Com show especial, homenageou ícone do BRock e conectou passado e presente do festival; mãe de Cazuza participou do show
Foi com o olhar no futuro que
Cazuza resumiu seu set naquele 15 de janeiro de 1985. "Que o dia nasça lindo para todo mundo amanhã. Com um Brasil novo, com uma rapaziada esperta", disse ele, na hoje icônica apresentação com o Barão Vermelho no
Rock in Rio. O Brasil era outro. O festival também. Mas algo de certeiro naquelas palavras encontrou paralelo com uma apresentação dessa sexta-feira (9), no set de
Jão, capa digital da
Rolling Stone Brasil.
Em uma homenagem acertada ao saudoso veterano do rock brasileiro, Jão inovou seu show no entardecer do palco Sunset. Acompanhado de uma orquestra de mais de 20 músicos e com particiáção de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, o cantor selecionou alguns dos sucessos do artista com arranjos exclusivamente criados para o festival. O resultado foi uma homenagem que espelhou a experiência da primeira edição do festival, nos anos 1980 - com adição de faixas da carreira solo de Cazuza.
A homenagem começou no início de "Acontece", quando imagens do rockstar brasileiro foram exibidas no telão no fundo do palco. Em seguida, cantou os famosos versos "Essa eu fiz pra toda letra do Cazuza/Que eu decorei porque 'cê disse que gostava", de "Essa Eu Fiz Pro Nosso Amor". Nesse momento, a orquestra entrou e Jão emulou Cazuza com "Exagerado".
Na sequência, do alto de um palco móvel, cantou sua versão orquestrada para "Codinome Beija-Flor". Com força, emulou Cazuza no fim da carreira em "O Tempo Não Para". De volta ao solo, cantou "Pro Dia Nascer Feliz" - música que encerrou o set original do Barão Vermelho em 1985.
De volta a seu set, Jão emendou sucessos como "Imaturo" e "Coringa", antes de um interlúdio das backing vocals com "Respect", de Aretha Franklin, e do encerramento com a dobradinha de hits "Meninos e Meninas" e "Idiota".
"Eu espero que hoje vocês se sintam muito seguros e confortáveis para ser quem vocês são hoje. Livres!", disse Jão.
Apesar de compreender apenas um trecho do show - que pega carona no sucesso da esgotadíssima turnê Pirata -, a homenagem foi o que definiu a apresentação. A seleção de músicas, inteligente, foi inspirada em grande parte pelo show histórico, quando Cazuza vivia seus melhores - e últimos - dias como frontman do Barão Vermelho, antes de abandonar o grupo em julho daquele ano para seguir carreira solo.
Apesar de não ter ídolos ("nunca tive uma pessoa que dormi na fila para assistir um show"), Jão já declarou inspiração em Cazuza para seus shows. Além de cantar "O Tempo Não Para" em seus shows, Jão já recebeu a visita de Lucinha Araújo, mãe de Cazuza em uma apresentação, que lhe teria dado uma letra inédita do filho.
Cenografia e palco
Jão não é exatamente estranho a grandes momentos no palco. Pirata, sua turnê atual, tem boa dose de performances e interpretações que excedem a música. Em um momento, Jão senta à mesa com sua banda. Em outro, um ponto alto, faz chover no show. "Pra mim, quanto mais cafona, mais legal", revelou ele à reportagem da Rolling Stone Brasil.
Para o Rock in Rio, o cantor repensou todo seu palco - em vez do navio no centro do palco, ou mesmo do infame polvo azul que usou no Lollapalooza, ele preparou uma enorme boca de tubarão - ainda na temática náutica de Pirata.
Segundo Jão, esse show é a expressão de um lado mais extrovertido de sua personalidade, a "projeção de alguém que eu queria alcançar a ser".
Confira o setist completo do show de Jão no Rock in Rio
"Santo"
"Vou Morrer Sozinho"
"A Rua"
"Me Beija Com Raiva"
"Não Te Amo"
"Essa Eu Fiz pro Nosso Amor"
"Exagerado"
"Codinome Beija-Flor"
"O Tempo Não Para"
"Imaturo"
"Coringa"
"Respect"
"Meninos e Meninas"
"Idiota"