Chitãozinho e Xororó falaram sobre os contratos diretos feitos entre prefeituras e artistas, que tiram dinheiro dos caixas públicos
Chitãozinho e Xororó são um dos maiores símbolos do sertanejo no Brasil. A dupla de irmãos foi uma das responsáveis a influenciar a profissionalização do sertanejo na segunda metade dos anos 1980, após exigirem equipamentos de som e estruturas melhores, e apoio financeiro para investir para viajar com banda pelo Brasil afora.
Sidney Magal e RPM também anteciparam o sucesso das duplas Leandro & Leonardo e Zezé di Camargo & Luciano, já na virada da década seguinte, marcando a exposição crescente do gênero na TV, com o especial Amigos (1995), primeira apresentação de sertanejo exibida em canais abertos e a expansão de apresentações para plateias do Nordeste.
Com mais de 50 anos de pioneirismo e inspiração para o gênero musical no Brasil, Chitãozinho e Xororó conversaram com a Folha Ilustrada sobre os anos iniciais da carreira, o público apaixonado que permeia gerações e valores de cachês pagos por prefeituras e órgãos públicos para artistas que se apresentam em shows municipais pelo Brasil.
Ao contrário de artistas que estrelaram na indústria pelos últimos dez anos, como Gustavo Lima e Zé Neto & Cristiano, que se tornaram alvo de notícias pelo cachê que ultrapassava R$ 1 milhão, Chitãozinho e Xororó afirmam achar injustos receberem cachês milionários. À época, a polêmica incentivou a abertura de investigações de contratos supostamente não licitados com valores milionários por parte do Ministério Público.
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O fato acabou respingando em uma série de artistas da indústria sertaneja. Com a investigação, foi descoberto que os contratos feitos entre prefeituras e artistas seriam feitos por meio de contratação direta e sem concorrência, tirando dinheiro do caixa das cidades para pagamento de cachês aos artistas.
Na entrevista, Xororó afirmou que a política 'não tem cabimento'. Confira o trecho da entrevista abaixo:
As coisas tem que ser às claras. Não tem lógica, não tem cabimento nem o prefeito fazer isso nem o artista receber, mas cada um é cada um. A gente se preocupa muito com isso. Estamos aqui há mais de 50 anos e não é a toa.