de sua esposa ao cantor e seus empresários.

Embora os fãs inicialmente especulassem que uma ruptura no casamento de Federoff e Smerda fosse a culpada por suas saídas repentinas, Federoff esclareceu nas redes sociais:
“Ashok não está me traindo. Embora a turbulência de estar na banda tenha nos afetado, continuamos certos de que nos amamos. Por favor, sejam gentis com meu marido. Ele é um bom homem. Já estávamos planejando deixar a banda ainda este ano. Certos eventos aceleraram isso para mim.”
Em outra ácida publicação nas redes (via site Igor Miranda), Federoff expôs o contrato ao qual ela e Ashok teriam de assinar para permanecer. O acordo oferecia o primeiro aumento em 7 anos de trabalho, segundo ela, e estabelecia os seguintes valores:
- 200 libras (cerca de R$ 1,4 mil) por dia de trabalho com a banda (estúdio, show, ensaio ou qualquer outra atividade);
- 150 libras (cerca de R$ 1 mil) por dia de viagem;
- 25 libras (R$ 183) de diária fixa pela exclusividade;
- 1.000 libras (R$ 7,3 mil) anuais por direito de imagem.
Federoff declarou:
“Saímos porque estávamos sendo usados e recebendo menos do que o custo de vida, o ambiente é tóxico e ameaçador, e o preço que isso estava tendo em nossas vidas e em nosso casamento ficou grande demais. O impacto em nossa saúde me levou a ter um aborto de nossa primeira gravidez em turnê. Escolhemos sair para nos salvar e criar um futuro melhor para nossa família. […] Todos nós conhecemos o cara que diz que ‘todas’ as suas ex são loucas – tem certeza que TODAS elas são? Ou o problema pode ser você, mais de 40 pessoas depois [nota: em referência às várias mudanças de formação da banda ao longo das décadas]?”
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Dani Filth emitiu um comunicado sobre a demissão de Ashok “com efeito imediato”, após o guitarrista ter dito inicialmente aos fãs que deixaria o grupo após a atual turnê sul-americana. O músico contratado — e agora dispensado — declarou:
“Simplesmente não sentimos que o Cradle possa garantir o nosso futuro e, na verdade, o atrapalha. Entre outros motivos, é muito trabalho para um salário relativamente baixo, o estresse é bastante alto e já faz algum tempo que não sentimos que esta banda realmente prioriza/se importa com os membros. Foram anos de comportamento antiprofissional de pessoas acima de nós que nos levaram à nossa decisão.”
Parceria com Ed Sheeran não deve sair
Ashok ainda citou um rumor de anos relacionado a uma parceria entre Cradle of Filth e Ed Sheeran, cantor pop inglês que afirma adorar o grupo de metal extremo. Dani Filth disse no início deste ano que a faixa colaborativa estava gravada, mas ela não apareceu em seu novo álbum, The Screaming of the Valkyries.
O guitarrista disse:
“Também pedi que todas as minhas composições fossem removidas dos próximos lançamentos, incluindo a colaboração com Ed Sheeran. Essa música me parece uma palhaçada boba para mim neste momento — primeiro foi um single beneficente para crianças, depois um single com fins lucrativos, depois entraria no próximo álbum, e agora, quem sabe o que será? Simplesmente não quero mais me envolver, sem desrespeitar Ed Sheeran.”
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Continuidade do Cradle of Filth
A saída dos dois membros coincidiu com a turnê latino-americana da banda, que continua conforme o planejado. Zoë Marie Federoff deu lugar a Kelsey Peters, enquanto Ashok não será substituído no momento — o guitarrista Donny Burbage será o único no instrumento. Dani Filth afirma:
“Apesar de todas as tentativas de difamar e inviabilizar ilegalmente a banda, o CRADLE OF FILTH NÃO cancelará nenhum de nossos shows na América do Sul, embora os fãs tenham que tolerar o fato de sermos uma banda com apenas um guitarrista ao vivo, isso é claro, até que o substituto temporário de Ashok chegue para se juntar à turnê em alguns dias.”
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